“Estamos exportando mais café do que celulose", diz secretário da Agricultura
As exportações do produto do Espírito Santo para a União Europeia registraram um crescimento recorde em 2024, atingindo 2,3 milhões de sacas exportadas
O café se tornou indiscutivelmente o produto capixaba de maior importância no mercado externo. Afinal, os grãos torrados e moídos produzidos no Espírito Santo se tornaram o carro-chefe de exportações para as nações que compõem a União Europeia.
As exportações de café chegam a inclusive superar as vendas de celulose, que foi por anos o produto capixaba de maior relevância em negociações internacionais, segundo o secretário de Agricultura do Estado do Espírito Santo, Ênio Bergoli, durante Seminário do Café - Encontro Regional, que aconteceu na quinta-feira (12), em Vitória.
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De acordo com Bergoli, os bons resultados ocorrem devido ao o Programa de Desenvolvimento Sustentável da Cafeicultura do Espírito Santo, inédito no país.
O secretário afirma que o programa ajuda a acender o sinal verde do mercado externo, por se tratar de um produto "mais sustentável", uma exigência no exterior.
“Estamos exportando mais café do que celulose. Há uma exigência global para um café sustentável. Estamos seguros com as exigências europeias. Essa atenção à sustentabilidade não tem nada a ver com ideologia. O mercado requer essa postura e, assim, criamos o nosso programa”, disse.
Recorde de exportação para a União Europeia
As exportações de café do Espírito Santo para a União Europeia registraram um crescimento recorde em 2024, atingindo 2,3 milhões de sacas de café exportadas no acumulado do ano.
O volume, que inclui café cru em grãos, solúvel e torrado/moído, representa um aumento significativo em comparação às 316,6 mil sacas exportadas no mesmo período de 2023.
Esse desempenho reflete uma ampliação da demanda europeia pelos cafés capixabas, consolidando o bloco como um dos principais destinos para o produto do Estado.
A União Europeia, que representava 15,6% das exportações de café do Espírito Santo nos primeiros sete meses de 2023, passou a responder por 42,7% no mesmo período de 2024.
Em termos financeiros, o valor gerado pelas exportações para a Europa saltou de US$ 57,9 milhões para US$ 442,7 milhões, um aumento de quase oito vezes.
Gôndola Certificada
O encontro ocorreu na sede da Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes), e foi organizado pela a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) em parceria com o Sindicato do Comércio de Café em Geral do Estado do Espírito Santo (Sincafé).
O objetivo do evento era discutir tendências para o fortalecimento da comunidade cafeeira do Espírito Santo.
Nova exposição de cafés em gôndolas de supermercados
Dentre as medidas, houve a assinatura do termo de compromisso para a criação do Programa Gôndola Certificada, que traz uma nova proposta para a exposição de cafés em gôndolas de supermercados.
No lugar de divisões por marca, estariam as divisões por categorias, estilos e atributos, sinalizando se os produtos disponíveis se encaixam como Tradicional, Extraforte, Superior, Gourmet ou Especial, com a exibição das características sensoriais de cada um, o que segundo o Sincafé, ajudaria os compradores em suas escolhas.
Outro objetivo da Gôndola Certificada é estreitar as relações com o setor supermercadista, um dos principais canais de distribuição de café.
Dessa forma, é possível apresentar o cadastro positivo de marcas certificadas e em conformidade com a legislação, para uma seleção consciente de seus fornecedores.
A assinatura contou com a presença além da Abic, Sincafé e Secretaria de Agricultura, com a Associação Capixaba de Supermercados (Acaps).
O presidente da Abic, Pavel Cardoso, afirmou que o programa é fundamental para um ambiente regulamentado.
“A Gôndola Certificada premia os varejistas que dão valor ao café de qualidade. Os cafés serão entendidos e compreendidos por atributos sensoriais, onde todo e qualquer consumidor será atendido conforme o seu paladar e preferência pessoal”, afirmou.
Mudança será feita aos poucos
Apesar da assinatura do termo, a Abic informou que o prazo para a adesão das marcas ao novo modelo de gôndolas ainda é indeterminado, mas as marcas que quiserem aderir já podem começar.
Segundo a Abic, será um processo educacional, esforços das instituições participantes para colocarem em prática a Gôndola Certificada.