Desafios e oportunidades da Web3 no sistema bancário
O DREX busca modernizar o sistema financeiro, oferecendo transações mais rápidas e seguras, integradas com criptomoedas, sob a supervisão do Banco Central
*Artigo escrito por Gil Andriani, CEO, fundador da IaCrypto e Membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Inovação e Tecnologia do IBEF-ES.
A Web3, ou terceira geração da internet, representa um ecossistema digital mais descentralizado e transparente.
Baseada em blockchain, uma tecnologia que permite a criação de registros digitais imutáveis e compartilhados, a Web3 transforma o controle sobre dados e transações financeiras, contrastando com o sistema bancário tradicional, que depende de intermediários centralizados como os bancos.
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As finanças descentralizadas (DeFi), um componente central da Web3, possibilitam empréstimos e trocas de ativos diretamente entre usuários, sem a intermediação de bancos.
Isso reduz custos, aumenta a eficiência e remove barreiras de entrada para aqueles que não possuem acesso a serviços bancários convencionais.
Em contraste, o sistema bancário tradicional caracteriza-se por taxas elevadas e processos burocráticos que frequentemente excluem grandes populações do mercado financeiro.
Organizações autônomas descentralizadas (DAOs), integradas com smart contracts, também desempenham um papel fundamental na Web3. DAOs utilizam contratos inteligentes para automatizar e regular processos de governança e operações comerciais.
Por exemplo, um DAO pode gerenciar um fundo de investimento coletivo, no qual as decisões de alocação de recursos são tomadas automaticamente com base em votações dos membros, sem necessidade de uma autoridade central.
Em contraste com o sistema tradicional, em que contratos exigem supervisão e execução manual, os contratos inteligentes executam automaticamente os termos quando condições predefinidas são atendidas, acelerando transações e diminuindo riscos de erros ou fraudes.
Imagine uma compra online: um contrato inteligente pode liberar automaticamente o pagamento ao vendedor assim que a entrega do produto for confirmada pelo comprador.
Essa automação reduz a necessidade de intermediários, simplifica a logística e diminui os custos, algo que o sistema bancário tradicional ainda não alcançou.
No entanto, a Web3 enfrenta desafios como a escalabilidade das redes blockchain, que apresentam transações mais lentas e caras em comparação com sistemas bancários otimizados.
Além disso, a falta de regulamentação clara pode resultar em fraudes e volatilidade extrema, afetando a confiança de investidores tradicionais.
Em contrapartida, a segurança e a confiança do sistema bancário são garantidas por regulações rigorosas, embora isso limite a flexibilidade e a inovação.
No Brasil, o DREX (Real Digital) exemplifica uma ponte entre a Web3 e o sistema bancário tradicional.
O DREX busca modernizar o sistema financeiro, oferecendo transações mais rápidas e seguras, integradas com criptomoedas, sob a supervisão do Banco Central.
Essa inovação representa um meio-termo valioso, unindo a eficiência de uma infraestrutura moderna com a segurança do sistema bancário tradicional, preparando o terreno para uma adoção mais ampla das tecnologias Web3.
Em resumo, a Web3 propõe um futuro financeiro mais inclusivo e eficiente, superando limitações do sistema bancário tradicional.
A integração de DAOs e smart contracts nos modelos de negócios permite um comércio mais ágil e seguro, transformando a interação com serviços financeiros.
Contudo, superar desafios de escalabilidade e regulamentação será essencial para realizar plenamente o potencial dessa nova era digital.
*Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo