Americo Buaiz Filho: "Uma empresa completar 80 anos no Brasil não é fácil"
Presidente do Grupo Buaiz celebra oito décadas da Buaiz Alimentos, anuncia novidades e reforça tradição familiar com desejo permanente de inovação e busca de qualidade
Referência no Espírito Santo na fabricação de farinha de trigo, café e mistura para bolos, a Buaiz Alimentos completa 80 anos nesta quarta-feira (27). A empresa, que começou como uma fábrica de processamento de farinha de trigo, cresceu nessas oito décadas e ampliou sua atuação para outras áreas de negócios.
Além do setor de produção de produtos alimentícios, o nome Buaiz se destaca no segmento de shopping center, comunicação, educação, ramo imobiliário. Em entrevista ao Folha Vitória, o presidente do Grupo Buaiz, Americo Buaiz Filho, elenca as conquistas e lança o olhar para o futuro, com anúncio de diferentes projetos, que vão focar em eficiência, produtividade, modernização das estruturas, além de investimentos em novas áreas para futuras expansões.
"O grupo tem atuação em áreas distintas. Não necessariamente com sinergia entre si, mas busca corresponder em cada área que atua aquilo que o nosso cliente, nosso consumidor mais exige, que é a qualidade, além da nossa tradição", sintetiza o empresário.
O Grupo Buaiz foi fundado em 1941 por Américo Buaiz (falecido em 1999) e se ramifica em seis pilares: Buaiz Alimentos, Rede Vitória, Shopping Vitória, Nova Cidade Empreendimentos, Instituto Américo Buaiz e a Escola Americana de Vitória.
Também se prepara para acrescentar mais um braço: a HUGB, que tratará de inovação, dentro do conceito moderno de ambiente para desenvolvimento de startups.
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Buaiz pontuou as novidades de cada segmento e o que pretende fazer para que o grupo continue a ser uma referência de excelência e de memória afetiva no Espírito Santo. Veja a entrevista abaixo:
É possível conceituar o que representam estas oito décadas para a família Buaiz e para os capixabas de forma geral?
Oitenta anos é uma data rara e merece comemoração. É rara por três motivos. Primeiro, completar 80 anos no Brasil não é algo fácil. Há uma estatística de que 50% das empresas morrem antes mesmo de completar cinco anos de existência. O segundo motivo é por ser uma empresa familiar e que se mantém sob o controle acionário da própria família. Muitas empresas familiares completam 80 anos, mas já mudaram de mãos.
E, em terceiro lugar, o que me parece importante é que se chega aos 80 anos, mas não se chega com vigor, não se chega competitivo, não se chega com uma empresa atualizada e preparada para o futuro. Acredito que chegamos assim: a Buaiz Alimentos é a origem de tudo. Nós, hoje, temos um grupo bastante diversificado, que também está completando 80 anos, e que atua em diversas áreas como em comunicações, shopping, área imobiliária, educação e no segmento financeiro também.
A empresa chega forte, consolidada e atualizada com os novos tempos nesses 80 anos. Poderia pontuar essas conquistas?
Ao longo desse tempo e, notadamente, nos últimos 10 anos, investimos em todas as áreas da empresa. Há cinco anos, investimos R$ 80 milhões criando um novo parque industrial, um novo parque de empacotamento e de logística no bairro de São Torquato, em Vila Velha. Nós atualizamos todos os equipamentos de moagem de trigo. Temos uma fábrica de café muito moderna e investimos numa fábrica de bolos. Temos uma empresa bem dotada de tecnologia e se preocupa com a inovação. Ela dialoga bem com o presente e também dialoga bem com o futuro.
E falando em futuro, o que o grupo prepara?
O próprio grupo está investindo em inovação. Está criando uma empresa que se dedica exclusivamente à inovação que se chama HUGB (de hub e Grupo Buaiz). Ela terá interface com a Buaiz Alimentos, com a Rede Vitória, com o Shopping Vitória, com a Escola Americana de Vitória. O nome dela já diz: Hugb. É o "hub" de inovação do Grupo Buaiz. Essa empresa vai se dedicar permanentemente a desenvolver e estimular startups, que ofereçam para nós ideias, propostas para cada uma das áreas do grupo. Será, eventualmente, investidora dessas próprias startups. A inovação é fundamental para garantir uma empresa atualizada ao longo do tempo.
Ela já tem previsão de início das atividades?
É uma empresa que já foi concebida. Teve uma atuação (ainda sem ser constituída pessoa jurídica) durante os anos de 20 e 21. A partir de 1 de janeiro de 2022, ela vai se constituir como pessoa jurídica e será dirigida pelo meu filho Americo Buaiz Neto.
Em relação às novidades da Buaiz Alimentos, o que clientes e para os consumidores e fornecedores?
O Grupo Buaiz está sempre propondo. Costumamos dizer que não temos preocupação em sermos grandes. Mas temos preocupação em sermos relevantes, em fazermos a diferença na vida das pessoas. A Buaiz Alimentos, por exemplo, está permanentemente pensando em se relacionar melhor com cada um de seus públicos. Na área de trigo, recentemente renovamos as embalagens do Trigo Regina e também daqui a pouco da Farinha de Trigo Número Um. Temos uma preocupação permanente de qualidade. Nosso Trigo Regina é reconhecido como um trigo de qualidade premium. Na área do café, estamos revisitando todas as embalagens e também devemos lançar novos produtos. E na área de mistura para bolos, lançamos uma nova mistura de brownie que foi um sucesso.
Dentro de um mês, lançaremos o cookie. Vamos cada vez mais diversificar, indo além do bolo de chocolate e de cenoura, ofereceremos mais essa para além do brownie que é o cookie. São iniciativas que vão ao encontro das manifestações que a gente tem do nosso cliente: tanto do supermercadista, das mercearias mas fundamentalmente, o do consumidor, aquele lá da ponta. Esse cliente dá sugestões e diz que gostaria de um produto. Nós, a partir desse pedido, pesquisamos e vamos ao encontro disso.
E o grupo também pontua novidades no Shopping Vitória?
No Shopping Vitória, permanentemente temos renovado as marcas. Fechamos agora um grande contrato com a Nike. Será uma Nike Store, uma beleza de loja, gigante, de 2 mil metros quadrados. Fechamos também com o Restaurante Camarada Camarão, que vai dar vista para a Avenida Américo Buaiz. Fechamos também com o Sabor da Terra, que é uma operação que faltava no shopping. É um mercado customizado com produtos diferenciados.
Na área imobiliária, fizemos um lançamento recente, próximo ao shopping, na parte de trás. Entregaremos para a cidade de Vitória, um parque chamado Parque Cultural Reserva Vitória. Isto irá mudar a concepção de espaço público tanto na capital quanto no Estado. Não por acaso adjetivamos esse parque de cultural porque será entregue com sete obras de arte de artistas capixabas e nacionais, todos renomados.
O mercado imobiliário também é influenciado pelas ações do grupo...
Oferecemos ao mercado, dois empreendimentos imobiliários de alto nível. Serão apartamentos-residências de quatro quartos, que variam a metragem de 175 metros quadrados até 400 metros de área. São prédios limitados a seis andares de altura e, consequentemente, não comprometem a relação, o visual com o Convento da Penha, com o entorno. É um projeto belíssimo que respeita a Natureza em todos os seus aspectos.
E em relação à rede de comunicação e no setor de educação?
Na Rede Vitória, continuamos estimulamos a programação regional. Temos sido muito criativos. Agora mesmo lançamos mais um produto que é pioneiro no mercado que se chama "Espírito Startups". É o primeiro reality show de negócios do Espírito Santo para exatamente dialogar com a inovação e estimular quem esteja fazendo propostas de inovação ao mercado. Um dos patrocinadores dessa ideia é a própria Rede Vitória. É a própria Hugb que está nascendo com essa finalidade. Por último, oferecemos ao Espírito Santo a primeira escola internacional. É uma escola de metodologia consagrada internacionalmente. As crianças, desde muito cedo, têm a imersão em inglês. É um projeto associado ao Clube Álvares Cabral. Temos vários esportes olímpicos oferecidos aos nossos estudantes. O grupo tem atuação em áreas distintas. Não necessariamente com sinergia entre si. Mas busca corresponder em cada área que atua aquilo que o nosso cliente, nosso consumidor, mais exige que é qualidade, além da nossa tradição.
O grupo dialoga com educação, cultura, produção de alimentos, comunicação. Há uma preocupação com o que o consumidor considera ser a função social da empresa? Atualmente, há uma visão entre as novas gerações de que uma empresa não deve apenas garantir lucro para seus acionistas ou o grupo que a preside...
O lucro que usufruímos é reinvestido em cerca de 95%. Nós temos uma política de reinversão de lucro que mantém nossas empresas capitalizadas, que o Brasil requer que assim seja. Mas, falando em braço social, nós temos o Instituto Americo Buaiz. Ele apoia instituições, dá visibilidade a elas por meio da Rede Vitória. Também as apoia com o voluntariado que é oferecido por cada área do grupo. Sabemos que, no mundo de hoje, não basta que apenas os governos ou instituições públicas respondam por tudo. É preciso que cada um dê a sua contribuição e nós temos dado. Esse espírito social está dentro de cada unidade de negócios e está refletido no Instituto Americo Buaiz, criado há cinco anos. Já atendeu a 17 obras beneficentes. Tivemos um interregno por causa da pandemia mas retornamos em 2021 e já atendemos a mais quatro obras.
O que apontaria de diferencial no Grupo Buaiz de outras empresas familiares?
Eu acho que a gente conseguiu uma coisa muito legal. Os da família que atuam no Grupo Buaiz, como é o caso da Eduarda (na Buaiz Alimentos), da Mariana (no Shopping Vitória, na imobiliária e na Escola Americana), Americo Buaiz Neto e o Marcus, enfim, todos, assim como eu, temos uma formação profissional. O grupo é familiar na propriedade mas é profissional na atuação. Por outro lado, o grupo contrata bons profissionais mas prioriza que esses profissionais sejam boas pessoas e que possam integrar a nossa família. É um grupo familiar profissional e é um grupo profissional familiar. Isto é uma marca importantíssima de nossa história que a gente deve manter e estimular.
Nesses 80 anos, o que fica do legado de Americo Buaiz?
É um legado extremamente importante. Costumo dizer que meu pai sucedeu ao meu avô e, quando a gente conta os 80 anos da história, é a história do meu pai. Se nós juntássemos a história do meu avô, Alexandre Buaiz, passaria de um século. Por que demarcamos 80 anos? Porque meu pai sucedeu o meu avô numa empresa de representações comerciais. Mas ele foi um pioneiro na indústria capixaba. Ele foi um desbravador num Estado que era fundamentalmente agrícola, teve a visão e a coragem de investir em indústria. Houve um momento na vida dele que ele teve sete indústrias (além do moinho de trigo havia outras seis). Hoje, nós temos a área de alimentos formada por três indústrias: Moinho de Trigo Vitória, fábrica do Café Número Um e a fábrica de Mistura para Bolos Regina, em São Torquato e no centro de Vitória. Num certo momento do processo, eu cheguei, há 47 anos, e começamos num processo de diversificação que culminou nas áreas de comunicação, de shopping center, imobiliária. A inovação fará parte desse processo de sustentabilidade dessas áreas de alimento, de comunicação, de educação, de imobiliária e shopping e vai desbravar também um novo mundo. Esperamos contribuir com o desenvolvimento de talentos e de ideias para nós mesmos e para terceiros.