Governança no esporte: sem espaço para amadorismo
O esporte no mundo contemporâneo deixou de ser apenas um “programa” de final de semana e se tornou um negócio com diferentes tipos de profissionais
*Artigo escrito por Eric Alves Azeredo, professor, executivo, advogado, CEO da AZRD e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão do IBEF-ES.
O termo “Governança no Esporte” surgiu pela primeira vez na literatura acadêmica em 1995, no trabalho intitulado “Policy analysis in sport management”, escrito por Laurence Chalip, professor e coordenador do programa Sport Management da Universidade do Texas.
Foi publicado no Journal of Sport Management, periódico bimestral, cujo objetivo era melhorar a política, a formulação e implementação estratégica das organizações esportivas.
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A partir daí, a busca por melhor governança tem conquistado cada vez mais espaço nas organizações, e as instituições esportivas procuram mecanismos para alinhar metas, alocar recursos e atribuir autoridade decisória para inovação, tanto nos clubes como em relação a atores externos.
Para que se tenha uma boa governança, ou seja, uma gestão eficiente, é preciso implantar todo um processo de reestruturação para que se possa atingir bons resultados, aumentar a motivação de toda a equipe, a confiança geral, a melhoria do ambiente de trabalho e, com isso, a inspiração dos colaboradores, parceiros e patrocinadores.
Tudo isso envolve um conjunto de regras que irão descrever e determinar legalmente, por meio de estatutos e regulamentos, o que pode e o que não pode ser feito por uma organização, e a aplicação de boas práticas que definirão as ações que levarão a resultados satisfatórios e eficazes da instituição.
Uma boa governança deve respeitar os princípios básicos de transparência, ou seja, a disponibilização de informações, sejam elas positivas ou negativas, que envolvam os interesses dos stakeholders; equidade que é o tratamento justo às diferentes partes interessadas de uma organização.
Deve respeitar ainda a prestação de contas, que está relacionada a como exercem seus mandatos a fim de garantir que os interesses de quem os elegeu estejam sendo atendidos dentro dos parâmetros estabelecidos pela instituição, e responsabilidade, que significa que, em todas as decisões, a ética deve estar presente.
Infelizmente, no Brasil, tudo que se refere à gestão do esporte tende a ser tratado por marketing esportivo. Contudo, marketing e gestão são conceitos distintos. As atividades de “marketing” representam apenas uma parte das tarefas de um gestor.
Segundo os pesquisadores Philip Kotler, professor de marketing da Kellogg School of Management da North Western University, considerado pelo The Wall Street Journal um dos dez pensadores mais influentes da área de negócios, e Gary M. Armstrong, professor emérito na Kenan-Flager Business School da Universidade da Carolina do Norte, gestão envolve a coordenação de todas as atividades de produção. Um bom marketing não significa uma boa gestão.
O esporte no mundo contemporâneo deixou de ser apenas um “programa” de final de semana e se tornou um negócio com diferentes tipos de profissionais envolvidos e, portanto, deve ser gerenciado sem espaços para amadorismo.
Nesse caso, uma boa governança passa a ser crucial para que as instituições esportivas atinjam a plenitude de seu crescimento administrativo e financeiro.
*Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo