Tecnologia inclusiva: os negócios que levam acessibilidade a pessoas com deficiência
Empreendedores do ramo têm uma filosofia: se para a população em geral, a tecnologia facilita muito, para pessoas com deficiência, ela torna as coisas possíveis.
A maioria das pessoas sabe que cadeira de rodas, cão-guia e intérprete são grandes parceiros de pessoas com deficiência e companheiros fiéis da inclusão. No entanto, a acessibilidade pode ser muito maior quando alinhada à tecnologia.
Foi essa oportunidade que empreendedores brasileiros enxergaram para criar "novos companheiros" para pessoas com deficiência. São robôs, que prometem facilitar muito mais a vida de quem precisa de inclusão.
A professora capixaba Neide Sellin é a "dona" da Lysa, o cão-guia robô que fala com o deficiente visual. A tecnologia começou a ser estudada no Espírito Santo em 2011, por meio de financiamento coletivo e, atualmente, já recebeu investimentos de grandes empresários brasileiros.
O robô imita as funções de um cachorro treinado para guiar pessoas cegas, alertando a proximidade de obstáculos no caminho por meio de sinais sonoros. A cientista da computação que desenvolveu Lysa já recebeu pedidos de mais de 250 pessoas interessadas em ter o moderno cão-guia.
Além de facilitar a mobilidade, o robô é acessível financeiramente, segundo a desenvolvedora.
Cadeira de rodas inteligente
Um cadeira de rodas comandada pelo cérebro? Sim, é possível, e ela está sendo estudada no Espírito Santo. Pesquisadores do Ifes (Instituto Federal do Espírito Santo), em parceria com a Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo) e a Fapes (Fundo de Apoio à Pesquisa do Espírito Santo) já desenvolveram um modelo que pode ser dirigido pelo cérebro ou por meio de pequenos movimentos da cabeça e dos músculos faciais.
Os sinais e comandos são captados por tecnologia sem fio, via bluetooth, e reproduzidos nos movimentos das rodas com a ajuda da inteligência artificial.
Veja a cadeira de rodas inteligente em funcionamento:
Tecnologia do sinais
Um robô intérprete da Língua Brasileira de Sinais - Libras - já foi desenvolvido no país por um publicitário pernambucano. Ronaldo Tenório veio até Vitória para apresentar aos capixabas o Hugo, personificação de um site/aplicativo que traduz textos e áudios para libras de graça.
A tecnologia do Hugo, ou Hands Talk, começou a ser desenvolvida em 2008 por três amigos que largaram a profissão para se dedicar ao aplicativo, eleito pela ONU o melhor app social do mundo. "Eu tinha uma agência de publicidade bem sucedida em Recife, e resolvi fechar quando percebi que a chave para a acessibilidade estava em nossas mãos", se orgulha Ronaldo.
Em 10 anos, o aplicativo já ganhou mais de dois milhões de usuários e R$ 2,5 milhões em investimento, o que permitiu a compra da sua principal concorrente brasileira.
Existem quase 10 milhões de surdos no Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e 80% não sabem ler nem escrever.
Assista a um bate-papo sobre tecnologia com o criador do robô intérprete:
Plugue-se
O bate-papo sobre tecnologia inclusiva aconteceu durante o Plugue-se, evento promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Indústrias no Espírito Santo (Sebrae-ES) sobre transformação digital nas pequenas empresas. Uma viagem pelo universo da tecnologia, que tem fervilhado as ideias de empreendedores mundo afora.
O evento continua até a próxima sexta-feira e pode ser assistido online ou presencialmente. As inscrições devem ser feitas pelo site.