Economia

Inovação ganha força no país e número de startups cresce nos últimos anos

No Espírito Santo, segundo representantes do setor, a cada dia surgem novos empreendedores interessados em desenvolver soluções para os problemas do dia a dia, por meio de startups

Foto: Divulgação

Buscar solução para um problema é a grande missão de empreendedores. Seja no setor de educação, mobilidade urbana, saúde ou segurança, quando novas ideias e as ferramentas de solução passam por tecnologia e inovação, em um modelo de negócio com baixo custo e alta potencialidade de crescimento, o desafio é conduzido pelas empresas chamadas startups.

Em todo o Brasil, estima-se que existam atualmente mais de 12 mil startups. O número é mais do que o dobro registrado há seis anos, quando o país ainda começava a discutir o modelo e a perceber o nascimento do novo mercado. Em 2012, 2.519 empreendimentos estavam cadastrados na Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Em 2019, segundo o órgão, o número saltou para 12.700.

No Espírito Santo, segundo representantes do setor, a cada dia surgem novos empreendedores interessados em desenvolver soluções para os problemas do dia a dia, por meio de startups. Com isso, aumenta a procura por incubadoras, aceleradoras e ambientes de inovação, como um todo. Atualmente, segundo a ABStartups, são 118 espalhados em todo o estado

"É uma realidade, estamos acompanhando a evolução desse ambiente. O Espírito Santo vive um momento muito favorável para startups. Nos últimos três anos, principalmente, vemos algumas ações que buscam integrar o governo, a indústria, a sociedade civil e as universidades. Isso contribui bastante para esse momento e o desenvolvimento de empresas", avalia o economista Eduardo Araújo. 

Ainda segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), Vitória está em nono lugar no ranking de densidade de startups (na relação número de startups x população), aparecendo à frente de grandes centros como Belo Horizonte, São Paulo e Porto Alegre. 

Exemplos de empresas de sucesso não faltam. Além da PicPay, que já se tornou uma gigante entre as fintechs - empresas de tecnologia voltadas para o mercado financeiro -, há soluções para o descarte de resíduos, com a Destine Já, que dá a destinação correta para os resíduos das empresas; para o pagamento de estacionamentos rotativos por meio do celular, com a PayParking; entre outras startups que ainda estão surgindo.

“A gente percebe que teve um amadurecimento muito grande do setor. Quando a gente pega 2012, ainda nem havia no Brasil de forma adequada a constituição de aceleradoras, empresas, conceitos de incubadoras. O tema subiu de nível. Esse número vai crescer muito mais em diversos segmentos”, acredita o economista.

A tendência é que o mercado e a sociedade respirem cada vez mais esse espírito inovador. “Em geral, o ecossistema deste tipo de modelo de negócio vem passando por um amadurecimento muito interessante. Os números estão provando isso, a gente vem num crescente de quase 20% no número de startups ano a ano, crescendo bastante em meio a crise que a gente sabe que o país enfrentou. Acho que isso reflete o amadurecimento do empreendedor também, que entendeu como é o processo de funcionamento deste tipo de empreendimento”, avalia Rafael Ribeiro, diretor-executivo da ABStartups.

O que é uma startup?

O empreendimento se caracteriza pela inovação do serviço produzido, geralmente de base tecnológica, desenvolvido a custos menores e processos mais ágeis. O termo também é sinônimo de pequenas empresas que estão no período inicial de desenvolvimento em condições de alto risco e incerteza.

As startups tanto podem oferecer serviços e produtos diretamente para o consumidor, quanto para outras startups. Quando alcançam maturidade, elas se sobressaem na oferta de serviços para grandes empresas que terceirizam as atividades relacionadas a inovação, pesquisa e desenvolvimento.

“É muito fácil hoje você contratar uma startup que tem um negócio pronto e consolidado para te atender do que necessariamente desenvolver dentro da sua própria empresa”, ressalta Eduardo Araújo

Segundo ele, há cada cada vez mais interesse do setor corporativo. “Cada vez mais há a compreensão de que, quanto mais uma grande empresa está perto dos ecossistemas de inovação, mais ela percebe quais são as inovações que estão surgindo e podem afetar seu modelo de negócio, quais startups ela pode trazer para a sua cadeia de valor e quais ela pode investir e se tornar”.

Perfil

Das empresas cadastradas na base de dados da ABStartups, 72% são lideradas por jovens entre 25 e 40 anos de idade, 87,13% são comandadas por homens e 12,3% por mulheres.

“O empreendedor hoje que está tendo um pouco mais de sucesso está entre 35 e 40 anos, é um empreendedor mais maduro, que muitas das vezes tentou um ou dois negócios e teve resiliência para continuar. Porque dificilmente no primeiro negócio vai dar 100% certo, mas o empreendedor brasileiro é bem diferentes dos outros, ele é bem resiliente”, ressalta o economista.

Os setores que mais se destacam no setor de startups são educação (edutechs), agronegócio (agtechs), finanças (fintechs), internet, propaganda, comunicação, comércio eletrônico e saúde e bem-estar. Também há um número expressivo de startups nos setores de logística e mobilidade urbana, entretenimento, eventos e turismo.

Inovação na indústria 

Foto: Divulgação/ArcelorMittal

Encontrar parcerias para soluções mais eficientes na cadeia de valor e de produção no segmento de aços. Esse será o objetivo do iNO.VC, programa de inovação digital que será lançado na próxima quinta-feira (28), na ArcelorMittal Tubarão.

O marco do lançamento será a inauguração de um espaço que atuará proporcionando o suporte físico necessário para o desenvolvimento de atividades que busquem soluções ligadas ao ecossistema digital para as unidades do segmento de 'Aços Planos' de Tubarão, Vega (SC) e Contagem (MG), e receberá ideias através de parceiros, dos desafios nacionais e das redes sociais do Programa iNO.VC.

“A proposta é que o Programa iNO.VC atue como uma verdadeira plataforma colaborativa, conectando o segmento de aços planos às redes de universidades, iniciativas e startups”, explica o Gerente Geral de Tecnologia da Informação, Automação e Inovação Digital da ArcelorMittal Tubarão, Robson Ribeiro Moysés..

A começar pelo nome, todo o programa respira inovação. A nomenclatura, “iNO.VC” (leia-se “inove-se”), foi escolhida após ampla votação entre sugestões de empregados da ArcelorMittal. Proposto pelo empregado Luciano Milanez Mazzi, seu conceito remete à ideia de que a inovação começa com cada um e lembra a proximidade do diálogo e da fluidez nas redes sociais.

O espaço que abrigará as atividades do Programa iNO.VC é todo revestido em aço e fica localizado em meio à área administrativa da empresa, próxima ao Restaurante. Com ambientes amplos, móveis descontraídos e elementos coloridos, seu layout foi configurado para agregar beleza e criatividade, aumentando assim a interação e a criatividade dos seus usuários. 

Cão-guia robô

Foto: Breno Ribeiro

Cerca de 246 milhões de pessoas sofrem de perda moderada ou severa da visão, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Só no Brasil, existem em torno de 6 milhões de pessoas que possuem alguma deficiência visual. Para ajudar pessoas nessas condições a superar os desafios do cotidiano, a empresária capixaba Neide Sellin desenvolveu um cão-guia robô.

De acordo com Neide, CEO da VixSystem, empresa responsável pela criação da tecnologia, o robô, de nome Lysa, possui funções básicas de um cão-guia convencional, que auxilia o cotidiano das pessoas com deficiências. O produto possui sensores que evitam colisões com obstáculos e acidentes com buracos.

"O desenvolvimento de um robô é algo bem desafiador. E quando você desenvolve uma tecnologia para uma pessoa com deficiência é muito mais motivador. Hoje nós estamos implementando tecnologias de alto nível com visão computacional... Trabalhamos com níveis de detecção com a finalidade da mobilidade, dignidade e do respeito para com a pessoa com deficiência", destaca a empresária.