Economia

ARTIGO | Portugal além do vinho: país produz aguardente especial

A aguardente da Lourinhã é feita com vinho e sua destilação é realizada através de dois métodos. Dependendo do escolhido, chega a 77 seu grau alcoólico

Redação Folha Vitória

Redação Folha Vitória
Foto: Instagram/Adega da Lourinhã
*Artigo escrito por Carol Santos, capixaba e empresária do ramo do enoturismo em Portugal. 

Você sabia? Além de produzir excelentes vinhos, Portugal é produtor de aguardente vínica – ou seja, uma aguardente feita com vinho. Para a produção de aguardente vínica primeiramente é feito o vinho (mesmo processo de vinificação) e apenas depois será o líquido destilado. 

A destilação pode ser feita por meio de dois métodos – o método coluna 18 e o método descontínuo. Na Adega Cooperativa da Lourinhã utiliza-se o método descontínuo, e quando ocorre a destilação a bebida atinge um grau alcoólico entre 74 e 77 graus. 

Após destilada, a aguardente será envelhecida. Para se tornar uma DOC Lourinhã, o envelhecimento é feito em barris de carvalho francês, carvalho português e castanheiro, e precisa estar, no mínimo, 5 anos no processo.

Foto: AL Consultoria
Carol Santos é empresária de enoturismo

Ultrapassada esta parte de como é feita uma aguardente, vem a principal informação: em toda Europa apenas três locais contam com a denominação de origem controlada: Lourinhã, Cognac e Armagnac. Cognac e Armagnac são aguardentes vínicas produzidas na França, e em Portugal temos a produção da aguardente DOC Lourinhã.

Embora tenha se iniciado muitos anos antes, foi em 7 de março de 1992 que a aguardente DOC Lourinhã passou a ser uma efetivamente uma região demarcada, e diferentemente de outras regiões portuguesas, é uma região demarcada exclusivamente para a aguardente.

Em novembro de 2023 tive o prazer de conhecer a Adega Cooperativa da Lourinhã – o local de maior produção da aguardente. Além da Adega Cooperativa, também a Quinta do Rol possui autorização para a produção da aguardente DOC Lourinhã.

A Adega Cooperativa da Lourinhã produz cerca de 7 mil litros de aguardente por ano, mas que não vão diretamente para o mercado – precisam ser envelhecidas. A visita permite que, além de conhecer a história, percorramos os corredores cheios de barris de aguardente e, ao fim, façamos a prova de aguardentes.

Assim como os vinhos (que adoramos) têm o tempo de barrica, o tipo de tosta e de material de cada barrica dão características específicas à aguardente – mais baunilha ou fumo ou ainda especiarias, dentre outros aromas e sabores.

Para acompanhar a prova, são servidas algumas delícias gastronômicas como chocolate, frutos secos e a especial tarte D. Isabel (uma torta de abóbora e manteiga deliciosa).

Embora muito diferente do que estou habituada a provar, a aguardente DOC Lourinhã não “queima” a garganta – há muito álcool sim, mas em fração de segundos esta percepção se esvai. 

Foi muito interessante e diferente, e uma ótima sugestão de digestivo para beber (e oferecer) após refeições especiais.

Especificamente quanto à minha visita, esta se deu no âmbito da Confraria Água Benta e a convite da CVR-Lisboa (Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa). A Confraria Água Benta é uma confraria de enófilos, ou seja, de amantes de vinhos, e que tem como finalidade conhecer e promover os bons vinhos e produtores de Portugal.