Economia

Papel da matriz energética no crescimento econômico sustentável

O mundo está com o alerta ligado para a transição energética, de forma a buscar a migração de matrizes energéticas poluentes para fontes de energia renováveis

IBEF-ES

Foto: Freepik
*Artigo escrito por Pedro Henrique Mariano, MBA em Controladoria e Finanças, consultor e executivo de Controladoria, Planejamento, Finanças, Orçamento, Resultado e Processos e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Economia do IBEF-ES.

A matriz energética de um país é fator vital para determinar o potencial de crescimento de sua economia. 

O Brasil, no contexto mundial, possui condições favoráveis para se tornar competitivo e desenvolvido, dado que a matriz hídrica é renovável e a principal fonte de energia elétrica. 

Além da capacidade instalada, há espaço para intensificar a geração de energia eólica, solar e de biomassa, em busca de sustentabilidade e de segurança energética.

A evolução tecnológica, ao mesmo tempo que depende de energia, também apoia na geração, no consumo e no reaproveitamento cada vez mais eficientes na sociedade. Porém, o mundo está com o alerta ligado para a transição energética, de forma a buscar a migração de matrizes energéticas poluentes para fontes de energia renováveis.

A ONU (Organização das Nações Unidas) determinou 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) para a Agenda 2030, conforme os principais desafios enfrentados pelas pessoas em todo o mundo. 

O objetivo “Energia limpa e acessível” não é o único diretamente dependente das questões energéticas, a exemplo dos que focam em “Trabalho decente e crescimento econômico”, desenvolvimento da “Indústria, inovação e infraestrutura” e nas “Cidades e comunidades sustentáveis”.

Foto: ONU

No ODS 7 a finalidade é “garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e renovável para todos” e, de acordo com o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), o Brasil está bem posicionado neste objetivo, em relação até mesmo a países desenvolvidos.

Para medição de desempenho, o IPEA acompanha alguns indicadores do cenário brasileiro: 

1) Acesso da população a eletricidade; 

2) Acesso da população a combustíveis e tecnologias limpos; 

3) Participação das energias renováveis na oferta interna; 

4) Fluxo financeiro para pesquisa e desenvolvimento de energias limpas; 

5) Investimentos em eficiência energética, em percentagem do PIB.

A EPE (Empresa de Pesquisa Energética) publicou o PDE 2030 (Plano Decenal de Expansão de Energia) para traçar um planejamento estratégico do país em relação ao tema. 

Neste documento, por exemplo, são abordadas iniciativas de diálogo entre meio ambiente e setor produtivo. A seguir, é possível observar a oferta interna de energia elétrica, por fonte, que demonstra o Brasil mais aderente do que outros países sobre fontes renováveis:

Foto: Balanço Energético Nacional (EPE em 2022)

O futuro da humanidade depende da energia

A ciência e a tecnologia se empenham em solucionar a questão energética da humanidade, enquanto as sociedades escalam cada vez mais a demanda conforme o crescimento populacional e econômico. 

Tem-se, então, algumas possíveis alternativas para atender toda a necessidade do ser humano de forma sustentável no futuro, além do fomento das energias renováveis já amplamente difundidas.

O hidrogênio é um candidato para ser utilizado em larga escala, como fonte de energia 100% limpa. 

Avanços tecnológicos buscam viabilizar seu uso, dado que é o elemento químico mais abundante na natureza. Porém, é muito reativo e ainda possui alto custo de produção e de transporte.

Atualmente, na área da energia nuclear, somente são denominadas as técnicas de fissão, problemáticas nas questões de armazenamento do lixo radioativo e riscos de acidentes como em Chernobyl. 

Porém, a fusão nuclear utilizando o hélio-3 poderá ocorrer em reatores seguros, limpos e com zero dejetos radioativos. 

Nesse sentido, a exploração espacial realizou uma descoberta que pode impactar os rumos da civilização. 

Na Lua foi detectado em grande quantidade um isótopo do elemento hélio, com potencial de revolucionar a geração de energia através da fusão nuclear.

O Banco Mundial, por sua vez, se prepara para o enfrentamento da questão do acesso à energia, principalmente ao alcançar populações pobres e vulneráveis, de países marcados por conflitos e violência.

A instituição acredita em um “ciclo virtuoso ”que começa com a liderança do governo, se traduzindo em um ambiente regulatório favorável e seguido por uma alocação de projetos transparente e competitiva, que pode fornecer energia limpa que atenda às necessidades urgentes, incluindo segurança energética, acessibilidade energética, e empregos.”

Em 2015, o Acordo de Paris determinou a meta de limitar o aquecimento global, um dos efeitos da mudança climática global. A partir de então, governos e líderes assumem compromissos para reduzir as emissões de carbono. 

A pauta ”Ambiental, Social e Governança” (Environmental, Social and Governance) ajuda a pressionar as metas estipuladas, porém há indícios de que a “descarbonização” não está no ritmo esperado.

O mercado de carros e veículos movidos a eletricidade, a cada ano, apresenta crescimento e aponta para o futuro dos meios de transporte. 

Trata-se de uma indústria que pode contribuir muito com a transição energética, de forma disruptiva e acelerada. 

Exemplo do novo panorama mundial é a Tesla, empresa automotiva e de armazenamento de energia, que produz e vende automóveis elétricos e produtos à base de baterias, é mais valiosa do que as gigantes centenárias Ford e GM juntas.

Consumo de recursos maior do que o planeta consegue renovar

É comum o alerta de que deve-se cuidar do planeta para as gerações futuras, mas não é o que ocorre na prática. 

Desde 1970, o “dia da sobrecarga”, todo ano, marca a data em que as demandas por recursos naturais superam a capacidade da Terra de se regenerar. 

Para 2023, todo o consumo de recursos a partir do dia 02 de agosto será saldo negativo para o ser humano na caminhada ao futuro sustentável.

Energia pode ser o grande drama da história da humanidade! O setor energético tem parte importante da responsabilidade sobre o crescimento econômico sustentável, que será determinante para a continuidade da espécie e evolução para o próximo estágio da sociedade moderna.

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