Economia

"Cidade de 15 minutos": solução para acabar com trânsito é possível na Grande Vitória?

O objetivo desse modelo é diminuir a quantidade de carros nas ruas e criar espaços mais integrados, sustentáveis e saudáveis, reduzindo congestionamentos e poluição

Leiri Santana

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação

Viver em uma cidade onde tudo o que você precisa — trabalho, escola, serviços de saúde, áreas de lazer e compras — esteja a apenas 15 minutos de casa, acessível a pé ou de bicicleta. Esse é o conceito de "cidade de 15 minutos", desenvolvido pelo urbanista francês Carlos Moreno, e vem ganhando força como solução para os desafios dos grandes centros urbanos.

O objetivo dessa proposta é reverter a dependência de carros e criar espaços mais integrados, sustentáveis e saudáveis, reduzindo congestionamentos e poluição.

Em cidades como Paris, Barcelona e Melbourne, o modelo já começa a ser implementado, com iniciativas como a expansão de ciclovias, calçadas mais largas e a criação de áreas exclusivas para pedestres.

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No Brasil, a arquiteta e urbanista Mariany Abreu, do Instituto de Arquitetos do Brasil no Espírito Santo (IAB-ES), acredita que a Grande Vitória tem grande potencial para adotar esse conceito. Ela destaca a beleza natural da região e a importância de um planejamento urbano que combine sustentabilidade e inclusão social.

Grande Vitória e os desafios do planejamento sustentável

Embora o modelo de "cidade de 15 minutos" pareça promissor, Mariany aponta desafios para sua aplicação em cidades brasileiras, especialmente na Grande Vitória. Entre os obstáculos estão limitações políticas, econômicas e sociais.

"Para alcançar esse modelo, é essencial investir em estratégias de desenvolvimento urbano sustentável, como o planejamento participativo, políticas habitacionais inclusivas e melhorias na mobilidade urbana", explica a arquiteta.

A urbanista afirma que a verticalização da cidade não implica, necessariamente, maior densidade populacional.

Em Vitória, por exemplo, o mercado imobiliário concentra empreendimentos de alto padrão em áreas privilegiadas, enquanto habitações de interesse social ficam relegadas a regiões periféricas. Para mudar esse cenário, Mariany sugere medidas como:

— Criação de parques urbanos e áreas públicas de lazer, que atendam às diferentes faixas de renda;

— Ampliação de ruas exclusivas para pedestres, promovendo convivência e segurança;

— Melhorias na mobilidade urbana, com integração de transportes como VLTs, bondes e sistemas aquaviários;

— Políticas habitacionais inclusivas, que diversifiquem as ofertas de moradia em diferentes regiões da cidade;

— Sustentabilidade e equidade: o caminho para uma cidade mais humana.

A arquiteta acredita que a melhor solução para transformar a Grande Vitória em uma cidade mais sustentável está na regulamentação de políticas públicas focadas na equidade urbana. Investimentos em educação, saúde, segurança e lazer, aliados ao fortalecimento da participação popular no planejamento urbano, são fundamentais.

"A construção de uma cidade interativa, segura e sustentável exige esforço contínuo. Equipamentos comunitários de qualidade, como escolas, unidades de saúde e espaços culturais, são essenciais para atender às demandas de uma população em crescimento", afirma.

Além disso, a diversificação do transporte público pode ser um diferencial para atender as necessidades da região. Ela aponta que sistemas como o VLT e os transportes aquaviários podem se adequar bem ao perfil de cidades costeiras como Vitória, reduzindo o impacto ambiental e facilitando o deslocamento.

Apesar dos desafios, a "cidade de 15 minutos" representa uma oportunidade de reimaginar os espaços urbanos e torná-los mais acessíveis e inclusivos. Cidades como a Grande Vitória, com sua geografia diversificada e potencial de integração entre áreas urbanas e naturais, podem se tornar referências de sustentabilidade no Brasil.