Economia

Presidente do BC diz que "eliminar escala 6x1 é prejudicial ao trabalhador"

Durante o Fórum Liberdade e Democracia de Vitória, Roberto Campos Neto abordou temas cruciais para a economia brasileira e mundial

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Durante o 12º Fórum Liberdade e Democracia de Vitória, nesta quinta-feira (14), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, abordou temas cruciais para a economia brasileira e mundial, destacando o cenário inflacionário e os desafios enfrentados pela política monetária. 

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A discussão sobre a escala de trabalho 6×1, cuja extinção é defendida pela deputada Érika Hilton, também ganhou destaque. Campos Neto classificou a proposta como prejudicial, argumentando que ela poderia elevar os custos trabalhistas e aumentar a informalidade. 

“Ele vai aumentar o custo do trabalho, vai aumentar a informalidade e vai diminuir a produtividade”, pontuou o presidente do Banco Central. 

Ele frisou que a flexibilidade proporcionada pela reforma trabalhista de 2017 trouxe benefícios ao mercado de trabalho brasileiro, e alertou para o risco de que mudanças na escala 6×1 possam prejudicar a produtividade e reduzir o emprego formal. 

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

“A gente precisa continuar avançando essas reformas e entender que, no final das contas, aumentando a obrigação dos empregadores, a gente não melhora os direitos dos trabalhadores”, disse Campos Neto.

Ele ressaltou que a inflação global está em rota de convergência, especialmente nos países avançados. Contudo, surgem dúvidas sobre o processo de desinflação na América Latina, onde, segundo ele, os preços de alimentos e energia têm pressionado os índices.

No cenário doméstico, Campos Neto reforçou que o Brasil mantém uma postura de ajuste monetário robusto, enquanto outros países seguem trajetórias diferentes. Ele afirmou que o Banco Central precisa manter a inflação alinhada à meta, de acordo com o mandato governamental, e destacou fatores de risco como as tensões geopolíticas e a fragmentação do comércio global.

Taxa de juros

Campos Neto também tocou no tema fiscal, enfatizando a necessidade de um ajuste nas despesas públicas para reduzir a taxa de juros e estabilizar a economia. Ele alertou que um cenário fiscal desorganizado dificulta a convergência da inflação e impede a sustentação de juros estruturalmente mais baixos. 

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Para ele, o equilíbrio entre despesas e receitas é essencial para reduzir os prêmios de risco e melhorar o ambiente econômico, observando que o Brasil precisa organizar as contas para alcançar um crescimento sustentável.

“Se a gente não entender que precisa fazer o ajuste pelo lado dos gastos, a gente acaba interditando o debate, acaba fazendo com que esse prêmio de risco fique maior por mais tempo”, afirmou Campos Neto. “Isso é muito prejudicial para a convergência da inflação e para um ambiente de juro mais baixo, mais estável”.

A discussão sobre o ajuste fiscal pelo lado dos gastos evidencia a complexidade dos desafios enfrentados pelo Banco Central e pelo governo, onde é necessário alinhar o combate à inflação com políticas que favoreçam a estabilidade econômica, ao mesmo tempo que se discute o futuro das relações trabalhistas. 

Campos Neto enfatizou que o equilíbrio entre esses elementos é essencial para promover um ambiente econômico favorável ao desenvolvimento e à estabilidade financeira.

O Fórum Liberdade e Democracia de Vitória é realizado anualmente pelo Instituto Líderes do Amanhã, desde 2013, sendo atualmente um dos maiores eventos do país sobre ideias.

Kayra Miranda, repórter do Folha Vitória
Kayra Miranda Repórter
Repórter
Jornalista pelo Centro Universitário Faesa e repórter de SEO do Folha Vitória.