"É um risco": pode usar a maquininha para retirar dinheiro do cartão de crédito?
Se você já considerou ou usou essa funcionalidade, é importante entender como funciona e quais são os perigos associados à prática
As maquininhas de cartão de crédito se tornaram ferramentas indispensáveis para muitos negócios e até mesmo para uso pessoal. Além de facilitarem transações, algumas permitem retirar dinheiro do cartão de crédito, oferecendo um “saque” direto. Embora pareça uma solução prática, esse tipo de operação pode esconder custos e riscos financeiros que muitos desconhecem.
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Se você já considerou ou usou essa funcionalidade, é importante entender como funciona e quais são os perigos associados.
COMO FUNCIONA O SAQUE NO CARTÃO VIA MAQUININHA?
Ao utilizar uma maquininha para retirar dinheiro do cartão de crédito, a operação funciona de maneira semelhante a uma compra parcelada. O dono da maquininha registra um valor como se fosse uma venda, mas, na prática, o usuário está recebendo aquele valor em dinheiro. Esse montante é debitado do limite do cartão de crédito e deve ser pago junto com a fatura.
Por exemplo, se você precisa de R$ 500, o proprietário da maquininha faz a transação e entrega o valor em espécie. No entanto, a operação não é gratuita.
OS CUSTOS POR TRÁS DA OPERAÇÃO
Apesar de parecer simples, retirar dinheiro do cartão de crédito usando uma maquininha pode sair caro. Confira os custos mais comuns:
1. Taxa de transação
A maquininha cobra uma taxa sobre o valor retirado, que pode variar entre 2% e 6%, dependendo da operadora. Ou seja, se você sacar R$ 500, pode pagar até R$ 30 apenas de taxa inicial.
2. Juros do cartão de crédito
O valor retirado é tratado como uma transação parcelada ou como um saque em dinheiro, o que significa que incidem os mesmos juros aplicados ao crédito rotativo, que no Brasil são notoriamente altos — frequentemente ultrapassando 10% ao mês.
3. IOF (Imposto sobre Operações Financeiras)
Todas as operações de crédito no Brasil estão sujeitas ao IOF. No caso de saques via cartão, a alíquota é de 0,38% sobre o valor da transação, mais 0,011% ao dia até a quitação total.
4. Parcelamento embutido
Algumas operações desse tipo automaticamente transformam o valor retirado em parcelas com juros. Embora as parcelas menores pareçam mais acessíveis, o custo final pode ser muito maior do que o montante inicial.
PORQUE RECORRER A ESSA OPÇÃO?
Muitas pessoas utilizam a maquininha para sacar dinheiro do cartão de crédito por necessidade imediata. Entre os motivos mais comuns estão:
Emergências financeiras:
Quando não há outra forma de conseguir dinheiro rápido.
Falta de limite na conta corrente:
Algumas pessoas têm limite apenas no cartão de crédito, e essa alternativa parece uma solução fácil.
Aparente conveniência:
O acesso ao dinheiro é quase instantâneo.
Embora pareça útil em situações emergenciais, os custos altos tornam essa opção menos viável a longo prazo.
RISCOS FINANCEIROS
O uso frequente da funcionalidade de saque via maquininha pode levar a sérios problemas financeiros.
1. Acúmulo de dívidas
Como a retirada de dinheiro utiliza o limite do cartão de crédito, é fácil perder o controle e acumular uma dívida impagável. Os altos juros dificultam a quitação, transformando pequenos saques em grandes problemas.
2. Dependência de crédito
Recorrer ao cartão para sacar dinheiro frequentemente é um sinal de que o orçamento está desequilibrado. Isso pode levar à dependência de crédito para cobrir despesas básicas, aumentando ainda mais o endividamento.
3. Limitação do orçamento futuro
Ao comprometer o limite do cartão de crédito com saques, você reduz sua capacidade de utilizá-lo para outras transações, o que pode causar mais dificuldades financeiras no futuro.
4. Fraudes e golpes
Utilizar uma maquininha para retirar dinheiro aumenta a exposição a fraudes. Pessoas mal-intencionadas podem usar essa prática para aplicar golpes, registrando valores superiores ao combinado ou até mesmo clonando o cartão.
MELHORES ALTERNATIVAS
Antes de optar por essa funcionalidade, é importante considerar outras formas de lidar com emergências financeiras:
1. Planejamento financeiro
Manter um fundo de emergência é a melhor maneira de evitar a necessidade de recorrer a saques caros. Tente poupar uma porcentagem mensal da sua renda para situações imprevistas.
2. Crédito pessoal
Em vez de utilizar o cartão de crédito, considere contratar um empréstimo pessoal. Os juros são geralmente menores do que os do crédito rotativo, e os prazos de pagamento podem ser mais flexíveis.
3. Negociação com o banco
Se você precisa de dinheiro e possui relacionamento com seu banco, procure negociar linhas de crédito com condições melhores do que as oferecidas por saques no cartão.
4. Empréstimo com familiares ou amigos
Embora seja delicado, pedir ajuda a pessoas de confiança pode ser uma solução temporária, evitando os custos altos das alternativas bancárias.
5. Uso consciente do cartão
Evite comprometer todo o limite do cartão de crédito, para que ele possa ser utilizado de forma estratégica em situações realmente necessárias.
CUIDADOS AO USAR ESSA FUNCIONALIDADE
Se optar por utilizar a maquininha para retirar dinheiro do cartão, tome precauções:
Verifique as taxas:
Antes de realizar a transação, pergunte ao proprietário da maquininha sobre as taxas aplicadas.
Simule os custos:
Use ferramentas de cálculo para entender quanto realmente pagará no final.
Evite parcelamentos longos:
Quanto mais parcelas, maior será o custo total da operação.
Certifique-se da segurança:
Use maquininhas apenas de estabelecimentos confiáveis para evitar golpes.
QUEM DEVE EVITAR ESSA PRÁTICA?
Embora pareça uma solução viável em emergências, o saque via maquininha é especialmente desaconselhado para:
- Pessoas já endividadas, que podem agravar sua situação financeira.
- Quem não entende completamente os custos envolvidos.
- Usuários que não conseguem controlar gastos no cartão de crédito.
O uso de maquininhas para retirar dinheiro do cartão de crédito pode parecer uma solução rápida, mas os custos elevados e os riscos financeiros tornam essa prática desaconselhável na maioria dos casos.
Se você está considerando essa opção, avalie cuidadosamente os custos envolvidos e procure alternativas mais seguras e econômicas. A educação financeira e o planejamento são essenciais para evitar dívidas desnecessárias e garantir uma vida financeira mais estável.
Antes de tomar qualquer decisão, lembre-se: dinheiro fácil pode custar muito caro.