Economia do esporte: a indústria de US$ 1 trilhão por ano
É nítida a evolução atual dos negócios do esporte e isso demonstra que eles fazem parte de um setor da economia ainda maior que o entretenimento
Artigo escrito por Eric Alves Azeredo, professor, executivo, advogado, CEO da AZRD e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Empreendedorismo e Gestão do IBEF-ES.
Em suas diferentes modalidades, estima-se que a indústria do esporte movimente em torno de US$ 1 trilhão por ano, exibindo um dos maiores percentuais de crescimento entre os principais setores da economia.
Segundo a professora Clarisse Setyon, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), o que movimenta a economia do esporte se resume a uma palavra: paixão.
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Enquanto o marketing tradicional trabalha sobre pilares de quatro P (preço, praça, produto e promoção), o marketing esportivo usa cinco, e a paixão se sobrepõe aos outros quatro, como pode ser verificado nas lojas de artigos esportivos.
Enquanto uma camiseta que estampa apenas a marca de um fabricante é vendida a um preço X, quando agregada a uma paixão, como um escudo de um clube de futebol, por exemplo, pode ser vendida pelo triplo do preço.
No Brasil, o movimento gerado pela indústria do esporte é de, em média, R$ 31 bilhões por ano, o que equivale a 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) e demonstra que os esportes vão muito além de meras competições físicas, desempenhando um papel crucial na promoção do crescimento econômico e do bem-estar social.
O conceito de economia do esporte começou com Simon Rottenberg, quando escreveu sobre o mercado de jogadores de beisebol em um artigo semanal no Journal of Political Economy, em 1956.
Nele, Rottenberg afirmava que a economia do esporte se diferenciava de uma indústria tradicional simplesmente por possuir o Princípio da Incerteza do Resultado, ou Princípio da Imprevisibilidade, que é o que atrai o torcedor.
A imprevisibilidade aumenta o equilíbrio competitivo entre as equipes. A busca por esse equilíbrio fez com que as ligas americanas criassem formas para evitar o distanciamento técnico entre as equipes.
O modelo de “drafts”, amplamente usado nos Estados Unidos e Canadá, criado por Bert Bell, figura influente nos esportes americanos, foi aplicado inicialmente na National Football League (NFL) em 1935, e em seguida, na National Basketball Association (NBA) em 1947, National Hockey League (NHL) em 1963, Major League Baseball (MLB) em 1965, e, finalmente, na Major League Soccer (MLS) em 1996.
Nesse modelo, os jogadores que estão inscritos nas respectivas ligas, mas não atuam em nenhum clube, ficam à disposição e são escolhidos numa ordem em que os times mais mal colocados do ano anterior escolhem primeiro os futuros jogadores que farão parte de suas equipes.
Com esse modelo, os times ficam mais equilibrados, evitando, com isso, o domínio de um sobre os outros e, consequentemente, atraem maior público nos eventos esportivos.
É nítida a evolução atual dos negócios do esporte e demonstra que eles fazem parte de um setor da economia ainda maior que o entretenimento.
Com a utilização das ferramentas de dados e do uso da inteligência artificial, se multiplicam as possibilidades de interação com os torcedores e, com isso, mais conexão, engajamento e, logicamente, um maior consumo.
*Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo.