Indústrias capixabas investem em crescimento e redução de poluentes
De acordo com a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), o setor industrial do Estado cresceu 3,9% somente no primeiro semestre de 2024
Ao passar pela Terceira Ponte, visitar o Convento da Penha, subir o Morro do Moreno ou até mesmo espiar pela janela do avião durante o pouso, a vista para a capital Vitória é inconfundível. Além dos desenhos formados pelas ilhas do Boi e do Frade, o Complexo Portuário de Tubarão também rouba a cena.
É na região continental de Vitória onde estão localizadas as indústrias que são grandes responsáveis pelo desenvolvimento urbano da cidade. De acordo com a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), o setor industrial do Estado cresceu 3,9% somente no primeiro semestre de 2024.
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Além disso, a produção da indústria do Espírito Santo foi a que mais cresceu no país em setembro deste ano, segundo a Findes. Os resultados positivos da indústria extrativa, composta pela produção de minério e de petróleo e gás natural, que cresceu 3,6%, e da indústria de transformação, que teve alta de 0,5%.
A força econômica das indústrias é incontestável, porém, as atividades industriais também podem impactar na qualidade do ar. A mineração e a siderurgia, por exemplo, liberam poluentes no ar, como partículas finas e gases.
Para minimizar esses impactos, segundo a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), as empresas têm feito grandes investimentos.
"Juntos desses investimentos vieram novas tecnologias, várias inovações para que realmente gerasse uma situação menos poluente, diferente do que era. Geramos novas tecnologias como o uso de garrafa pet para desenvolver um produto e a dessalinização, por exemplo", afirmou o presidente da Findes, Paulo Baraona.
A ArcelorMittal, maior produtora de aço do mundo, tem investido em inovação para reduzir os impactos atmosféricos de suas operações, de acordo com o gerente de sustentabilidade da empresa, Bernardo Enne.
"É um dos maiores investimentos ambientais do grupo no mundo, são R$ 1,9 bilhão. Essa é a parte do investimento financeiro: em equipamentos de controle, melhoria das práticas... Mas cabe, também, destacar o investimento em pessoas, na capacitação, na busca por engajamento dos empregados e dos terceiros, para atingir esses resultados de melhoria", disse.
Ainda segundo o gerente de sustentabilidade da ArcelorMittal, a empresa implementa estratégias para evitar a emissão de poluentes no ar, como a instalação de windfences em mais de 8km do pátio, cinturão verde no entorno da empresa e aplicação de polímeros para criar uma película nos materiais.
Além disso, de acordo com a siderúrgica, há também controle das pilhas de material, com altura máxima permitida, pavimentação do pátio e das novas vias para evitar ressuspensão das partículas e estratégia de limpeza com caminhões varredores.
Muitas dessas iniciativas são desenvolvidas no centro de pesquisas da empresa, no Porto de Tubarão, onde equipes utilizam tecnologias avançadas para aprimorar processos e reduzir emissões.
Segundo o gerente de pesquisa e desenvolvimento da siderúrgica, Fernando Martinelli, entendendo o comportamento das partículas, é possível projetar estruturas.
"Nós temos, basicamente, uma simulação fluidodinâmica, que é a mesma feita em carros de corridas e aviões, nós utilizamos a mesma técnica de simulação. Ela serve para entender o comportamento dessas emissões e a partir desse comportamento nós conseguimos projetar estruturas para fazer o melhor controle delas", explicou.
Em 2018, o Estado firmou Termos de Compromisso Ambiental com empresas e o Ministério Público para monitorar a qualidade do ar e estabelecer metas para redução das emissões
Na Vale, uma das maiores mineradoras do mundo, a tecnologia e a inovação também são aliados na busca por maior sustentabilidade. De acordo com a empresa, estão sendo cumpridas 48 metas estabelecidas pelos Termos de Compromisso Ambiental.
O gerente técnico de meio ambiente da mineradora, Romildo Fracalossi, explica que as melhorias para evitar emissão de poluentes são pensadas para acompanhar todo o processo do minério de ferro.
"Essas melhorias são instaladas desde a chegada do minério, ao serem descarregados dos vagões, até o embarque nos nossos píeres. São melhorias como o enclausuramento das correias transportadoras, que são os equipamentos que transportam todos os produtos. Os pátios de armazenamento de produtos também receberam novos windfences. Ao todo, temos 16km de windfences em Tubarão", disse.
Além disso, conforme informou o gerente técnico de meio ambiente da mineradora, há outras estratégias para reduzir as emissões, como cobertura dos vagões, enclausuramento das áreas que armazenam os produtos e aprimoramento nas usinas de pelotização.
De acordo com a Vale, a empresa possui uma rede de monitoramento própria para acompanhar a evolução das melhorias. Em 2025, a mineradora conseguiu reduzir 93% das emissões, que era uma das metas firmadas no Termo de Compromisso Ambiental (TCA) com o poder público.
Ainda segundo o gerente, todos os anos, a população é convidada para acompanhar as mudanças que a Vale adere para diminuir a emissão de poluentes. São convidadas associações de moradores da região metropolitana e outros institutos.
De acordo com o monitoramento da qualidade do ar feito pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), o ar na Grande Vitória está classificado como "bom", que é a classificação com a menor concentração de poluentes o possível.
A população pode conferir o monitoramento da qualidade do ar no site do Iema.