Economia

Peroá é um dos vilões da inflação de novembro no Espírito Santo

Segundo dados do IBGE, peixe tradicional do Estado teve alta de 20,20% e só perdeu para o segmento passagens aéreas na pesquisa mensal

Foto: Divulgação/ Governo
Iguaria: peroá é pescado no inverno, mas tem saída mesmo durante o período mais quente do ano

A inflação no Espírito Santo até que não ficou tão alta assim em novembro. Se no país o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 0,39% no mês, por aqui o índice foi de 0,16%, o segundo menor do Brasil, só perdendo para Porto Alegre com 0,03%. E se não fosse o peroá, esse índice capixaba poderia ter ficado ainda menor.

O peixe, que é tradicional no Estado e tem muita saída a partir de agora, com a chegada do verão, teve alta de 20,55%. Foi o segundo produto com maior aumento de preço e perdeu só para o item “passagens aéreas”, que subiu 25,77% em novembro no Espírito Santo. Foi a quarta maior alta entre as 16 regiões metropolitanas pesquisadas. Em primeiro ficou o Rio, com 31,57% de aumento no mês.

Em compensação, tivemos quedas de preços em itens importantes. Entre os itens que tiveram maior queda está a energia elétrica, que teve recuo de 8,16% em novembro, a segunda maior queda do país, perdendo só para Brasília, que teve queda de 9,30%.

Mas, por que um peixe, e logo o nosso peroá, pode pressionar a inflação? A resposta é: porque ele está na nossa cesta de consumo e, com o verão chegando, aumenta o consumo. “O peroá costuma ser pescado no inverno, é um peixe sazonal, mas o consumo aumenta mesmo no verão. Por isso os preços ficam mais caros e tem uma pressão sobre a inflação sim. Mas não é só ele. A carne, por exemplo, tem uma pressão muito maior por causa do hábito de consumo das famílias”. Quem explica é o professor da Fucape e economista Felipe Storch.

Sobre o aumento das passagens aéreas, o professor chama a atenção também para este período do ano em que a demanda aumenta por causa das férias. Mas, esses valores devem cair, já que a Assembleia Legislativa aprovou em outubro a redução do ICMS sobre o querosene de aviação de 17% para 8%.

“Com certeza esse é um fator importante que deve ter impacto nos preços no futuro. Mas hoje, a maior pressão inflacionária é para o segmento alimentação. Muito menos pelo nosso peroá e muito mais pela carne, que é a proteína preferida do brasileiro”.

Índice baixo

Sobre o segundo IPCA mais baixo entre as regiões metropolitanas, o professor Felipe Storch considera o número positivo para o Estado, mas alerta que isso não significa que vivemos às mil maravilhas.

“O que acontece é que os preços no ES tem se movimentando de forma mais lenta. A inflação estar mais desacelerada aqui no Estado é bom, mas tem que contextualizar porque não quer dizer que as coisas estão baratas. Quer dizer que os produtos estão estabilizados em níveis mais altos. A gente percebe então uma insatisfação com a economia em geral”, ponderou Storch.

Entre os itens que tiveram maior queda de preços aqui está a energia elétrica, com queda de 8,16% em novembro, a segunda maior queda do país, perdendo só pra Brasília, que teve queda de 9,30%. “Essa é uma queda importante porque o segmento está relacionado com toda a cadeia produtiva e afeta outros setores da economia. Outro segmento é o de vestuário, que no ES ficou praticamente estável, com alta de 0,02%”.

O índice de inflação medido pelo IBGE, o IPCA, teve alta no mês de novembro no país de 0,39%. É o número mais alto para o mês desde 2022, mas também é o percentual mais baixo desde agosto. Mesmo assim, a inflação acumulada é de 4,87% para os últimos 12 meses, bem acima do teto da meta que é de 4,5%.