O Que Significa Ganhar Bem no Brasil? Afinal, “se tá caro, não compre”

Em fevereiro de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma declaração durante entrevista às rádios da Bahia: “se está caro, não compre”. A sugestão foi feita aos consumidores para evitarem a aquisição de produtos com preço elevado, a fim de tendenciar a redução desses valores, o que ocasionou uma repercussão nacional. Com isso, o que significa “ganhar bem” no Brasil, já que o valor do salário-mínimo e a renda média dos brasileiros estão longe de suprir as necessidades básicas de uma família?

A verdade é que o conceito de “ganhar bem” no Brasil mudou e tem impactado no empobrecimento da população, uma vez que essa tese está diretamente ligada ao poder de compra e à capacidade de suprir as necessidades básicas, como moradia, alimentação, saúde e educação. Devida às altas taxas tributárias, em que um abacate, por exemplo, teve aumento de 175% em 2024, a capacidade de poder de compra fica cada vez mais distante para suprir as necessidades básicas. O salário-mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas em 2025, inclusive, seria de R$ 7.156,15, quase cinco vezes maior que o salário-mínimo vigente, projetado em R$ 1.518, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).

As altas taxas e regulamentações do governo ameaçam a prosperidade da população. Com esse crescimento intervencionista descontrolado, o Brasil se tornou um dos países com maior carga tributária do mundo, representando cerca de 33% do PIB, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT). Outro exemplo é o setor de combustíveis, no qual a interferência do governo na Petrobras já demonstrou resultados desastrosos, com aumentos significativos de preços e desabastecimento. O valor médio subiu de R$ 5,56 para R$ 6,15 por litro entre os anos de 2024 e 2025, correspondendo a um aumento de cerca de 10,6%.

Ademais, o aumento na quantidade de dinheiro em circulação também tem um impacto direto no empobrecimento da população. Quando há mais dinheiro circulando, mas a oferta de produtos e serviços não é ampliada na mesma proporção, os preços sobem, significando um custo de vida elevado; e os salários a maior parte da população não acompanham essa alta, reduzindo o poder de compra da população. 

O que ilustra muito bem esse cenário é a cesta básica, que subiu de 21% para 26,1% entre 2013 e 2023, indicando perda de poder aquisitivo, ou seja, mais do que dobrou de preço, saindo de R$ 330,00 para R$ 770,00, enquanto o rendimento real aumentou apenas 4,3%. 

Outro dado importantíssimo é que 88% dos brasileiros consideram a queda do poder de compra sua principal preocupação social em 2024, índice superior à média global (75%) e latino-americana (86%). Sendo assim, a estimativa é que 45,6% dos domicílios permaneçam nas classes D/E até 2031.

Diante deste contexto, “ganhar bem” no Brasil em 2025 não será uma realidade para a maioria da população se continuarmos no caminho atual. A carga tributária excessiva, o intervencionismo estatal, a inflação e os altos gastos públicos são obstáculos que precisam ser superados, especialmente porque o último é o responsável por fazer com que boa parte do crédito disponível seja consumido pelo próprio governo, o que aumenta os juros e encarece toda a cadeia produtiva.

Assim, o caminho para um Brasil mais próspero não está na proposta de boicote sugerida pelo presidente, uma vez que o mercado não se regula por campanhas deste tipo. A saída está na liberdade econômica, no respeito à propriedade privada e no incentivo ao empreendedorismo. 

Somente com menos Estado e mais mercado será possível gerar empregos de qualidade, aumentar a renda média da população e garantir que os brasileiros possam, de fato, ganhar bem para arcar com suas necessidades básicas. O futuro do país depende de escolhas difíceis, mas necessárias. E a hora de fazê-las é agora.

Rayane Fernandes Goncalves Borges

Colunista

Diretora Geral da SkillsMapping e Mentora de Carreira e Gestão de Pessoas [RH] na Ementor. Neurocientista Comportamental, e Bacharel em Administração, com MBA em Gestão e Liderança de Pessoas pela UFRJ.

Diretora Geral da SkillsMapping e Mentora de Carreira e Gestão de Pessoas [RH] na Ementor. Neurocientista Comportamental, e Bacharel em Administração, com MBA em Gestão e Liderança de Pessoas pela UFRJ.