Economia

ONS diz que pedido para adiar manutenção de térmicas faz parte de procedimento

Foi solicitado às usinas termelétricas que não fizessem paradas para manutenção no segundo semestre deste ano, previsto para ser período mais crítico de crise hídrica no Brasil

O diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Luiz Ciocchi, confirmou à reportagem que foi solicitado às usinas termelétricas que não fizessem paradas para manutenção no segundo semestre deste ano, período mais crítico previsto para a crise hídrica que está afetando o Brasil, para poupar os reservatórios das hidrelétricas.

O pedido já havia sido feito à usina nuclear de Angra 2, por exemplo, como antecipado pela reportagem, para permitir a volta da unidade antes de agosto, mês em que a crise deve se agravar. Sua parada, em junho, tirou 1.350 megawatts (MW) do Sistema Interligado Nacional (SIN).

“Faz parte do procedimento. Não há nada de excepcional”, afirmou Ciocchi à reportagem. O pedido visa poupar os reservatórios das hidrelétricas com a substituição pelas usinas térmicas, que desde o ano passado vem sendo acionadas e este ano tiveram seus despachos intensificados, aumentando a conta de luz do brasileiro por usarem, na sua maioria, combustível fóssil.

Os reservatórios das hidrelétricas do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, responsáveis por 70% da geração hídrica do País, estão perdendo volume de água dia a dia, devido à falta de chuvas. Ontem, 16, esses reservatórios estavam apenas 27,7% cheios, contra 50,91% no mesmo dia do ano passado.

Os reservatórios do Sul também estão em franca queda, já tendo perdido 4,8% da água armazenada no acumulado em julho, e registram nível de 37,9%, frente aos 59,95% em 16 de julho de 2020.

O governo deve lançar também em breve algum tipo de incentivo para as indústrias deslocarem suas produções de horário, reduzindo a pressão da demanda por energia no horário de ponta do consumo. De acordo com Ciocchi, a expectativa é de que haja adesão ao programa.

O ONS descarta apagões ou racionamento este ano, mas especialistas alertam que se as chuvas no período chuvoso (novembro a abril) ficarem abaixo da média histórica, como neste ano, o Brasil pode ter problemas de abastecimento em 2022, principalmente se a vacinação contra o covid-19 avançar e impulsionar a retomada da economia.