Empresas em crise fechando suas portas, aumento do desemprego e queda na renda do trabalhador são alguns dos efeitos da pandemia do novo coronavírus. Diante de um cenário tão crítico, a solução encontrada por milhares de capixabas para sustentar suas famílias tem sido abrir um pequeno negócio. Segundo o Portal do Empreendedor, vinculado ao Ministério da Economia, o Espírito Santo ganhou 16.037 novos microempreendedores individuais (MEIs) de 31 de março a 1° de agosto de 2020.
Ao todo, o Estado tem 269.672 pequenos negócios individuais regularizados junto ao Ministério da Economia, e as cidades que lideram o ranking são, respectivamente, Vila Velha (41.690 MEIs), Serra (40.597), Cariacica (26.338) e Vitória (25.564) na Região Metropolitana. Já no interior do Espírito Santo, Cachoeiro de Itapemirim é o município com maior número desse tipo de negócio: 11.415. A maior parte desses novos negócios são do setor de alimentação e vestuário.
Para o economista Mário Vasconcelos, o aumento na formalização de negócios é um sinal positivo em meio a tantas dificuldades surgidas com a ameaça do novo coronavírus. “Sem dúvida é um dado positivo. É o empreendedor que surge em função das dificuldades, perdeu o emprego, precisa sustentar a família e tem uma habilidade. Ele monta um negócio, se formaliza e passa a ter uma ocupação, gerando renda pra si e para sua família e ainda contribui com o governo, porque está pagando impostos”, afirma o especialista em economia doméstica.
Segundo o economista, entre os benefícios de atuar na formalidade, o microempreendedor individual pode, além de manter o pagamento ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), contribuindo para sua aposentadoria, aparecer no cenário formal da economia e ser visto por possíveis parceiros de negócios, podendo também ter acesso a linhas de crédito específicas. Outra vantagem do MEI é o auxílio doença, que garante o recebimento de um salário mínimo durante o período em que o cidadão precisar se afastar de suas funções por acidente de trabalho ou problemas de saúde.
A retomada da economia não se dará de imediato, há cerca de 12,8 milhões de desempregados, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), e, acima de tudo, é preciso ter uma assessoria e não se aventurar, como ressalta Mário.
“O importante é buscar sempre uma assessoria. Sem ter um plano de negócios, a pessoa pode perder dinheiro, ainda mais se não tiver experiência de mercado e não dominar a área em que vai atuar. Se vou montar uma sorveteria, nunca trabalhei nisso e nem gosto de sorvete, sem uma assessoria eu vou quebrar, seguramente. É preciso calcular taxa de retorno, tamanho do investimento, custos da atividade, elaborar fluxo de caixa, analisar a concorrência, buscar o melhor fornecedor, entender o público, enfim, uma série de questões técnicas que não podem jamais ser subestimadas”, conclui.
Campanha para fortalecer comércio local
Ao perceber essa movimentação na economia capixaba, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/ES) iniciou deu início à campanha “Compre do Pequeno”, focada na valorização do comércio local, próximo de casa, na busca de fortalecer esses micro e pequenos empreendedores do Espírito Santo.
De acordo com o superintendente do Sebrae/ES, Pedro Rigo, o projeto se trata de estimular uma parceria entre consumidor e o pequeno comerciante local.
“A campanha é buscar estimular o consumidor capixaba a consumir a produtos do Espírito Santo, ajudar a potencializar o comércio local, o seu bairro, o seu vizinho. Caso você identifique que o comerciante próximo não está empregando os protocolos de segurança sanitária no seu estabelecimento, peça a ele que procure o Sebrae/ES. Nós estaremos prontos para ajudar e orientar esse empreendedor. Com isso, ele poderá aumentar seu faturamento e colaborar com o restabelecimento do mercado”, diz Pedro.
Para auxiliar consumidores e comerciantes, a página do do órgão tem disponível (https://sebrae-porondecomecar.com.br/) um mapa colaborativo com os estabelecimentos dispostos prontos para vender seus produtos. Quem procura montar o próprio negócio também encontra o suporte necessário para reduzir riscos e iniciar a vida de microempreendedor.