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Artigo escrito por Luana Nandorf, gerente de Agência Sicredi, proprietária do Café Nandorf, membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de Finanças de 2024 do IBEF-ES e presidente do IBEF Academy.
Nos últimos anos, o mercado de consórcios no Brasil tem apresentado um crescimento notável, especialmente em períodos de alta da taxa Selic. A Selic, sendo a taxa básica de juros da economia brasileira, influencia diretamente o custo do crédito no país.
Consórcios emergem como alternativa aos juros altos
Quando essa taxa sobe, os juros dos financiamentos e empréstimos tradicionais também aumentam, tornando essas opções menos atrativas para os consumidores. Consequentemente, os consórcios emergem como uma alternativa viável e atraente.
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A taxa Selic, controlada pelo Banco Central, é um instrumento crucial na política monetária brasileira, usado principalmente para controlar a inflação.
Quando a inflação está alta, o Banco Central aumenta a Selic para desestimular o consumo e controlar os preços. No entanto, essa medida também eleva os juros dos financiamentos tradicionais, tornando-os mais caros.
Por exemplo, em 2021, a Selic estava em 2% ao ano, subindo para 13,25% em meados de 2022. Esse aumento significativo teve um impacto direto nos juros cobrados pelos bancos, tornando os financiamentos de imóveis, veículos e outros bens duráveis mais onerosos.
Como resultado, muitos consumidores buscaram alternativas menos custosas, tais como os consórcios.
Os consórcios se destacam em períodos de alta de juros porque funcionam de maneira diferente dos financiamentos tradicionais.
Consórcios são uma opção mais econômica?
Em vez de juros, os consórcios cobram uma taxa de administração, que geralmente é mais baixa. Isso os torna uma opção mais econômica para aqueles que desejam adquirir bens de alto valor sem pagar juros.
Dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC) ilustram bem essa tendência. Em 2022, o número de participantes em consórcios cresceu 8,4% em comparação a 2021, totalizando cerca de 8,5 milhões de consorciados.
Em termos de negócios, o volume de créditos comercializados atingiu R$ 280 bilhões, um aumento de 10% em relação ao ano anterior.
Para entender melhor a correlação entre a Selic e os consórcios, por exemplo, em 2023, com a Selic em 13,25%, o aumento no volume de créditos comercializados por consórcios foi expressivo. Em comparação, em 2021, com a Selic a 2%, o crescimento foi mais modesto.
Número de novas cotas de consórcio vendidas registra aumento
Além disso, o número de novas cotas de consórcio vendidas também aumentou. No primeiro semestre de 2023, foram vendidas aproximadamente 1,5 milhão de novas cotas, um crescimento de 12% em relação ao mesmo período de 2022.
Esse aumento demonstra como os consumidores estão cada vez mais optando pelos consórcios em um cenário de juros altos.
Não é novidade que o aumento da taxa Selic tem um impacto direto nas decisões financeiras dos consumidores.
Financiamentos tradicionais menos acessíveis
Com os juros mais altos, os financiamentos tradicionais tornam-se menos acessíveis, levando muitos a buscar alternativas mais econômicas.
Os consórcios, com suas taxas de administração mais baixas e previsibilidade financeira, emergem como uma solução atrativa.
Em um cenário de alta da Selic, entender essa dinâmica é crucial para consumidores e empresas que buscam tomar decisões financeiras mais informadas e vantajosas.
Cada momento traz seus ônus e bônus. A nossa vantagem está em entender em que momento econômico estamos e ter conhecimento dos produtos financeiros para usufruir da fase.
Este texto expressa a opinião do autor e não traduz, necessariamente, a opinião do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo