Economia

Pesquisa aponta que negras ganham 40% a menos que homens brancos no Brasil

Em 2014, 10,2% das trabalhadoras negras estavam desempregadas, enquanto a taxa de homens brancos era de 4,5%. A menor remuneração e o maior contingente de empregadas sem carteira assinada

Mulheres negras são as que têm trabalhos mais precários e menos rentáveis, diz estudo do Ipea Foto: Divulgação/Ipea

Um estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Ministério do Trabalho mostrou que, apesar de menor, a discrepância entre os salários de homens e mulheres no Brasil ainda existe. Em 2014, o rendimento feminino ultrapassa os 70% da renda masculina, ainda que elas estudem mais tempo: 6,4 anos, enquanto os homens, 5,3.

Os números estão na Pesquisa Mulheres e Trabalho: breve análise do período 2004-2014, realizada com base nos dados da inserção da mulher no mercado na última década, contidos na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  A análise traçou, ainda, um diagnóstico que servirá de partida para ações e políticas públicas que promovam e ampliem a igualdade de gênero no mundo do trabalho.

Entre os dados do IBGE, a pesquisa descobriu que há uma estabilização da presença feminina no mercado de trabalho. Em 2005, 59% das mulheres em idade economicamente ativa trabalhavam, passando para 56% em 2011 e 57% no último ano analisado.

E se as desigualdades de gênero ainda estão enraizadas no mercado de trabalho nacional, para as mulheres negras o cenário é ainda pior. Segundo os dados, em 2014, 10,2% das trabalhadoras negras estavam desempregadas, enquanto a taxa entre os homens brancos era de 4,5%. 

Além disso, a Pnad mostra um alto índice de precarização das atividades desenvolvidas por trabalhadoras negras: 39,08% das mulheres negras ocupadas estão inseridas em relações precárias de trabalho, seguidas pelos homens negros (31,6%), mulheres brancas (26,9%) e homens brancos (20,6%).

A menor remuneração e o maior contingente de empregadas sem carteira assinada e em atividades reconhecidas como autônomas são as das mulheres negras. Mesmo com o movimento de aproximação das rendas, em 2014 as mulheres negras ainda não haviam alcançado 40% da renda dos homens brancos, que era de R$ 2.393, em comparação aos seus rendimentos médios de R$ 946.

A pesquisa do Ipea indica ainda que 5,9 milhões de brasileiras são trabalhadoras domésticas. Entre as mulheres negras, 17,7% ocupam essa função. Já entre as mulheres brancas, a participação é de 10%.