Economia

Petroleiros infectados em plataforma: sindicato admite risco de desabastecimento

Coordenador do Sindipetro afirmou que se novos casos de contaminação acontecerem em outras plataformas petrolíferas, produção será comprometida

Foto: TV Vitória
Valnísio Hoffmann destacou que, desde que os 53 trabalhadores foram isolados após apresentarem sintomas de Coronavírus, as atividades foram paralisadas na FPSO Capixaba

Após 53 petroleiros apresentarem sintomas do Novo Coronavírus, o navio-plataforma onde eles trabalham, o FPSO Capixaba, que atua no litoral sul do Espírito Santo, paralisou suas atividades. 

Com isso, o coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro), Valnísio Hoffmann, afirmou que a preocupação da entidade é que casos semelhantes aconteçam em outras plataformas da Petrobras, resultando em novas paralisações de atividades. Ele admitiu que, se isso acontecer, há risco de desabastecimento em postos de combustíveis no estado.

“A Capixaba está parada. Existe uma equipe de contingência mínima, apenas para manter a segurança da plataforma. A P-58, que é uma plataforma própria, já reduziu a produção. Ela estava em 30 mil barris, numa capacidade [de produção] de 150 [mil barris]. E se ocorrer uma contaminação como essa em outras plataformas, a chance de ocorrer a parada de produção com certeza existe”, alertou.

Hoffmann acredita que o fato de muitos estrangeiros atuarem na plataforma FPSO Capixaba pode ter facilitado a chegada do Novo Coronavírus ao local. “Nos aeroportos e ônibus que esses trabalhadores vinham, eles não passavam pelo isolamento que nós solicitamos para a Petrobras, e que ela está aplicando nas plataformas próprias. Ela deveria ter exigido da SBM as mesmas medidas que ela está implantando nas plataformas próprias. Então essa particularidade de ter muitos trabalhadores de fora, é claro que acabou aumentando o risco e nós temos aí 53 com sintomas e 34 confirmados com covid-19”, destacou.

>> Coronavírus: petroleiros podem ter sido infectados por colega de trabalho

As condições de trabalho na plataforma serão investigadas pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Segundo o coordenador do Sindipetro, é possível apenas minimizar os riscos de contaminação.

“Os camarotes geralmente são divididos em três até quatro trabalhadores. Então imagina se um subiu contaminado. Ele vai contaminar dois ou três que estão no mesmo camarote. Esses trabalhadores, durante o dia, trabalham com outros colegas, de outros setores. O refeitório é compartilhado, então você acaba pegando os objetos. Então realmente é difícil não ter risco. O importante é tentar minimizar essa contaminação”, frisou Hoffmann.

O que diz a Petrobras

Por meio de nota, a Petrobras informou que, desde o início da pandemia, vem adotando medidas preventivas em linha com as recomendações de autoridades sanitárias e órgãos reguladores. Segundo a empresa, um comitê de crise avalia diariamente a evolução do quadro no país e nas unidades, decidindo por novas ações preventivas. 

A Petrobras destaca algumas das medidas já adotadas, como adoção do teletrabalho em todas as atividades administrativas e para as pessoas no grupo de risco em qualquer atividade; redução do efetivo nas unidades operacionais ao mínimo necessário para a operação segura em atividades essenciais; aquisição de testes para casos suspeitos; isolamento monitorado pré-embarque; e monitoramento contínuo de todos os casos suspeitos e confirmados.

A companhia disse também que monitora os casos suspeitos, dentro ou fora de suas unidades, desde o primeiro reporte de sintomas. “Tomamos todas as medidas preventivas para evitar o contágio nesses casos, além de orientar o colaborador e seus familiares por meio das nossas equipes de saúde, seguindo as definições das autoridades sanitárias. Quando esses casos ocorrem nas unidades offshore, é feito o desembarque imediato”, informou. 

Por fim, a Petrobras ressaltou que também acompanha as medidas e planejamento das empresas responsáveis por unidades afretadas.

Isolamento

Os 53 petroleiros que apresentaram sintomas da covid-19 estão isolados, em quartos separados, em um hotel na Serra. O estabelecimento está recebendo como hóspedes apenas os trabalhadores dessa plataforma. De acordo com a empresa que administra a rede de hotéis, todos os funcionários adotaram medidas de prevenção antes mesmo de receber os pacientes.

Assim que apresentaram os sintomas, os petroleiros foram levados de helicóptero para o hotel, onde os testes foram feitos. Dos 53 trabalhadores com sintomas, 34 tiveram resultado positivo para a covid-19. Dois pacientes apresentaram sintomas mais graves e precisaram ser internados.

Nesta sexta-feira (10), a Sesa confirmou que cinco trabalhadores que apresentaram sintomas da covid-19 são do Espírito Santo. Desses, três testaram positivo para o Novo Coronavírus. Segundo a Sesa, nenhum deles apresentou sintomas graves da doença.

A SBM Offshore, empresa responsável pela FPSO Capixaba, afirmou que os pacientes estão recebendo atenção médica e sendo monitorados.

Com informações da jornalista Andressa Missio, da TV Vitória/Record TV