Economia

Produção industrial sobe 3,1% em 2024, apesar de recuo no fim do ano

Ano passado registrou o terceiro melhor resultado nos últimos 15 anos. Ficou atrás só de 2010, que teve alta de 10,2%, e de 2021, com taxa de 3,9%, segundo IBGE

Setor de veículos automotores foi um dos que mais cresceram no ano passado. Crédito: Divulgação
Setor de veículos automotores foi um dos que mais cresceram no ano passado. Crédito: Divulgação

A indústria brasileira fechou o ano passado com crescimento de 3,1%, o terceiro melhor resultado nos últimos 15 anos. Ficou atrás só de 2010, quando registrou alta de 10,2%, e de 2021, com taxa de 3,9%. Os dados são da Pesquisa Industrial Mensal, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Apesar do bom resultado do ano, o setor encerrou 2024 com o pé no freio. A produção recuou 0,3% em dezembro ante novembro. Foi o terceiro resultado negativo consecutivo. Uma sequência de três quedas na produção não era vista desde 2021.

No entanto, a perda foi bem mais amena do que a queda mediana de 1,2% prevista por analistas. No quarto trimestre, a produção teve ligeiro recuo de 0,1% ante o trimestre imediatamente anterior.

Perda de intensidade

Apesar do menor ritmo dos últimos meses, o saldo final da produção em 2024 foi robusto. Houve crescimento considerável em relação a 2023 (0,1%), avaliou André Macedo.

“Isso contrasta com essa leitura do final do ano de 2024, com essa perda de intensidade. O ponto mais elevado da produção no ano de 2024 foi alcançado no mês de junho.”

Macedo diz que o crescimento do setor industrial em 2024 foi impulsionado pelo aquecimento do mercado de trabalho. Em outras palavras, o desemprego caiu, mais pessoas trabalharam e a massa de salários na economia aumentou. Assim, o cenário favorável levou a um aumento no consumo das famílias. Juntamente com medidas de estímulos fiscais, alta na renda e maior concessão de crédito.

“Ao longo do ano, a indústria consolidou um processo de recuperação, com a produção do setor puxada, em maior medida, pelos setores produtores de bens de consumo duráveis e de bens de capital”, diz a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

No entanto, a entidade espera que a tendência de acomodação do fim de 2024 se intensifique ao longo de 2025, sob impacto do aperto monetário, menor impulso fiscal e ambiente externo mais desafiador.

Segmentos

O crescimento na produção industrial em 2024 foi disseminado, com expansão nas quatro grandes categorias econômicas e em 20 dos 25 ramos industriais pesquisados. As principais influências positivas para a média total da indústria partiram de veículos automotores (12,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (14,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (12,2%), produtos alimentícios (1,5%) e produtos químicos (3,3%).

Entre as categorias de uso, os destaques foram os avanços em bens de consumo duráveis (10,6%) e bens de capital (9,1%), embora também tenham crescido os bens intermediários (2,5%) e os bens de consumo semiduráveis e não duráveis (2,4%).

PIB

O resultado melhor do que o esperado em dezembro fez o banco Santander Brasil aumentar sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre, de uma alta de 0,4% para 0,5%, informou o economista do banco Gabriel Couto.

No geral, o resultado reforça o nosso cenário de desaceleração gradual da atividade econômica nos próximos meses, com contribuições positivas de segmentos não cíclicos, como a agricultura. Gabriel Couto, economista do Santander

O economista Pedro Crispim, da gestora de recursos da G5 Partners, diz que há cada vez mais indícios de uma eventual desaceleração da economia, mas concorda com a avaliação do Comitê de Política Monetária (Copom) de que é preciso cautela para firmar uma leitura categórica sobre o comportamento da atividade econômica.