Economia

Produtores de aço citam acordo no primeiro governo Trump e esperam reversão de tarifa

Instituto Aço Brasil afirma que medida causa desequilíbrio na corrente de comércio entre os dois países e espera abertura de diálogo para reverter decisão

Indústria siderúrgica do Estado pode ser afetada por aumento de tarifas. Crédito: Divulgação
Indústria siderúrgica do Estado pode ser afetada por aumento de tarifas. Crédito: Divulgação

O Instituto Aço Brasil, entidade que representa empresas produtoras de aço, inclusive a ArcelorMittal que opera no Espírito Santo, emitiu uma nota sobre o aumento de tarifas de exportação para os Estados Unidos em 25%.

O aumento foi definido pelo presidente americano, Donald Trump. Segundo a entidade, a medida causa desequilíbrio na corrente de comércio entre os dois países e espera abertura de diálogo para reverter a decisão.

O instituto disse ainda que o acordo para exportação de aço do Brasil para os Estados Unidos foi firmado justamente no governo Trump, em 2018. Por isso, os produtores brasileiros se dizem surpreendidos com a decisão do presidente americano.

Importante ressaltar que a negociação ocorrida em 2018 atendeu não só o interesse do Brasil em preservar acesso ao seu principal mercado externo de aço, mas também o interesse da indústria de aço norte-americana, demandante de placas brasileiras. Os Estados Unidos importaram, em 2024, 5,6 milhões de toneladas de placas por não dispor de oferta suficiente para a demanda do produto em seu mercado interno, das quais 3,4 milhões de toneladas vieram do Brasil. As exportações brasileiras de produtos de aço para os Estados Unidos cumpriram integralmente as condições estabelecidas no regime de ‘hard quota’, não ultrapassando, em momento algum, os volumes estabelecidos tanto para semiacabados como para produtos laminados.

A nota diz ainda que o Brasil não promove “concorrência predatória” como faz, por exemplo, a China.

Cabe ressaltar que o mercado brasileiro também vem sendo assolado pelo aumento expressivo de importações de países que praticam concorrência predatória, especialmente a China, razão pela qual o Instituto Aço Brasil solicitou ao governo brasileiro a implementação de medida de defesa comercial, estando em vigência, atualmente, o regime de cota-tarifa para 9 NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul) de produtos de aço. Assim, ao contrário do alegado na proclamação do governo americano de 10 de fevereiro, inexiste qualquer possibilidade de ocorrer, no Brasil, circunvenção para os Estados Unidos de produtos de aço oriundos de terceiros países.

O trecho acima afirma que não houve, em momento nenhum, intenção da indústria brasileira de promover práticas desleais, como a burla na aplicação de medidas de defesa comercial.

Por fim, o Instituto Aço Brasil diz na nota que está confiante na abertura de diálogo entre os
governos dos dois países, de forma a restabelecer o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos nas bases de 2018, em razão da parceria ao longo de muitos anos e “por entender
que a taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para ambas as partes”.

Espírito Santo

As medidas devem afetar diretamente o Espírito Santo, já que mais de 63% das exportações de aço do Estado foram para os EUA em 2024.

Segundo dados da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), em 2024 o Espírito Santo exportou US$ 1.802.012.458 (R$ 10.397.611.882,66) de ferro fundido, ferro e aço. Nesse ano, apenas Minas e Rio exportaram mais: US$ 4.417.547.370 (R$ 25.489.248.324,9) e US$ 2.333.967.110 (R$ 13.466.990.224,7), respectivamente.

O total que entidades capixabas exportaram no ano passado representou mais de 15% de todo país. Foram US$ 11.908.089.794 (R$ 68.709.678.111,38) no período. Do mesmo modo, a Sefaz avalia que é importante analisar quanto dos produtos são exportados do Brasil pelo nosso Estado.

“Assim, do montante dos produtos exportados pelo Brasil em 2024, US$ 3.130.877.347 ( R$ 18.065.162.292,19) saíram do país pelos portos do ES. Desses, US$ 1.592.861.288 (R$ 9.190.809.631,76) tiveram como destino os Estados Unidos”, diz nota da Sefaz.

Na sequência, como maiores importadores de empresas estabelecidas no Estado aparecem Canadá (US$ 236.475.182), México (US$ 79.959.521) e Alemanha (US$ 55.709.067).

Oportunidades de aço

O que parece um problema num primeiro momento, pode se transformar em oportunidade num segundo momento. É assim que avalia o Sindicato de Comércio de Importação e Exportação do Estado (Sindiex).

Esse cenário de mudanças nas relações internacionais oferecem novas possibilidades para diversificação de mercados e expansão do comércio exterior. Acreditamos que, com diálogo e parcerias estratégicas, vamos avançar ainda mais, aproveitando, além da nossa posição geográfica privilegiada, a infraestrutura crescente para alcançar novos destinos e consolidar o Estado como um player importante no comércio internacional. Nota do Sindiex

Data marcada

As tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre importações de aço e alumínio devem entrar em vigor a partir de 12 de março. A medida vale para todos os países, incluindo o Brasil. A informação vem das ordens executivas detalhadas divulgadas pela Casa Branca.

Trump destacou a necessidade de encerrar acordos especiais com diversos países que facilitavam a entrada em território americano de metais importados de lugares com “capacidade excessiva de produção”, especialmente da China. Entre eles, o republicano cita o Brasil, a Argentina e o México.

A decisão também revogou a isenção sobre o aço produzido na Ucrânia. “Na minha visão, os acordos com esses países falharam em prover meios de contribuição de longo prazo para a segurança nacional dos EUA”, disse o presidente americano.