O número de famílias endividadas em Vitória continua crescendo. Em outubro, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada pela Fecomércio-ES alcançou 68,8%, o que corresponde a 87 mil famílias e ao maior nível registrado em 2016.
Por outro lado, o tempo médio de atraso para o pagamento das contas ou dívidas em atraso está bem menor que no ano passado, em outubro de 2015 era de 68,1 dias, em outubro de 2016 foi de 48 dias. E o indicador que mostra aqueles que não terão condições de pagar as dívidas atrasadas permanece baixo em 6,2% (no mesmo mês do ano passado esse percentual era o dobro, 12%).
O percentual de endividados é maior entre as famílias com renda de até dez salários mínimos, com 71,4%. Já para as famílias com renda maior do que dez salários mínimos, a porcentagem é de 51,7%.
Segundo o presidente da Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri, a inflação possui maior influência na corrosão da renda para aquelas famílias com renda mais baixa, diminuindo a capacidade de pagamento: “Os itens de maior peso no orçamento de quem tem renda menor foram os que ficaram mais caros ao longo de 2015 e 2016, deixando o bolso mais apertado”, explica.
Substituição do modelo de dívida
A pesquisa também revelou que as famílias têm buscado outras formas de financiamento. O cartão de crédito, considerado um dos principais vilões no endividamento devido aos altos juros era responsável por pouco mais de 70% das dívidas em 2015. Em outubro de 2016 esse percentual caiu para 51%. Já as dívidas com crédito pessoal aumentaram, passando de 5,3% em outubro 2015 para 46,4% no mesmo mês de 2016. O uso de carnês também aumentou, em 2015 correspondiam a 18,7% das dívidas e em 2016 esse número aumentou para 38,5%.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Vitória, João Elvécio Faé, comentou a mudança de atitude do consumidor ao diminuir o uso do cartão de crédito: “Devido à crise no cenário econômico atual, as operadoras dos cartões aumentaram muitos os juros, isso fez com que as famílias fossem obrigadas a buscar alternativas, o crédito pessoal está entre elas”, segundo ele, os juros mais baixos impedem que as dívidas se acumulem tanto.
Entre os endividados, a parcela de comprometimento da renda com dívidas (como por exemplo, cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês, empréstimo pessoal, prestações de carro) foi, em média, de 25,6%. Esse percentual está abaixo do máximo recomendável de 30% de comprometimento da renda com esses tipos de dívidas.
“O fator desemprego ainda é forte e interfere diretamente na capacidade de pagamento das contas da família, mas a expectativa para os próximos meses é que as pessoas utilizem parte do 13º salário para quitar dívidas: Isso terá efeito na diminuição da inadimplência. Por outro lado, é preciso tomar cuidado para que o endividamento não aumente por conta das festas de final de ano”, destaca o presidente da Fecomércio-ES.