Em tempos de discussão sobre o mercado de trabalho no Brasil, onde houve registro recente de queda na desocupação da população, uma das alternativas tem sido a atividade informal. Algumas iniciativas chegam até a se encorpar e tomar outros rumos. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), Carlo Giovanni Lapolli, o ramo representa hoje 2% das ocupações no País.
“Hoje calculamos que temos 2% do mercado de empregos. São 2%! Nos empregos diretos, temos 12%. Empregamos mais do que as grandes cervejarias. Então, é muito significativo e democrático. Temos cervejarias artesanais em 500 municípios, que dá 90 milhões de pessoas. As pessoas têm perto delas uma cerveja artesanal”, afirmou o presidente da entidade.
Nessa conta, Carlo Lapolli faz a média de quantos empregos são gerados por cervejaria. “Geram uma média de cinco, seis empregos, e são mais de mil cervejarias no Brasil todo. O Espírito Santo retrata muito esse ‘boom’. O Brasil está há cerca de quatro anos em crise. Mesmo assim, o mercado cresceu e surgiram mais de 400 cervejarias nesse período”.
Nos últimos dez anos, segundo Lapolli, o mercado de cerveja artesanal teve um impulso, primeiro sendo uma época de formação. “Era uma coisa muito de nicho as pessoas conhecerem cerveja artesanal. Era muito pequeno o grupo que fazia, que estudava cerveja, e foi ampliando”, disse.
O mais interessante nesse processo, segundo o presidente da Abracerva, é que a maioria tem curso superior. “Médico, engenheiro, advogado, administrador de empresa, e montou agora um segundo negócio, que é a cervejaria. O nível de escolarização de quem trabalha com cerveja, 98% tem superior incompleto pra mais. Então, é um pessoal muito escolarizado”.
O grande entrave, segundo o presidente da Abracerva, é o imposto. “O consumidor paga mais caro, porque é uma tributação mais cara. A gente paga mais imposto do que uma cervejaria grande. Isso é um fator que ainda segura um pouco o crescimento da cerveja”.
Cervejarias capixabas
Entre os nomes que mais se destacam no Espírito Santo, a cervejaria Barba Ruiva, de Domingos Martins, levou três medalhas no World Beer Awards 2019, em Londres, um dos concursos cervejeiros mais importantes do mundo. A marca capixaba ganhou o prêmio de melhor cerveja do mundo.
“Somos o primeiro brew pub do Estado, que é o bar da fábrica, onde você consome onde a cerveja é produzida. É um reconhecimento do nosso trabalho. Ganhar medalhas nacionais e internacionais coloca não só o nome da cervejaria em destaque, mas de todo o trabalho que é feito com cervejas artesanais no Espírito Santo”, acredita Pedro Groberio Souto, um dos sócios da marca.
Outra característica que tem sido importante na produção de cervejas artesanais é a regionalização do produto, seja com ingredientes ou a identificação da marca. “A gente percebe que o capixaba tem orgulho das coisas que são feitas no Espírito Santo. Nossa ideia é levar isso, com a cerveja para fora do Estado, mas começando por aqui”, disse Leonardo Leal, proprietário da cervejaria Convento, que tem a marca em homenagem a um dos maiores pontos turísticos do Estado e usa as cores azul, branca e rosa.