Economia

'Reabertura vai priorizar compras', diz coordenador da associação de shoppings no Espírito Santo

Representantes da Abrasce no Espírito Santo entregaram ao Governo do Estado uma proposta de protocolo para que os centros comerciais possam ser reabertos

Foto: Divulgação/Shopping Vitória
O Shopping Vitória é um dos centro fechados no ES | Imagem de arquivo

Fechados há exatamente dois meses, os shoppings centers do Espírito Santo estão na expectativa da reabertura. Na tarde desta segunda-feira (18), representantes da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) no Espírito Santo entregaram ao Governo do Estado uma proposta de protocolo a ser seguido para que os centros comerciais possam ser reabertos.

Entre as medidas preventivas propostas pelos shoppings estão o funcionamento em horário reduzido, suspensão de eventos, uso obrigatório de máscaras para funcionários, lojistas, consumidores e frequentadores, o aumento da frequência de desinfecção das áreas públicas e o fechamento de áreas para dimensionar o fluxo de pessoas. As praças de alimentação também terão menos assentos e ambos serão posicionados respeitando uma distância segura entre um e outro.

De acordo com o coordenador estadual da Abrasce e diretor-geral do Shopping Vitória, Raphael Brotto, todos os shoppings já se adequaram, conforme o protocolo, e estão preparados para a reabertura. “Foi entregue um material muito detalhado, baseado em normas internacionais de abertura de shoppings. É um documento completo. Os shoppings já vêm se preparando desde março, porque os decretos eram semanais. A cada semana, se criava uma expectativa e, agora, ainda mais. Pois já são 60 dias de fechamento”, disse.

Para ele, a reabertura do comércio de rua, na semana passada, também deve ser levada em consideração para a reabertura dos centros comerciais. “Nós entendemos que a quarentena teve o seu papel, mas entendemos que é necessário o retorno do shopping, principalmente porque o comércio de rua abriu na semana passada e isso está causando um desequilíbrio, pois uma parte do comércio funciona e outra não. Temos percebido, também, que o governo está fazendo de tudo para viabilizar, dentro do que é possível”, destacou.

Brotto ainda afirma que a reabertura será, predominantemente, para compras. Para ele, o período de fechamento fez com o que surgissem necessidades que os clientes não conseguem suprir em outros estabelecimentos. “Os shoppings vão abrir sem lazer, sem cinema, sem eventos infantis, sem lojas para público infantil. Essa abertura gradativa vai priorizar compras. As pessoas passaram a ter necessidades que não são supridas por supermercados e farmácias”.

Em todo o Brasil, de acordo com o representante da Abrasce no Espírito Santo, foram fechados 577 shoppings desde o início da pandemia. Destes, 88 já foram reabertos e não houve a necessidade de um novo fechamento. Ele ainda destaca que o comportamento dos clientes também foi alterado. “Já estão completando 30 dias desde a primeira reabertura. O máximo do pico de clientes é de 50% do que era antes. O tempo de permanência no shopping, que era uma média de 76 minutos, se tornou, no máximo, 25 minutos. Agora, 40% das pessoas estão indo, vão com o objetivo de comprar. Não estão havendo passeios e nem os shoppings estão induzindo para isso”, explica.

Com a limitação do número de clientes que terão acesso aos centros comerciais, uma das preocupações é a aglomeração em filas para entrar nos shoppings. Raphael Brotto explicou que uma alternativa para evitar isso também foi pensada. “Existe uma saída, que é abrir as portas um pouco antes da abertura dos shoppings. Estamos pleiteando o horário de 12h às 20 horas, que é o horário padrão de todos shoppings que já reabriram no Brasil. Queremos abrir meia hora antes e deixar que as pessoas comecem a circular pelo local, ainda com as lojas fechadas. Assim se evita a aglomeração na entrada”.

Diferente do funcionamento do comércio de rua, na qual foi decretada a reabertura em revezamento, por tipo de atividade comercial, os shoppings buscam uma outra proposta, intercalando a abertura de lojas. Além disso, o horário de funcionamento é diferente do que é realizado nas lojas que estão nas ruas.

“A viabilidade para o shopping, neste momento, neste turno de 12h às 20 horas, é intercalar as aberturas. Por exemplo: de meio-dia às 18 horas, funcionam Praça de Alimentação, lojas de serviços e grandes lojas, as âncoras. Às 14 horas, se iniciaria as lojas que chamamos de satélite, e vão até as 20 horas. O benefício disso é a distribuição da população, para intercalar um pouco. Quando se estabelece este horário, é apenas um turno. Isso resulta em menos pessoas indo trabalhar e não sobrecarrega o transporte público”, disse Raphael Brotto.

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O protocolo conta com o apoio técnico de um dos mais respeitados infectologistas do Brasil, o médico Edimilson Migowski, doutor em doenças infecciosas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professor da Faculdade de Medicina da mesma universidade desde 1993.

Migowski explica que ficou responsável por dar maior objetividade ao protocolo, incluindo itens essenciais à segurança dos trabalhadores e frequentadores dos shoppings e excluindo outros considerados desnecessários.

“Meu papel foi balizar essas condutas, usando os conhecimentos científicos como base para aprimorar a segurança dos shoppings na contenção e prevenção de doenças infecciosas, entre elas a covid-19. Orientei sobre a distribuição dos pontos onde devem ficar o álcool em gel, a higienização dos dutos de ar condicionado, a distribuição das cadeiras nas praças de alimentação, entre outras medidas”, explicou.

Segundo o infectologista, as medidas podem ser implementadas mais facilmente em shoppings do que no comércio de rua, cuja liberação gradual já teve início na semana passada. “Os shoppings têm mais facilidade de controlar o acesso das pessoas, manter um distanciamento entre elas. Na hora de fazer a manutenção do ar condicionado, por exemplo, em um único lugar você consegue ter uma noção do todo. Então é mais fácil fazer nesses lugares do que em lojas que não se comunicam”, argumentou.

Segundo o decreto mais recente, do governo do Espírito Santo, a única forma de comercialização autorizada nos shoppings é por meio de drive thru, quando o cliente entra em contato com o lojista por telefone ou WhatsApp, para combinar a forma de pagamento, e retirar o produto no estacionamento dos centros comerciais.