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Depois de ser alertado pelo setor de construção que a liberação das contas do FGTS poderia comprometer financiamentos à casa própria, o Governo Federal passou a estudar alternativas para evitar uma retirada maciça dos recursos.
Uma delas é deixar que os trabalhadores retirem parcela do FGTS uma vez por ano, no mês de aniversário. Em troca, seria preciso abrir mão de resgatar todo o fundo caso seja demitido sem justa causa.
Com o intuito de evitar uma redução grande no volume de recursos do fundo, que é usado como fonte para financiamentos a juros mais baixos, a equipe econômica passou também a trabalhar com outras regras para os saques.
Nesta sexta-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro confirmou ter conversado com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e com dois empresários do setor da construção civil sobre as preocupações do setor com a desidratação que a liberação do saque do FGTS pode causar no financiamento de construções do programa habitacional Minha Casa Minha Vida.
Em conversa com o jornal online Folha Vitória, o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon), Paulo Baraona, comentou sobre a possibilidade da liberação do fundo e os impactos que podem gerar no setor. Para ele, é preciso dialogar com o governo sobre o assunto.
Folha Vitória: Com liberação do saque do FGTS e o trabalhador podendo gastar onde quiser, como fica o cenário para o setor imobiliário?
Paulo Baraona: “Hoje, o “Minha Casa Minha Vida” representa mais de 50% das obras de construção civil em todo o Brasil. Existe uma preocupação muito grande. Nós já estamos tendo dificuldade [com as mudanças na economia] desde o ano passado. Não somos propriamente contra o saque das pessoas. Não temos garantia de que as pessoas vão usar esse dinheiro no setor e movimentar a economia. Você pode ver que quando as pessoas têm um dinheiro sobrando, elas investem no ramo imobiliário. Não somos contra o investimento do trabalhador em bens de curto prazo, mas é uma situação preocupante, porque você mexe com o universo econômico a nível de Brasil”
FV: Com o anúncio da possibilidade de saque anual, muda alguma coisa para o setor?
PB: “Quando se discute o assunto, procuramos uma solução melhor para todas as partes. O governo precisa disciplinar melhor isso e estar discutindo, pois o governo está aberto a discussão. A categoria espera que governo dialogue melhor e leve em consideração a importância do setor para a economia do país”.