Com o objetivo de gerar conteúdo sobre a relação entre as reformas políticas estruturantes e as expectativas do cenário macroeconômico nacional, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) participou, na última quinta-feira (30), de um debate, que também foi protagonizado pelo economista-chefe da Apex Partners, Arilton Teixeira, e contou com a participação de empresários do Espírito Santo. O encontro aconteceu na Sala de Operações da Apex Partners.
Durante a conversa, Ferraço apontou que o desafio da era “pós-PT” é grande, mas que a agenda de reformas do presidente Michel Temer está avançado. De acordo com ele, o andamento das discussões no Congresso indica que a reforma da previdência será aprovada ainda neste ano devido à alta capacidade de articulação do PMDB no Congresso. O senador também demonstrou preocupação com a possibilidade do projeto dessa reforma sofrer uma “desidratação”, ou seja, alterações durante o processo legislativo de aprovação nas casas do Congresso Nacional devido à pressão das corporações organizadas.
Sobre a reforma trabalhista, Ferraço afirmou que a aprovação da terceirização é um bom sinal e que deve aumentar a geração de empregos e oportunidades no país. Ele também destacou que a reforma trabalhista é essencial para garantir o aumento dos investimentos, a retomada da economia e que o projeto busca reforçar a tendência de valorizar o negociado entre as partes em detrimento do legislado. Segundo ele, as reformas tributária, política e do ensino deve ser votadas no Congresso somente após a aprovação da reformas previdenciária e trabalhista, prioridades no presente momento.
Além disso, Ferraço elogiou as concessões dos aeroportos em outros estados e apontou que elas devem continuar, já que o governo não tem mais dinheiro para investir. Sobre os projetos de infraestrutura no Espírito Santo, ele demonstrou otimismo com relação ao impacto do andamento das obras para a economia do estado. Segundo ele, o aeroporto de Vitória fica pronto ainda neste ano e, operacionalmente, no início do ano de 2018.
Com relação a BR-262, ele afirmou que a etapa de Viana até Vitor Hugo já está contratada, faltando somente a licença ambiental do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), que deve sair no próximo mês. Há também a possibilidade da Vale renovar a concessão da Ferrovia Vitória-Minas pela contrapartida de investir no trecho Vitória-Presidente Kennedy. Já o contorno do Mestre Álvaro deve começar em 90 dias.
Com relação ao cenário político, Ferraço acredita que Temer finalizará seu mandato. No que se refere às eleições de 2018, o senador vislumbra a possibilidade do PT lançar Lula, caso não seja condenado, ou Fernando Haddad, protagonizando contra o candidato do PSDB, que pode ser João Dória, caso as pesquisas demonstrem que este tenha mais popularidade do que Aécio, Serra e Alckmin para a disputa.
Por fim, Ferraço afirmou estar omitista com a perspectiva do país encerrar 2017 muito melhor do que encerrou 2016. De acordo com ele, um exemplo disso é que o Brasil terminou janeiro deste ano com a criação de 40 mil empregos e com a expectativa de crescimento do PIB em 0,5%, denotando perspectivas de melhora e recuperação da economia.
Já Arilton Teixeira apontou problemas, como os altos gastos do governo, a rigidez da legislação trabalhista e os privilégios do funcionalismo público, mas também apontou soluções que surgem no horizonte, como as reformas previdenciária e trabalhista, melhorando as expectativas do mercado com relação à economia para o ano de 2017. Ele também apontou que o Brasil taxa como se fosse um país rico, com a carga tributária em torno de 35% do PIB, investe como se fosse um país pobre, com 1.0% do PIB em 2016, e gasta como se fosse um país de idosos, com 13,5% do PIB com aposentados em 2016.
Entretanto, Arilton apontou também o caminho das reformas. De acordo com ele, é necessária a aprovação das reformas previdenciária, trabalhista e tributária, além do aprofundamento das privatizações e da reforma do ensino. Focalizando nas privatizações e concessões, o economista destacou que medidas como a reforma da previdência tem resultado no longo prazo, mas medidas como privatizações e concessões possuem efeito imediato, no curto prazo, atraindo investimentos e gerando mais eficiência. Portanto, para ele, é muito mais viável, urgente e necessária no momento a privatização de empresas e ativos controlados pelo estado, especialmente no que se refere à infraestrutura e ao setor de saneamento.
Tais reformas, concluiu Arilton, devem servir para fortalecer a retomada do equilíbrio nas contas públicas, o que gera, em consequência, mais confiança nos investidores e, portanto, mais investimentos para o país, auxiliando no crescimento do PIB e na geração de emprego e renda. É visível, portanto, que há sinais de retomada na economia, dada a perspectiva positiva com relação às reformas coordenadas pelo Governo Federal, com projeção de crescimento no PIB e de queda da inflação e da taxa de juros para o ano de 2017.