No litoral Sul capixaba, que depende em grande parte da cultura da cana-de-açúcar, a safra da única usina de açúcar e álcool da região, neste ano, foi 75% menor do que a possível. Segundo a Usina Paineiras, que fica em Itapemirim, apesar da sua capacidade ser de moer 1,2 milhão de toneladas de cana, só 285 mil foram processadas na safra encerrada no último dia 4 de outubro. Este resultado tinha sido previsto e anunciado no mês de setembro.
Responsável por cerca de 15.000 empregos diretos e indiretos, a empresa atribui a maior parte desse resultado à estiagem que arrasou grande parte das lavouras dos municípios de Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy.
“Nossa região tem mais de 500 agricultores familiares, quase todos dedicados exclusivamente ao cultivo da cana. Entre eles, a quebra na produção foi de 90%. A maior parte da cana que a usina moeu, desta vez, foi própria. E houve queda na qualidade da cana, devido às variações do clima, reduzindo muito a produtividade”, informa o diretor de Negócios da Usina Paineiras, Antonio Carlos de Freitas.
Uma grave crise no setor, no entanto, tem se alastrado há anos. Além das estiagens, há especialmente a política federal de controle do preço de combustíveis, que impede até mesmo o repasse dos aumentos dos custos de produção tanto para os agricultores, quanto para as usinas, ainda segundo o diretor da Usina Paineiras.
“Para amenizar essa crise, as lideranças do setor sucroalcooleiro de todo o Brasil têm estimulado o governo federal a elevar a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), que é uma contribuição sobre o consumo de petróleo, para estimular o consumo de etanol e gerar receita para os deficitários caixas da União e dos estados. E, em nível estadual, buscamos que o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre o comércio de etanol hidratado seja reduzido, conforme realizado recentemente por vários outros estados, para voltar a estimular o cultivo da cana e a produção de açúcar e álcool, favorecendo as indústrias e a geração de empregos”, resume Antonio Carlos de Freitas.