Economia

Saiba quais são as grandes empresas do ES que investem em startups

Para as companhias de grande porte, já consolidadas no mercado, uma ideia inovadora pode abrir caminho para o futuro e trazer benefícios para todos

Foto: TV Vitória

Unir a experiência e o reconhecimento no mercado com ideias inovadoras, de quem está apenas iniciando sua trajetória. Essa é a ideia das parcerias firmadas entre as grandes empresas e as chamadas startups, formadas por um grupo de pessoas que atuam principalmente com foco na inovação tecnológica.

No Espírito Santo, companhias de grande porte estão descobrindo e investindo no potencial da nova geração de negócios. Um exemplo é a Time Now, que atua há 25 anos no setor de gestão de projetos imobiliários e industriais. 

A empresa se tornou uma grande incentivadora de startups. Entre os parceiros, está a empresa do engenheiro Pedro Guizard, que desenvolveu um sistema de monitoramento de saúde, voltado para a segurança do trabalho.

“A gente é uma empresa de biotecnologia. Então a gente se utiliza de biossensores para coletar dados vitais, em tempo real, para que a gente consiga predizer esses eventos que podem ocorrer durante a execução do trabalho”, destacou o sócio-proprietário da empresa, que citou um exemplo. 

“De um motorista eu posso falar de sonolência. Então eu tenho que antecipar esse evento e interagir com esse profissional, de forma 100% autônoma, pelo nosso dispositivo, para que eu faça duas coisas: consiga manter esse profissional bem, para executar a atividade e conseguir voltar para casa em segurança, e ter o mais alto nível de produtividade na execução da atividade”, frisou.

Para as grandes empresas, já consolidadas no mercado, uma ideia inovadora pode abrir o caminho para o futuro e trazer benefícios para todo mundo. Justamente por isso elas optam por investir em empresas iniciantes, para as quais oferece infraestrutura física e anos de conhecimento e relacionamento.

“A gente acredita muito no poder da inovação aberta. Essas startups normalmente carregam competências e habilidades que nós, como grandes empresas, não temos. Então é uma forma de a gente acelerar e colaborar nesse processo. Eles trazem muita tecnologia embarcada em suas soluções e isso alavanca soluções já ofertadas pelo mercado, ou até mesmo a geração de novas soluções ou negócios para a companhia”, destacou Octávio Magalhães, head de inovação da Time Now.

“A gente acredita muito no poder de relacionamento com as startups. É uma via de mão dupla, em que a gente leva a nossa expertise de mercado e eles trazem todas as competências e habilidades que uma startup normalmente tem”, completou.

Outra grande empresa que atua no Espírito Santo e que está de olho nas startups é a EDP, concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica no estado. Para a diretora de inovação da empresa, Andrea Salinas, as parcerias são fundamentais para a evolução da companhia no setor energético.

“A gente tem que buscar novas fontes de energia, como a solar ou até mesmo o hidrogênio, e a inovação tem muito a ver com isso. Tem a ver com tecnologia, tem a ver com novos formatos de gestão, tem a ver com novas empresas, que podem trazer novas ideias para o setor de energia”, ressaltou.

A diretora da EDP explica como é o processo de investimento nas startups. “O primeiro ponto é sempre entender uma solução que casa com uma dor que a companhia tem. É fazer um teste, o que a gente chama de uma prova de conceito. E uma vez que essa prova de conceito mostra que tem aplicabilidade no nosso negócio, nós podemos desenvolver essa startup, contratar os serviços dela ou até mesmo fazer um investimento”, disse.

“O que a gente quer, na verdade, é dar sustentação para essa startup crescer sem mexer no negócio dela. Deixar que ela tenha agilidade, deixar que o empreendedor cresça e que ele continue trazendo boas soluções para dentro da companhia”, acrescentou Andrea Salinas.

Quem também tem investido bastante em startups é a Apex Partners, empresa que tem como foco proporcionar soluções financeiras personalizadas aos seus clientes. De acordo com o head de Venture Capital da Apex Partners, Felipe Caroni, a empresa já investiu em 11 startups, sendo oito apenas neste ano.

“O propósito da Apex é desenvolver o mercado de capitais no Espírito Santo. Um das formas de fazer isso é incentivar o empreendedorismo e a inovação. Temos apostado em projetos inovadores e com alto potencial de crescimento. São startups de diversas áreas, como saúde, educação, crédito, finanças e varejo”, destacou.

Caroni ressaltou ainda que a parceria beneficia ambos os lados. “Damos todo apoio para que as empresas alcancem seus objetivos e, como consequência, temos o nosso retorno financeiro. Nós adquirimos uma parte minoritária dessas startups e esperamos vender futuramente. Além de selecionar as empresas certas, nosso desafio é criar valor para as investidas”, acrescentou.

Investimento do setor público nas startups

O setor público também tem investido nas startups no estado. É o caso do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes).

“A diversificação é importante para que uma crise, num eventual mercado A, não venha afetar todo o mercado capixaba. E é exatamente por isso que nós acreditamos que investimento em empresas com perfil de tecnologia, de inovação, vão nos possibilitar sair desse ciclo”, ressaltou o diretor-presidente do banco, Munir Abud.

A instituição oferece R$ 60 milhões em créditos específicos para negócios inovadores, além de outros R$ 250 milhões do fundo soberano do governo do Estado, que também podem ser acessados pelas startups.

“O banco hoje também é, aqui no Estado do Espírito Santo, o único repassador da Finep, que é uma linha de crédito própria para empresas que queiram investir em inovação. Nós temos hoje um orçamento de R$ 60 milhões para ser gasto todo ano somente com isso”, frisou Abud.

Em 2021, mais de 2,1 milhões de novos pequenos negócios foram criados no país. No momento em que o Espírito Santo começa a se destacar na criação de empresas com base tecnológica, o reality Espírito Startup surge como uma ferramenta importante de divulgação e incentivo para a nova geração de empreendedores.

“Acho que esse é o grande benefício: dar visibilidade para algo que talvez hoje seja muito restrito para um grupo de pessoas. E fomentar o sentimento de empreender”, salientou Octávio Magalhães.

Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV