Levanta a mão quem nunca participou ou, até mesmo, organizou uma festinha com os amigos da escola, nos tempos do Ensino Fundamental ou Médio. Com o capixaba Felipe Fioroti não foi diferente. Focado, determinado e visionário, ele não imaginava que suas festas da oitava série, no porão de casa, resultariam em super produções, reunindo mais de 16 mil pessoas e orçamentos que aproximam de R$ 1,5 milhão.
Fioroti é um dos grandes nomes da nova geração de empreendedores capixabas e se tornou marca registrada nos principais eventos do Espírito Santo. À frente da Brava Entretenimento, ele faz da diversão uma oportunidade. Quem curte eventos, como os tradicionais Baile do Dennis , “The Best Summer Of Your Life”, Café de La Musique Guarapari, BeboDireito, entre outros, talvez nem conheça a história e quem está por trás disso tudo.
Capixaba, genuinamente, da gema, Felipe nasceu em Vitória. Com apoio dos avós, ele sempre teve a oportunidade de ser aprovado no vestibular da Universidade do Espírito Santo (Ufes), onde cursou Direito. O que ele não sabia era que daquela turma de futuros advogados nasceria um dos seus mais tradicionais eventos, o Bebo Direito.
Antes de realizar a primeira festa com ingressos esgotados e bebida no valor de R$ 1, Fioroti fez a Festa do Porão que, como o próprio nome já diz, aconteceu no porão de sua casa. Era apenas uma festinha entre amigos, mas ali já começava a visão empreendedora do então adolescente. Para bancar os gastos, até ingressos foram vendidos a R$ 3.
O tempo foi passando e Felipe gostando cada vez mais do ramo. Filho de técnico em eletrônica, que possuía uma loja de som automotivo, ele montou um pequeno equipamento de som e iluminação, usado para trabalhar como DJ. “Eu tinha que correr atrás. Tudo da minha vida era assim. Falo que não comecei do zero, comecei do negativo. Já comecei devendo”, brinca, ao lembrar que precisou pagar pelo reparo em um carro do amigo, na qual ele se envolveu em um acidente.
Leia também: ‘O tempo não é difícil, ele é apenas diferente’, diz Geraldo Rufino sobre empreendedorismo
Diante das agitações da turma de faculdade, Felipe teve a ideia de fazer uma festa para a galera. Foi ali que teve a sacada de vender uma bebida, que era novidade na época, por apenas R$ 1. Foi um extremo sucesso, servindo de inspiração para outras festas por vários anos. “O Bebo Direito marcou a minha vida e a vida de muita gente”, recorda.
Ele começou cedo, mas afirma que não há hora para empreender. Cada um tem seu tempo. “Cada pessoa tem seu time. Às vezes o cara vai empreender com 40, 50 anos. Nunca é tarde. Eu empreendi com 20 e aquele era o meu tempo. Tudo aconteceu para que eu desviasse do meu mundo de Direito e entrasse no mundo dos eventos”, conta.
Para Fioroti, o mercado é extenso e não há espaço para prejudicar o concorrente. O importante é cada um ter o seu diferencial. “O mercado está aí pra todo mundo empreender e correr atrás. Todo mundo pode empreender. Faça o seu e faça o melhor. Assim você continua no mercado por muito tempo”, disse.
Na quinta-feira (23), Fioroti conversou com Augusto Carrara, no Papo com Gigante, ao vivo, no Instagram do Folha Vitória. Confira os pilares para ser gigante, com base no bate papo com o fundador da Brava Entretenimento.
Inspiração familiar para empreender
“Meu pai largou uma carreira sólida na Vale para trabalhar consertando videocassete, som. Todos falaram que ele era louco, mas entendi que loucura é estar em algum lugar sem fazer o que ama. Por isso o ímpeto por empreender”
Criatividade é essencial
“Não dá para ser mais do mesmo. Sempre busquei inovar no jeito de fazer meus negócios. Seja uma promoção em um produto “boi de piranha”, até fazer o maior baile do mundo para mais de 16 mil pessoas em Guarapari”
Olhar para perpetuidade do negócio
“É essencial fazer análise de viabilidade para entender se é ou não sustentável. Equilibrando sempre preço x qualidade. A percepção de valor sempre precisa ser maior do que o preço”
Eu sou especialista em não dar certo
“Durante 12 anos da minha vida dei errado e não ganhei dinheiro. Deu muito mais errado do que certo. Porém o diferencial é que não errava as mesmas coisas. A resiliência me ensinou a não desistir, mesmo quando tudo dava errado. Dar errado faz parte do game, mas quando você consegue dar mais certo do que errado o seu jogo e sua vida mudam”
Se não tem espaço no mercado, crie outro para você
“O mercado não me dava chance de contratar os artistas que estavam em alta no momento, por não ter nome mercado. Tinha duas opções: 1 – Me fazer de coitadinho e desistir dos meus sonhos. 2 – Buscar novas possibilidade de mercado para que pudesse continuar no meu sonho. Escolhi a opção 2 e enxerguei um mercado marginalizado na época e hoje sucesso em todos os níveis sociais que era o funk”
Toda vez que estamos no buraco voltamos mais fortes
“Eu dei errado muitas vezes. No ano de 2016, fiz 80 eventos que todos me deram prejuízo, fomos com a empresa para o buraco. Voltamos algumas casas no jogo, enxergamos tudo que estávamos errando e voltamos muito mais fortes”
A realização é o troféu do empreendedor
“Sei que é muito difícil, irá dar mais errado do que certo, mas quando acertar enxergue como troféu. Curta, valorize e celebre cada conquista”