Economia

Se Trump aumentar imposto de produtos brasileiros, Brasil vai taxar americanos, diz Lula

Em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto, presidente disse que haverá reciprocidade em taxar importados dos Estados Unidos

Trump disse em discurso que Brasil, China e Índia taxam demais. Crédito: Divulgação
Trump disse em discurso que Brasil, China e Índia taxam demais. Crédito: Divulgação

O presidente Lula disse que, se o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, taxar produtos importados do Brasil, haverá reciprocidade.

“Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são importados dos Estados Unidos. Não há nenhuma dificuldade”, disse Lula em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto.

Em evento para republicanos na Flórida, na segunda-feira, 27, o presidente americano afirmou que o Brasil está entre os países que cobram muitas tarifas e que querem “prejudicar” os EUA.

“A China é um grande criador de tarifas, assim como a Índia, o Brasil e muitos outros países. Não vamos permitir que isso continue, porque vamos colocar os Estados Unidos em primeiro lugar”, afirmou Trump.

Eu quero respeitar os EUA e quero que o Trump respeite o Brasil. Se isso acontecer, está de bom tamanho. Da minha parte, o que eu quero é melhorar a relação com os EUA, exportar mais se for necessário, importar mais se for necessário, e manter nossa relação de 200 anos. Lula, presidente do Brasil

Lula disse que “não há nenhum interesse agora”, nem dele nem de Trump, em um telefonema ou encontro.

“Essas conversas só acontecem quando você tem interesse, tem alguma coisa para tratar”, afirmou. Ele disse que um encontro pode acontecer na ONU “se ele não desistir da ONU também”.

“Esse negócio de descumprir o Acordo de Paris, dizer que não vai dar dinheiro para OMS (Organização Mundial da Saúde), é uma regressão à civilização humana”, destacou.

Questão climática

O presidente disse que “é preciso fazer uma discussão séria se queremos discutir a questão do clima com seriedade, se queremos uma transição energética de verdade e se queremos mudar o nosso planeta para podermos sobreviver nele”.

Segundo ele, a COP-30, em Belém, vai ser “um balizamento” do que o governo quer daqui para frente.

Em qualquer parte da Terra dão palpite sobre a Amazônia, todo mundo é especialista, todo mundo quer proteger. Então vamos fazer (a COP) lá, na cidade de Belém, para as pessoas saberem o que é a Amazônia. Lula, presidente do Brasil

Sobre a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, Lula disse que o país já não tinha cumprido o Protocolo de Kyoto.

“Os países se comprometeram a dar US$ 100 bilhões por ano para os países em desenvolvimento e até hoje não deram”, declarou.

O presidente elogiou a organização do G-20 no Brasil no ano passado e disse que o País pretende fazer o melhor encontro dos Brics e a melhor COP neste ano.

“Se não fizermos algo forte, a COP vai ficar desmoralizada”. Lula rebateu ainda questionamentos sobre a infraestrutura em Belém para receber as delegações de todo o mundo e afirmou que “ninguém vai ficar sem lugar para dormir”.