São Paulo – O setor da construção foi um dos principais responsáveis pelo aumento de 0,3% no nível de ocupação na Região Metropolitana de São Paulo entre abril e maio deste ano, com saldo de 27 mil postos de trabalho, de acordo com a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgada nesta quarta-feira, 24.
No período, o segmento apresentou um aumento de 5,9% no número de postos de trabalho na comparação com abril, ao gerar 41 mil postos de trabalho, na contramão da maioria dos dados recentes. A hipótese levantada pelo coordenador da pesquisa, Alexandre Loloian, é de que os principais fatores que têm afetado o desempenho do setor no País não estão presentes na mesma intensidade na região metropolitana da capital paulista. “Aqui, não há ações fortes do ‘Minha Casa, Minha Vida’, nem grandes obras de infraestrutura, então houve menos reflexo das empreiteiras”, disse, em referência às grandes construtoras envolvidas em denúncias de corrupção da Operação Lava Jato.
Por outro lado, pondera Loloian, as construções de empreendimentos residenciais que tiveram início nos últimos anos na região precisam ser finalizadas. “O setor teve uma grande baixa no nível de ocupação no final de 2014 e no primeiro trimestre deste ano e deu uma recuperada agora em abril e maio”, destacou. Para o especialista, este movimento é reflexo da recontratação de trabalhadores da construção para finalizar obras já iniciadas. “Dessa forma, o nível de ocupação volta ao nível de maio do ano passado”, destacou.
Já a indústria de transformação registrou, no mês passado, o nível de ocupação mais baixo desde janeiro de 2011, com 1,540 milhão de empregados. Na mesma base comparativa, o comércio registra queda de 6%, enquanto na construção e nos serviços, o nível de ocupação aumentou 6%. Considerando a média de 2011 como igual a 100, o nível de ocupação em todos os segmentos ficou em 100,6, em maio de 2015. “De maneira geral, ficamos cinco anos parados em termos de aumento da ocupação”, afirmou Loloian.
Desemprego
A taxa de desemprego subiu para 12,9% em maio ante 12,4% em abril, de acordo com o Seade, um comportamento considerado “não usual” pelo coordenador da pesquisa. Esta é apenas a terceira vez que isso ocorre em 30 anos. “As outras duas vezes em que o desemprego aumentou em maio foi em 1990 e 1992. Em todos os outros anos da série, que começa em 1985, houve queda ou estabilidade na taxa”, destacou.
O economista da Fundação Seade chama a atenção para outro movimento importante revelado pela PED. Entre abril de 2014 e abril de 2015, a massa de rendimentos dos ocupados apresentou queda de 9,3%, já descontada a inflação no período, o que significa uma perda do poder de compra na RMSP de R$ 1,9 bilhão. “É um baque fantástico nas vendas, que contribui para que a situação atual se agrave”, destacou, exemplificando que a diminuição de tal montante em circulação é um desestímulo para as vendas e formação de estoques.