*Artigo escrito por Alessandro Coutinho Ramos, pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão na UVV (Universidade de Vila Velha) e líder do Comitê Qualificado de Conteúdo de Inovação e Tecnologia do IBEF-ES.
O termo startup deriva de “Start up”, que em sua tradução literal do inglês, significa “iniciar” ou “começar”. Isto faz total sentido, uma vez que o foco de uma startup é frequentemente uma inovação, seja um produto, um processo, um serviço, uma tecnologia ou um modelo de negócio.
Devido a essas características, as startups exploram intensivamente a ciência e a tecnologia para implementar suas ideias de forma mais eficiente e a um custo menor.
A Uber e o iFood, por exemplo, tornaram-se líderes em seus respectivos mercados, em grande parte devido à eficiência, usabilidade e inovação de seus aplicativos.
Se não tivessem investido fortemente no desenvolvimento tecnológico e na inovação, é provável que não se destacassem da forma como fizeram.
A capacidade de oferecer serviços acessíveis, através de plataformas digitais, é uma das principais razões do sucesso dessas startups.
Mas seria uma startup também uma empresa tradicional? Não, uma startup não é uma empresa tradicional, embora possa evoluir para se tornar uma com o tempo.
A distinção entre startups e empresas tradicionais se baseia principalmente na natureza de seus objetivos, abordagens e modelos de negócios.
Considere um novo restaurante de sushi em seu bairro, ou seja, é uma nova empresa, mas não uma startup.
Por outro lado, imagine uma empresa local que desenvolve um dispositivo automático inovador para fazer sushi com a intenção de revolucionar a indústria de comida japonesa, isso sim é uma startup.
A Amazon, Netflix, e Airbnb começaram como startups, no entanto, uma vez que consolidaram sua posição no mercado, seus desafios aumentam e o foco muda da inovação para a execução de uma operação enxuta e rentável.
Ao contrário das startups que podem depender de várias fontes de financiamento, os negócios estabelecidos devem ser autossustentáveis, obtendo lucros de suas ofertas principais.
Para esses negócios, os objetivos podem abranger metas de receita, estratégias de expansão, eficiências de produção ou otimização de recursos. Enquanto startups estão centradas em avaliar a demanda por uma solução inovadora, negócios tradicionais priorizam operações sustentáveis para garantir longevidade.
De acordo com Steve Blank, professor adjunto de Empreendedorismo na Universidade de Stanford (EUA), as startups não são pequenas versões de grandes empresas, e estas não são pequenas versões de startups. Blank afirma que grandes empresas executam modelos de negócio e startups estão buscando novos modelos de negócio.
Com o tempo, muitas startups bem-sucedidas, como Uber ou Netflix, passam por essa transição, evoluindo para entidades estabelecidas. E no ciclo contínuo da inovação, esses gigantes podem um dia enfrentar a disrupção de uma nova onda de startups.
Uma tendência mundial é o reconhecimento do valor das startups e da inovação aberta por corporações, e isto já acontece com empresas no Brasil, como Natura, Coca-Cola e Itaú, que acreditam na parceria com startups para impulsionar a sua inovação.
Estas colaborações entre startups e empresas tradicionais são benéficas para ambas as partes.
As startups ganham visibilidade, recursos e a oportunidade de testar e refinar suas soluções em cenários reais, já as grandes empresas, por sua vez, têm acesso a soluções inovadoras, flexíveis e, muitas vezes, mais ágeis do que as que poderiam ser desenvolvidas internamente com seu próprio time.