Com as reduções ao longo do mandato do presidente Jair Bolsonaro, a Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, foi uma das apostas do governo para reaquecer a economia do país e movimentar o mercado, permitindo que investidores se arrisquem mais. Muitos se viram estimulados a tentar novos investimentos ou modificar os que já tinham. Veja como você pode aplicar seu dinheiro neste período.
O conselheiro do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo (Corecon-ES), Heldo Siqueira da Silva Junior, explica que o banco pega o dinheiro que seria da Selic e empresta para as outras pessoas, por isso, quando há uma baixa nos juros, isso significa que investimentos de renda fixa, como a poupança e o Certificado de Depósito Bancário (CDB), passaram a render menos, levando as pessoas a buscar investimentos mais rentáveis, como a renda variável, por exemplo.
Heldo vê o investimento em ouro como uma opção para quem busca segurança em momentos como esse. “O ouro é uma reserva de valor para esses momentos, para momentos em que você não tem muita incerteza”, revela. Para ele, itens como o ouro e os imóveis, por exemplo, são bons investimentos, pois tendem a se valorizar, não necessariamente no preço, mas por serem ativos mais buscados pelas pessoas.
Selic baixa é positivo
O economista Antônio Marcus Machado explica que é positivo que a taxa esteja baixa. Ela faz com que grandes investidores assumam um pouco mais de risco, investindo em mercados que hoje não existem no Brasil ou são insuficientes. “Aí, mais uma vez a bola da vez é o mundo digital. E aí você vai de transporte, saneamento, entretenimento, turismo. Tem um mundo aí. Com essa questão da pandemia, todos os países estão valorizando o seu turismo interno. No Brasil é zero, então você pode crescer nesse mercado”, aponta.
Ele afirma ainda que para a população em geral os resultados positivos aparecem na abertura de novos postos de trabalho que a movimentação do mercado gera.
Como investir
Antônio Marcus informa que quem deseja investir, deve primeiro ter uma noção da própria renda. Se é uma pessoa de renda mais baixa, ela deverá ter muita segurança. Isso significa continuar na poupança, já que ela pode precisar desse dinheiro a qualquer momento. Para o economista, ela não deve se expor a risco nenhum, por menor que ele seja.
Já quem está na classe média, pode correr um pouquinho mais de risco de acordo com Antônio. São pessoas que devem continuar apostando nos fundos que são remunerados pela Selic. Por último, quem está com a renda acima da média e tem uma situação financeira equilibrada, a ideia é ir para o mercado de ações, porque muitas empresas vão ter as suas ações valorizadas por conta do programa de privatizações do governo.
Investimentos variados
Heldo Siqueira da Silva Junior enxerga a variação dos investimentos como uma forma de defender seus ativos. “Variar é sempre bom, mesmo quando a economia está numa situação melhor é sempre importante”, conclui.
Antônio Marcus compartilha do mesmo pensamento, mas acredita que a variação de investimentos deve ocorrer a partir de uma renda média.“A opção de variar os investimentos é a partir de rendas médias. O ideal é colocar 60% do que você tem em renda fixa e 40% em renda variável. Num país instável como o nosso. Na renda fixa você poderia até ganhar mais, mas ainda assim você ganhará algo. Na renda variável você não sabe quanto vai ganhar”, aponta.