O Banco Central deve anunciar, nesta quarta-feira (5), mais uma queda na Selic. A expectativa do mercado é de que o Copom (Comitê de Política Monetária) reduza a taxa básica de juros de 2,25% ao ano para 2%, ou seja, 0,25 ponto percentual.
A redução, apesar de positiva, terá um efeito muito pequeno na vida do brasileiro, segundo Miguel Ribeiro de Oliveira, diretor-executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade). Haverá um leve reflexo, segundo ele, nas operações de crédito.
“Isso ocorre por existir um deslocamento muito grande entre a taxa Selic e os juros cobrados do consumidor que, na média da pessoa física, atingem 93,35% ao ano e provocam uma variação de mais de 4.000% entre as duas pontas”, disse.
Oliveira fez simulações para mostrar como ficarão as taxas em sete modalidades de crédito para pessoa física se a redução da Selic a 2% for confirmada nesta quarta:
• Taxas de juros praticadas pelo mercado (pessoa física);
• Juros do comércio;
• Cheque especial;
• Cartão de crédito rotativo;
• Empréstimo pessoal (bancos);
• Empréstimo pessoal (financeiras); e
• CDC bancos (financiamento de automóveis).
Nas linhas de crédito, o menor impacto será nas taxas praticadas pelo comércio. Com a Selic a 2%, os juros da modalidade sofrerão uma variação negativa de 0,42%. A maior queda poderá ser sentida no CDC dos bancos para o financiamento de veículos: variação negativa de 1,43%.
Fernando Ribeiro, professor do Insper, também espera a redução da Selic, mas não quis cravar qual será o percentual. Ribeiro, assim como Oliveira, acredita que a queda deve afetar pouco o dia a dia das pessoas.
“Deverá haver uma redução dos juros na tomada de crédito, mas os bancos nunca cobrarão taxas correspondentes à Selic, de 2% ao ano. Esses empréstimos custam, em média, 4% ao mês”, disse Fernando Ribeiro.
Redução deve ser a última do ano
A queda de 0,25 ponto percentual na Selic deve ser a última do ano, segundo os economistas da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Para Fernando Honorato, coordenador do grupo consultivo macroeconômico da Anbima, as próximas reuniões do Copom devem manter a taxa. Porém, alguns fatores precisam ser considerados. “A manutenção desse patamar vai depender da evolução da pandemia no país e de seus efeitos na atividade”, disse.
Para a inflação, a mediana de estimativas dos economistas da Anbima se manteve em 1,7%. O grupo também revisou as projeções do PIB (Produto Interno Bruto) deste ano: a queda de 6,6% prevista na reunião anterior, em junho, passou para -5,5%.
A mudança é resultado das percepções dos economistas de que a flexibilização do isolamento social em algumas regiões do país e as políticas de transferência de renda do governo federal têm refletido na melhora dos indicadores de atividade econômica, principalmente nos setores:
• Comércio;
• Agronegócio;
• Exportações; e
• Construção civil.
Em relação ao PIB do segundo trimestre, a expectativa de queda de 11,65% passou para -9,5%.
* Com informações do R7.com