O Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES) passou a utilizar uma Inteligência Artificial Generativa, chamada de HubIA – com pronúncia Rúbia, como ponto central em diversas atividades desde o início de 2024. A iniciativa é do Núcleo de Inovação e Gestão de Dados (Niged) da Secretaria Geral de Tecnologia da Informação (SGTI).
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“HubIA utiliza informações que já estão estruturadas em outros sistemas e auxilia os servidores na criação de novos conteúdos e na execução dos seus fluxos de trabalho”, explica o auditor Pedro Busatto, gestor do Niged.
Por ser uma IA generativa ativa, a HubIA não precisa ser acionada explicitamente por nenhum usuário.
“Um exemplo de utilização é na análise das pautas das sessões. A assistente virtual lê todos os processos liberados para julgamento, faz análise dos pareceres da área técnica, do Ministério Público de Contas e do relator. Depois, faz um resumo dos principais pontos e já informa se há alguma divergência entre as partes”, explica Busatto sobre o trabalho que ainda é feito manualmente por servidores de cada gabinete.
Até o momento, a utilização está em fase de testes no Gabinete da Presidência.
“Quatro integrantes do gabinete que atuam nessa área estão responsáveis pelos testes e avaliações. Minha percepção é de que o sistema irá otimizar significativamente o trabalho delas, pois reúne todas as informações relevantes do processo de forma resumida. Os feedbacks têm sido muito positivos até o momento”, comenta Ariane Fontes, servidora do gabinete da presidência e idealizadora desta atividade da Rúbia.
A HubIA também está presente nas sessões do TCE-ES, em que cada decisão tomada pelos conselheiros gera alertas, recomendações, determinações e outras comunicações que precisam ser repassadas para os gestores envolvidos no processo.
“Anteriormente as comunicações precisavam ser cadastradas manualmente, para cada uma das partes do processo. Hoje, ocorre o preenchimento automático com IA dessas comunicações, com base no resultado dos processos”, afirmou o secretário-geral das Sessões, Odilson Barbosa Júnior.
São necessárias revisões
A auditora Elizabeth Klippel, responsável pela Secretaria de Tecnologia da Informação de Soluções para o Controle Externo do TCE-ES (STICEX), ressalta que todas as informações preenchidas automaticamente pela HubIA são apenas sugestões.
“Eventualmente, em situações excepcionais, alguma informação irá precisar ser complementada ou corrigida. E todos os outputs gerados precisam ser conferidos e confirmados pelo servidor que utiliza o sistema. Essa é uma premissa que adotamos em praticamente todas as nossas soluções que utilizam IA Generativa”, pontua Klippel.
Chat de Jurisprudência
Além da IA generativa, também será utilizada uma IA passiva, na qual o usuário faz alguma pergunta ou pedido e ela oferece uma resposta ou solução. É esse o caso do Chat de Jurisprudência do TCE-ES, também alimentado pela HubIA.
“Hoje a busca no sistema de Jurisprudência é feita por meio de palavras-chave, o que pode criar alguma dificuldade a quem usa, ou mesmo apresentar resultados que não têm relação com o que é solicitado. Com o Chat de Jurisprudência funcionando no mesmo estilo de ‘Chat GPT’, a busca é muito mais amigável”, afirma o coordenador do Núcleo de Jurisprudência e Súmula (NJS), Murilo Moreira.
“Neste caso, a Hubia utiliza como fonte de informação todos os processos que geraram jurisprudência dentro do Tribunal e que passaram pela análise do NJS. A partir dessa base de dados, ela consegue fornecer diversas respostas ou criar inúmeros textos a pedido do usuário”, informa Victor Sant’Ana Lemos, um dos desenvolvedores da nova solução.
O Chat da Jurisprudência está em fase final de homologação e será lançado, inicialmente, para o público interno do TCE-ES. Ainda segue em avaliação a possibilidade de se liberar o acesso ao público externo ao Tribunal.
Outras possibilidades
O secretário-geral de Tecnologia da Informação, Klayson Bonatto, entende que todas as alternativas já estão postas.
“Agora estamos estimulando os diferentes setores do Tribunal a debaterem conosco outras soluções que a inteligência artificial pode nos oferecer”, disse. “Nosso foco é fazer com que os servidores ganhem tempo para se concentrar nas atividades que demandam esforço intelectual. O que é mais ‘braçal’ queremos deixar para a inteligência artificial”, conclui Bonatto.