Economia

Um dos mais afetados pela pandemia, setor de eventos pede retomada junto ao governo do ES

Trabalhadores criaram o movimento Motivos para Comemorar e buscam o retorno de eventos que podem ser feitos de forma reduzida

Foto: Divulgação
Movimento busca liberar eventos que podem ser feitos de forma reduzida 

O setor de eventos capixaba foi um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. Sem previsão de retomada das atividades, que foram suspensas em março, muitos trabalhadores estão passando por dificuldades. Buscando o retorno de eventos que podem ser feitos de forma reduzida, como casamentos e aniversários, um grupo de trabalhadores se uniu e formou o movimento Motivos para Comemorar, que negocia com o governo do Estado uma possível volta.

Com quase metade dos trabalhadores demitidos, de acordo com levantamento feito pelo Sindicato de Empresas de Promoção, Organização e Montagem de Feiras, Congressos e Eventos em Geral do Espírito Santo (Sindiprom-ES), o movimento quer mudar esse quadro incluindo eventos feitos de forma reduzida na matriz de risco do Governo do Estado e podendo retomar essas atividades.

É o que explica Flávia, uma das integrantes do movimento, que já conta com a participação de 500 pessoas. Para ela, só voltar junto com os eventos maiores significaria continuar na espera. “Se formos englobados junto com os grandes eventos, pode acontecer de trabalharmos só depois da vacina. Nosso pleito é entrar na matriz de risco, e agora vamos conseguir conversar maneiras de voltar a fazer eventos, casamentos, festa de aniversário.”, pontua.

Flávia comenta ainda que o grupo já se reuniu com o Governo do Estado e com órgãos da área e está na expectativa de um retorno positivo. “O governo vai liberar uma nova matriz de risco. Estamos fazendo algumas reuniões com o governo do Estado, a Secretaria de Cultura e Turismo para entrar na matriz de risco”, informa.

Setor passa por dificuldades

No Espírito Santo, segundo dados do Instituto Jones dos Santos Neves, só no primeiro trimestre deste ano o setor de atividades culturais era responsável por empregar mais de 11 mil pessoas. Dessas, muitas são autônomas e viram suas rendas praticamente sumir com a chegada do novo coronavírus. É o caso da produtora cultural e executiva do conjunto BatuQdellas, Lara Toledo, que acabou perdendo 80% dos seus rendimentos mensais.

Foto: Karina Loyola
Lara Toledo perdeu boa parte da renda com a pandemia

Com a agenda de shows do grupo cancelada e um projeto de lançar três faixas de um EP paralisado, Lara não sabe quando retornará à rotina. Ela ressalta ainda que mesmo com a oferta de linhas de crédito por parte do Governo Estadual, é inviável contratar um financiamento quando não há perspectiva de retorno financeiro para dar conta dos empréstimos. A produtora cobra também uma movimentação do Governo Federal.

Rominho Dias, proprietário de um cerimonial de Vitória também sofreu prejuízos sem os eventos sociais e não tem ideia de quando poderá voltar a atuar. “Janeiro e fevereiro já costumam ser meses mais fracos, e eu apostava nos próximos meses para conseguir reverter a minha renda. Nossa agenda de festas para o cerimonial estava cheia entre os meses de março a julho mas, com a pandemia, tivemos que cancelar. Algumas pessoas optaram por remarcar os eventos, mas nos casos de aniversários o cancelamento predominou.” revela.

Segundo Rominho, a situação dele só não foi pior porque não precisou fazer devoluções aos clientes. Ainda assim, ele destaca que a renda foi a zero durante todo o período.

Sindiprom também tenta a flexibilização

Em documento produzido juntamente com as Instituições do setor de eventos do Espírito Santo, ABEOC-ES, AMPRO-ES e CONVENTION VISITORS BUREAU, o Sindiprom defende a possibilidade de flexibilização do setor no estado, além de uma retomada responsável. O Promoves destaca que o setor de eventos representa 7,8% do PIB do estado do ES e ajuda a gerar empregos.

Além disso, o documento destaca que é de caráter sugestivo, com o intuito de discutir possíveis soluções, tendo como base os principais protocolos sanitários do Brasil e do mundo. Com isso eles se comprometem a promover uma retomada seguindo as determinações dos governos municipais, estaduais e federal.

Documento traz como principais pilares para a retomada: distanciamento social, higiene pessoal, sanitização do ambiente, comunicação e monitoramento.

Sesa faz estudos

Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo, Sesa, informou que estudos já estão sendo feitos junto às Secretarias de Cultura e Turismo, mas não há qualquer previsão de flexibilizar os eventos no estado, mesmo os que podem ser feitos de forma reduzida.

A pasta esclarece ainda que segue em diálogo com os setores envolvidos, que estão preparando o protocolo.