As exportações de carne bovina brasileira para a China foram suspensas nesta quinta-feira (23) depois da confirmação de um caso do mal da vaca louca na cidade de Marabá, no Pará. A decisão do Ministério da Agricultura, em conjunto com o governo chinês, vai afetar também produtores do Espírito Santo.
Mais da metade da carne consumida no país asiático vem do Brasil. O Espírito Santo envia mensalmente cerca de 30 mil quilos para o país asiático. Em 2022, foram enviadas 360 toneladas. Segundo cálculos da Secretaria de Estado de Agricultura (Seag), essa quantidade representa 15% das exportações de carne bovina do estado para outros países.
“Aqui no Espírito Santo é um item que não tem tanta relevância no conjunto dos produtos exportados. Ou seja, exportamos em média de US$ 15 milhões a US$ 20 milhões. Além disso, os mercados principais para onde vão os produtos capixabas são basicamente o Oriente Médio e Filipinas”, descreve o secretário de Estado da Agricultura, Ênio Bergoli.
A suspensão faz parte do protocolo sanitário entre os dois países. O ministério descartou riscos para os consumidores. Amostras foram enviadas para um laboratório no Canadá, que poderá confirmar se o caso é atípico causado por mutação ou clássico, quando o animal é contaminado por causa da alimentação.
“Tudo indica que essa decisão vai ser rápida porque existe uma visita programada do presidente do Brasil à China em que certamente esse assunto não vai entrar na negociação dos países e, além do mais, as relações comerciais dos países passam por um bom momento”, acredita o presidente executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro.
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Ele minimizou o efeito do anúncio do caso do Pará. “Aparentemente, o Brasil não terá perda de exportação. O que pode acontecer no máximo é atrasar alguns embarques mas sem que deixe de exportar a carne bovina brasileira. O mundo todo aguarda uma decisão porque a doença da vaca louca sempre cria uma expectativa negativa. Mas o caso do Brasil é certamente um caso isolado”, pondera.
Segundo a pasta, a doença atingiu um animal macho de 9 anos, idade considerada avançada para bovinos, numa pequena propriedade em Marabá, no Pará. O boi, que era criado em pasto, sem ração, foi encontrado morto e teve a carcaça incinerada na fazenda. O local foi interditado pelo governo do Estado, em caráter preventivo.
“No Brasil, nós temos uma lei que nas rações dos animais confinados não podem ter restos animais, que são justamente esses componentes que colocam em risco a presença dessa contaminação da vaca louca. Se temos uma encefalopatia espongiforme bovina atípica não há risco de contaminação. Então não haveria nem porque essa suspensão das exportações para a China”, avalia o presidente da Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, Nabih Amim.
“Se o diagnóstico da encefalopatia clássica vier, aí tudo mudo porque isso coloca em risco a saúde humana”, acrescenta.
O preço da carne bovina na bolsa de valores brasileira já caiu quase 3% depois do anúncio da suspensão. A situação preocupa os produtores que temem que o valor caia ainda mais.
No fim da manhã desta quinta, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu com o embaixador da China no Brasil para tratar do assunto. A expectativa é de que a suspensão seja resolvida o quanto antes.
Com informações do repórter Rodrigo Schereder, da TV Vitória/Record TV