Economia

Peso no bolso do capixaba: vale-refeição termina antes da metade do mês e comer fora sai caro

O benefício dura apenas cerca de 13 dias. Nos demais dias de trabalho, o empregado se vê precisando usar o salário para completar a alimentação do mês

Foto: Divulgação

Os almoços fora de casa durante a semana têm pesado cada vez mais no bolso dos trabalhadores capixabas. É que o preço médio das refeições em Vitória é de quase R$ 40 (39,66), incluindo uma bebida e uma sobremesa.

Considerando o cenário de inflação, o saldo do crédito do vale-refeição do trabalhador não tem acompanhado o aumento do custo médio da refeição fora de casa. No Brasil, o preço é semelhante ao de Vitória, já tendo chegado a R$ 40,64, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT).

Desse modo, o benefício dura apenas cerca de 13 dias. Nos demais dias de trabalho, o empregado se vê precisando usar o salário para completar a alimentação do mês, conforme dados disponibilizados pelo grupo francês Sodexo. Antes da covid-19, o vale costumava durar 19 dias.

Na região Sudeste, Rio de Janeiro e São Paulo têm os maiores preços. Vitória vem em terceiro e, depois, Belo Horizonte. No país, o preço médio da refeição é 17,4% mais alto do que o cobrado antes da pandemia, em 2019.

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Cesta básica

Mas para quem acha que a saída é levar comida de casa para o local de expediente, a coisa também não está fácil, já que o preço da cesta básica também atinge níveis alarmantes. 

Em junho, o valor médio da cesta básica passou de R$ 698 para R$ 692 na capital, ou seja, encontrou leve redução, correspondente a 0,77% em relação ao mês anterior. Mas a realidade é que continuou cara.

De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os produtos que registraram as maiores elevações nos preços, entre maio e junho, foram o leite (8,53%), como já amplamente discutido, e a farinha (5,49%). Além deles, a manteiga (2,76%).

“Em junho de 2022 o valor da Cesta Básica em Vitória representou 61,80% do salário mínimo líquido. O trabalhador com rendimento de um salário mínimo necessitou este mês cumprir uma jornada de 125 horas e 46 minutos para adquirir os bens alimentícios básicos”, apresentou estudo do Dieese.

Usando como base de comparação a cesta mais cara do Brasil, que é a de São Paulo (R$ 777,01), em relação a qual a de Vitória não fica muito abaixo (R$ 692,84), e considerando a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deva ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estimou mensalmente o valor do salário mínimo necessário: em junho de 2022, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 6.527,67 ou 5,82 vezes mais do que o mínimo líquido atual de R$ 1.212.

Apesar disso…

O Congresso aprovou na última terça (12) a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2023, que serve de base para a Lei Orçamentária Anual (LOA). A LDO prevê salário mínimo de R$ 1.294 para o ano que vem. O valor representa um aumento de 6,77% sobre o salário mínimo deste ano, que é de R$ 1.212. 

O reajuste está abaixo da inflação prevista para este ano. Economistas do mercado financeiro preveem que o IPCA deve fechar o ano com alta de 7,67%, de acordo com o Boletim Focus, do Banco Central.

No documento enviado ao Congresso, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2023, 2024 e 2025 é estimado em 2,5%. A previsão para a taxa Selic é de 10% em 2023, 7,7% em 2024 e 7,1% em 2025.