Um relacionamento com uma instituição financeira não é sempre cheio de amores. Pelo contrário, muitos empregados se viam obrigados a permanecer em um banco que não lhes agradava. Para isso, surgiu a portabilidade do salário.
Para entender melhor sobre este direito de escolher em que banco o colaborador quer receber seu pagamento, independente da opção feita pelo empregador ou empresa, a reportagem do Folha Vitória conversou com especialistas.
Para o economista Antônio Marcus Machado, ex-secretário de Planejamento, Orçamento e Gestão na Prefeitura Municipal de Vila Velha, mestre em Administração e Estratégia, a possibilidade da portabilidade do salário é muito importante.
“Quando surgiu, muitos aproveitaram, porque, muitas vezes, a instituição financeira pela qual o trabalhador recebia o rendimento não atendia suas necessidades principais, às vezes até básicas, como um bom atendimento. Além disso, queriam um banco com taxa de juros mais atrativa, uma linha de crédito melhor, uma rede de agências maior também”, esclareceu.
Já segundo Eduardo Araújo, conselheiro no Conselho Federal de Economia e ex-presidente do Corecon-ES, as pessoas geralmente optam pela portabilidade quando entram em um emprego novo e descobrem que o pagamento é feito em um banco diferente do que elas costumam usar no dia a dia.
“A portabilidade de salário permite que o dinheiro migre automaticamente para a instituição de preferência. Além disso, ela pode ocorrer sempre que clientes estiverem insatisfeitos com o serviço oferecido pela instituição financeira em que recebem salários. Ou, em alguns casos, ocorre porque alguns bancos concedem descontos em financiamentos imobiliários para quem adere à portabilidade”, pontuou.
>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram!
Vantagens da portabilidade
Para Machado, as vantagens de realizar a portabilidade do salário são significativas. “Uma delas é que as financeiras tiveram que concorrer entre si, melhorar seus serviços para reter os salários que recebiam das instituições, que é uma boa fonte de receita para eles”, disse.
Apesar disso, para o economista, a desvantagem ao usuário de fazer a troca do banco é que ele perde o histórico de muitos anos na financeira anterior, em que mantinha aquele relacionamento porque não tinha outra opção, mas, que bem ou mal, existia uma confiança de anos. Ao mudar para outro banco, leva-se anos para construir uma identidade.
Já para Araújo, não há desvantagem em fazer a portabilidade, uma vez que o cliente pode cancelar esse tipo de operação quando quiser.
“Além disso, não há nenhum tipo de tarifa cobrada para a mudança. A portabilidade de salário também pode ser solicitada à instituição onde o trabalhador deseja receber seus pagamentos”, afirmou.
Quando fazer a portabilidade
Para Antônio Marcus é bem simples. O momento de realizar a portabilidade tem dois fatores principais:
– quando o empregado sentir que não está sendo tão reconhecido pela instituição financeira quanto deveria;
– quando o colaborador verificar no mercado, comumente por anúncios em redes sociais, ofertas benéficas de bancos para atrair clientes, inclusive para investimentos. Os atrativos vão além das taxas que caem no momento de receber o salário por aquela instituição.
“Fora isso, o score pode ser levado para outro banco, não se perde. Se a pessoa sempre pagou as contas em dia, é adimplente, gerou receita no banco, isso fica registrado”, pontuou Machado.
Por fim, Araújo resumiu que a portabilidade de salário permite que os empregados possam escolher a conta bancária de preferência para receber o salário e que representa uma grande praticidade, criando uma facilidade para que pessoas possam reunir recursos financeiros em um único local, sem ter que administrar muitas contas bancárias ao mesmo tempo.