Economia

Voepass entra com pedido de recuperação judicial, declara dívida de R$ 429 mi e culpa a Latam

Voepass ainda declarou dívida de R$ 429 milhões e culpou a Latam, outra empresa de voos, pela piora em sua situação financeira

A empresa tinha um contrato de compartilhamento de voos com a Latam. Foto: Divulgação / Voepass
A empresa tinha um contrato de compartilhamento de voos com a Latam. Foto: Divulgação / Voepass

Em pedido de recuperação judicial apresentando na Justiça de Ribeirão Preto na noite da terça-feira (22) a Voepass declara dívidas totais de R$ 429 milhões. Além disso, a empresa culpa a Latam como responsável pelo piora da sua situação financeira.

A situação já estava agravada depois do acidente aéreo em Vinhedo, em agosto do ano passado, e por conta da suspensão, em março deste ano, das suas operações pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

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Das dívidas da empresa aérea, R$ 209 milhões estão sujeitas à recuperação, dos quais há R$ 43 milhões em passivos trabalhistas, com mais de 400 processos, e R$ 3,4 milhões com empresas de pequeno porte.

A empresa declara ainda R$ 187 milhões em dívidas com credores extraconcursais, ou seja, de créditos não sujeitos à recuperação. Há ainda uma dívida em dólar.

O Grupo Voepass não poderia deixar de indicar, já na largada, que a principal responsável por sua crise econômico-financeira e pelo correlato pedido de Recuperação Judicial é a Latam, afirma o documento entregue pela empresa à Justiça, obtido pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

A Voepass tinha um contrato de codeshare (compartilhamento de voos) com a Latam desde 2014. Porém alega no documento entregue à Justiça que esse acordo foi suspenso em setembro do ano passado em quatro das 10 aeronaves que faziam parte do contrato.

Além disso, a companhia afirma que a Latam deixou de fazer pagamentos da ordem de R$ 34,7 milhões. Isso teria ajudado a agravar sua situação financeira. Esse valor é referente a custos das aeronaves paradas em solo.

Segundo pedido

É o segundo pedido de recuperação judicial da história da Voepass. Em outubro de 2012, a empresa então com o nome de Passaredo, buscou a Justiça para se proteger dos credores. O processo durou até 2017.

Em 14 de fevereiro, a Voepass havia conseguido na Justiça uma medida que garantia uma suspensão (“stay”) de 60 dias dos pagamentos dos passivos a seus credores, que venceu na metade do mês. Sem acordo com eles, teve que recorrer à recuperação judicial.

“Contexto desafiador”

A iniciativa ocorre em um contexto desafiador para o setor aéreo regional, que passa por uma diminuição da oferta de acesso ao transporte aéreo no interior do Brasil, e reflete o compromisso da companhia em preservar sua operação, manter o atendimento aos clientes e honrar seus compromissos com colaboradores e fornecedores, afirma nota à imprensa da Voepass.

“Com todo o cenário enfrentado pela companhia nos últimos meses, esta foi a única saída para realizar uma reestruturação completa e garantir que a Voepass volte a oferecer um serviço essencial para o desenvolvimento do Brasil”, ressalta o presidente da companhia aérea, José Luiz Felício Filho, na nota.

A Voepass é assessorada pelos escritórios Daniel Carnio Advogados e Mubarak Advogados Associados, e tem assessoria financeira da EXM Partners.

Procurada, a Latam não se pronunciou até o fechamento desta matéria.