Economia

Volume de serviços cai 3,2% em junho no ES e não acompanha crescimento nacional

Para economistas capixabas, o resultado negativo pode estar associado às medidas restritivas contra o coronavírus no Estado

Foto: TV Vitória

A quantidade de serviços realizados no Espírito Santo em junho deste ano apresentou uma queda de 3,2% em comparação a maio e uma diminuição 2,9% na receita estadual desses serviços, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) divulgada nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Brasil, por sua vez, cresceu 5% no volume de serviços frente ao mês anterior, após uma sequência de quatro taxas negativas seguidas, período em que acumulou uma perda de 19,5%.

Entre as atividades avaliadas pela pesquisa, no Espírito Santo os Serviços prestados às famílias apresentaram a maior queda (-53,9%), seguido pelos Serviços profissionais administrativos e complementares (-16,7%) e outros serviços (-11,9%). Os Serviços de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-8,9) ocupou a quarta posição, enquanto a menor queda ocorreu nos Serviços de informação e comunicação (-4,0).

No Brasil, os destaques foram para os avanços nos Serviços prestados às famílias (14,2%), em Serviços de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (6,9%) e outros serviços (6,4%). Os Serviços de informação e comunicação (3,3%) e Serviços profissionais, administrativos e complementares (2,7%) também cresceram, mas em uma porcentagem menor.

Sobre o Espírito Santo não ter acompanhado a evolução nacional no volume de serviços, o economista Mário Vasconcelos explica que as medidas restritivas aplicadas aqui podem ter sido mais rigorosas do que em outros estados. “Em junho muitas atividades ainda funcionavam com restrições no Espírito Santo, diferente de outros estados, o que contribuiu com a diminuição do número de pessoas nas ruas e na redução dos serviços consumidos”, explica.

No mesmo sentido está o também economista Orlando Caliman. Para ele, os serviços no Espírito Santo foram liberados depois, e por isso os números das atividades de junho são diferentes de outras localidades do país. “Os serviços às famílias são os que mais pesam nessa queda do Espírito Santo. Enquanto alguns estados optaram pela abertura do comércio,  outros liberaram os serviços apenas depois. Por aqui, boa parte das atividades ainda estavam fechadas em junho”, comenta.

Os efeitos dessas restrições foram sentidas pelo setor hoteleiro no estado. Dos 27 mil empregos gerados por hotéis, bares e restaurantes, cerca de 6.500 foram demitidos desde o início da pandemia do novo coronavírus, de acordo com o diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores de Turismo e Hospitalidade (Contratuh), Odeildo Ribeiro dos Santos. “As consequências foram grandes para nós. Além dos postos de trabalho diretos, outras 108 mil pessoas que se beneficiavam indiretamente do setor hoteleiro foram afetadas. Estamos sofrendo juntos, mas esperamos que aos poucos as coisas voltem ao normal”, afirma.

O presidente do Sindicato de Hotéis e Similares do Espírito Santo (Sindhoteis), Attila Miranda Barbosa, explicou que o setor começa a reagir. “Desde março tivemos uma grande perda. Existem hotéis tradicionais no estado que ainda estão fechados. Criamos um fórum de turismo para buscar essa retomada, mas ela é lenta. Até o momento apresentamos um crescimento de 3 a 5% desde o início da pandemia”, conta Barbosa.