João Guerra Pinto, de 84 anos, aprovado no curso de gemologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), garante que o segredo para enfrentar o novo desafio é bem simples: sua incansável vontade de aprender.
O idoso, que se aposentou do trabalho no ano passado, relata que a pausa no trabalho foi justamente o que precisava para matar sua sede de conhecimento.
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“Sempre tive sede de conhecimento, eu parei de trabalhar e surgiu a oportunidade de eu ficar livre. Era a hora de matar a sede do conhecimento, fui para a escola”, contou.
João é português e veio para o Brasil aos 15 anos, durante este tempo, a dedicação integral de sua vida foi o trabalho e o cuidado com os quatro filhos e muitos netos.
Para completar os estudos, fez supletivo e no ano passado terminou o Ensino Médio por meio da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Logo depois veio a tão sonhada conquista por uma vaga na universidade.
O idoso garante que está ansioso pelo começo das aulas, que serão iniciadas no segundo semestre.
“Eu também preciso adquirir habilidades, qualquer habilidade que eu possa adquirir fica do meu tamanho” , afirmou.
Sorte nos estudos e no amor
Quando chegou ao Brasil, o agora universitário chegou a zanzar por muitos lugares. A primeira parada foi o Rio de Janeiro, onde conseguiu emprego como representante comercial.
Foi esta profissão que o trouxe a Vitória. Na Capital, conheceu seu grande amor, Rosa, com quem juntou as escovas de dentes há 60 anos. Desde então, nunca mais se separaram.
João conta que o relacionamento entre os dois começou de forma despretensiosa, em uma visita ao pai dela, que tinha uma farmácia no Centro de Vitória.
“Visitando o pai dela, que tinha farmácia na Praça 8, ela viu que meu paletó estava rasgado atrás e ficou com pena de mim. Eu pensando que ela estava tentando me fazer um favor, mas ela queria mesmo era me prender. Me prendeu e fiquei agarrado com ela”, brincou.
Uma grande ajuda para entrar na universidade
Para conquistar a tão sonhada vaga na universidade, João contou com o apoio mais do que especial da professora Eliana Senna Bof, uma grande amiga da família e que já havia lecionado para netos dele.
De acordo com ela, o aluno sênior foi para lá de avançado e mereceu seu lugar na universidade federal.
“Foi gratificante e como se fosse uma vitamina para eu continuar dando aula, porque eu também sou idosa e a filha dele me procurou. Eu já dei aula para os dois netinhos e então para ele seria mais um desafio. E ele foi uma simpatia, uma obstinação de sucesso, de querer aprender, e ele conseguiu”.