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“A escola precisa pautar o debate de gênero”, defende Camila Valadão em sabatina

Candidata à Prefeitura de Vitória foi questionada sobre o combate ao pó preto, bailes clandestinos, educação, saúde e outros temas

A candidata à Prefeitura de Vitória Camila Valadão (Psol) foi a primeira entrevistada na série de sabatinas promovidas pela Rede Vitória com os principais postulantes a prefeito na cidade. Por 30 minutos, nesta segunda-feira (30), ela respondeu a perguntas e apresentou suas propostas para o município.

As entrevistas, realizadas pela Rádio Pan News Vitória (90.5 FM), são transmitidas simultaneamente pelo jornal online Folha Vitória e começam sempre às 11h30, de segunda a sexta-feira.

Camila Costa Valadão tem Macaciel Breda como candidato a vice. Na sabatina, ela foi questionada sobre combate ao pó preto, bailes clandestinos, assim como debate de gênero nas escolas, entre outros temas.

A candidata destacou: “A escola precisa pautar o debate de gênero, a escola precisa pensar as pessoas com deficiência. Esse é um dos grandes desafios hoje na nossa rede. Não só ter estrutura para essas pessoas, mas também trabalhar uma educação que respeite e fomente a diversidade”.

A ordem das sabatinas com os candidatos foi definida por sorteiosendo elaborada a partir dos cinco candidatos com melhor pontuação no cenário estimulado da pesquisa Futura. Nesta terça-feira (1) será a vez do candidato Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB).

Abaixo, confira a transcrição completa da sabatina com Camila Valadão:

Candidata, na eleição de 2022 a senhora foi a mulher mais votada da história aqui para o cargo de deputada estadual, recebeu mais de 52 mil votos. Na última pesquisa Futura espontânea, a senhora aparece com 4,3% das intenções de voto. O que vai fazer para reverter esse desempenho ruim que foi mostrado na pesquisa?

Eu quero agradecer pela questão porque acho que retoma um tema importante, que é a nossa votação para deputado estadual na cidade de Vitória e eu digo sempre que Vitória, a Capital, projetou o nosso trabalho para todo o estado do Espírito Santo e fez a gente ter uma votação honrosa na última eleição.

E agora a gente se apresenta nesse pleito e eu diria que não é um desempenho ruim 4%. Eleição proporcional para deputado, vereador, é diferente da eleição majoritária para prefeito.

Estou disputando essa eleição com candidatos que já têm histórico de inserção, inclusive no Executivo. Se a gente considera que a gente tem dois ex-prefeitos na disputa, outros candidatos que já disputaram esse pleito, e nós somos a verdadeira novidade dessa eleição.

Então, acho que esse percentual, inclusive, revela outros dados que são importantes na pesquisa, como por exemplo, eu estou entre as candidaturas com menor índice de rejeição e também sou a candidata menos conhecida. Embora tenha tido uma votação grande na cidade de Vitória, a gente ainda tem muito espaço para crescer. A gente ainda tem muito espaço para poder apresentar a nossa história e o nosso trabalho.

Mas a gente está a uma semana da eleição. A senhora acha que é suficiente? A senhora disputa para não ganhar?

Eu disputo para ganhar porque a gente sempre se coloca numa eleição para vencer, embora o resultado eleitoral imediato ele não diz de uma trajetória inteira. Eu falo isso porque, antes de ser eleita, por exemplo, a deputada estadual mais votada no Espírito Santo, participei de outros pleitos em que a gente não teve o resultado imediato, mas a gente saiu, sim, vitoriosos do processo eleitoral.

Então acho que a gente tem uma semana de eleição com um desafio enorme. A nossa campanha não tem o mesmo recurso, a mesma estrutura, o mesmo tempo de televisão que as outras campanhas. Isso, sem dúvida, se constitui um grande desafio e a gente vai seguir até o fim acreditando que, sim, é possível. A eleição em Vitória não está dada.

Óbvio que a gente confia nas pesquisas, mas as pesquisas também indicam um eleitorado que ainda não se definiu. E eu digo para vocês o seguinte: a gente que está na rua todo dia panfletando, a gente conversa com as pessoas e ainda tem muita gente que não definiu o voto. Então eu digo que essa última semana é uma das mais importantes.

As pesquisas indicam em todo o Brasil que em torno de 40% do eleitorado, em algumas cidades até mais, ainda não definiram voto. Então a gente tem muito trabalho pela frente.

Candidata, no seu plano de governo, a senhora fala de educação para a diversidade. Como isso vai acontecer em Vitória? A senhora pretende investir em materiais específicos para o público LGBTQIA+?
Vai adotar a linguagem neutra nas escolas, vai determinar isso? Como é que isso vai acontecer?

Excelente a sua pergunta, porque educação é uma das principais políticas públicas que estão também dentro da competência dos municípios. Dentro do nosso eixo de governo a gente ressalta várias propostas na área da educação e um dos eixos é a educação para a diversidade.

Eu acho que é importante falar disso para quem está nos ouvindo e também assistindo que uma das coisas que a gente tem criticado muito em Vitória é o retrocesso na gestão democrática.

Quando a gente fala da educação para a diversidade e, todos os temas que ela perpassa, a gente está falando de uma escola que precisa pensar o seu planejamento tanto da estrutura física como do ponto de vista pedagógico, contando com a participação de toda a comunidade escolar, das famílias, dos professores, dos servidores.

Então a gente está falando o quê? Que todo o planejamento educacional precisa ser pautado com base na participação da comunidade escolar. Quando a gente fala da educação para a diversidade, nós queremos que essa escola trabalhe temas que se referem toda a diversidade do ponto de vista da sua amplitude.

Quando eu falo amplitude, falo que a escola precisa pautar o debate racial, a escola precisa pautar o debate de gênero, a escola precisa pensar as pessoas com deficiência. E esse é um dos grandes desafios hoje na nossa rede.

Não só ter estrutura para essas pessoas, mas também trabalhar uma educação que respeite e fomente a diversidade. Sem dúvida a população LGBT também está entre os nossos principais temas relativos à diversidade porque nós queremos que, desde muito cedo, as nossas crianças aprendam a respeitar, a respeitar o direito de ser e viver em sociedade.

Eu acho que esse é um grande desafio no estado do Espírito Santo, que é um dos estados que, infelizmente, a cidade de Vitória vem crescendo os índices de violência contra a comunidade LGBTQIA+.

Mas como trabalhar isso na sala de aula? É com o professor, mudar a metodologia? Como fazer?

Não, nós já temos. Hoje é importante dizer que nós já temos as leis de Diretrizes e Bases da Educação que já preveem. Quando a gente fala da educação nos diferentes níveis, nós já temos legislações no nosso país que vão pautar o tema da diversidade. Então, o que nós queremos é que a legislação seja cumprida.

No município de Vitória, por exemplo, a gente pode pegar o tema de uma escola antirracista, como vem sendo muito debatido hoje. Isso é muito deixado de lado na cidade de Vitória.

Nós queremos que a legislação que já existe no nosso país, que prevê inclusive essa escola que prepare para a diversidade, seja aplicada.

A senhora fala de abrir para discussão para os vários setores da sociedade. Como é que senhora espera que haja um foco em minorias se a democracia diz que a maioria é que define quais vão ser os rumos. A senhora está abrindo um processo democrático para as pessoas decidirem sobre como vai ser a condução das escolas e a população LGBT não está nessa maioria.

Quando a gente fala de maiorias, por exemplo, a população negra é a maioria do nosso país e é minoria nos espaços de poder. As mulheres…quando a gente fala dos temas relativos ao gênero, as mulheres representam 55% da cidade de Vitória. Então, como falar de maioria é minoria?

Outra coisa: falar de maioria que fomenta o ódio, a violência, a supressão de minorias… Eu acho que isso infringe, inclusive, muito o conceito da democracia. Quando a gente fala da democracia no nosso país, é verdade que a gente fala da maioria, mas isso não significa o ódio e a violência contra as minorias.

Acho que a gente precisa buscar esse equilíbrio e sem dúvida a educação é espaço fundamental para isso, para que a gente tenha maiorias, é verdade, mas que essas maiorias possam respeitar os limites que já são legais e constitucionais no nosso país. E, no caso da educação, limites previstos pela legislação brasileira.

O que a gente propõe quando a gente fala da educação para a diversidade não é nada além do que está na legislação. A legislação já prevê, só que ela não é cumprida. E isso é muito triste.

Hoje eu presido a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa como deputada estadual. É muito doloroso receber denúncias, por exemplo, de pessoas que sofrem sistematicamente violência dentro das escolas por temas diversos ou porque é LGBT ou porque é negro ou porque é uma pessoa com deficiência que não tem garantido o seu direito respeitado dentro dessa escola.

Muitas vezes os profissionais não têm a estrutura e o suporte necessário das secretarias de educação. Hoje eu atuo mais no âmbito do Estado, mas a gente já viu também isso no município.

Então é muito triste, e a gente quer que a nossa escola seja um espaço de respeito, de pluralidade, de fomento à vida e não do ódio. A gente precisa superar essa fase no nosso país.

Candidata, a ONG Juntos S.O.S. Ambiental divulgou que, entre novembro de 2022 e novembro de 2023, algumas estações de monitoramento da qualidade do ar na Grande Vitória registraram aumento significativo do pó preto. Outras medições apontam no sentido contrário. O fato é que esse pó preto ainda é uma triste realidade da Capital. E isso a gente não tem como negar. O que a senhora pretende fazer na prática para combater o pó preto?

Excelente trazer esses índices porque muitas vezes abre se margem para questionar primeiro a importância desse tema e o impacto da poluição atmosférica, conhecida popularmente como pó preto, na saúde da nossa população.

A gente escuta muito isso na rua. Essa semana passada, por exemplo, a gente estava em Jardim Camburi e quando a gente fala do pó preto, todo mundo fala: “eu vivo com isso todo dia. Sinto isso com meu filho, com o meu pai, com a minha mãe”.

Então é uma coisa que não só incomoda no nosso lar, do ponto de vista da limpeza, mas também da nossa saúde. A gente está falando do principal problema ambiental da cidade de Vitória. É óbvio que a nossa cidade tem muitos outros desafios na área ambiental, mas eu diria que esse é o problema mais sentido pela nossa população, com impacto ambiental e com impacto na saúde humana.

A nossa principal proposta nessa área é implementar a Lei de Qualidade do Ar, lei que inclusive foi proposta pelo meu partido a partir do vereador André Moreira, na Câmara Municipal de Vitória, lei essa que foi aprovada e sofreu uma ação Direta de Inconstitucionalidade pela Findes.

A nossa proposta é fazer valer essa lei na cidade de Vitória. É aprovar novamente essa lei a partir da propositura do Executivo, ou seja, enquanto prefeita, nós vamos encaminhar essa lei para a Câmara e cumprir a lei.

Mas se ela foi vista como inconstitucional. Como aprovar uma lei que não está dentro do que a Constituição prevê?

Na verdade, o questionamento é quanto a competência. É como se o Legislativo não tivesse a competência para legislar sobre o tema. Isso acontece e é muito comum nessa diferença entre o que pode um vereador propor em termos de lei e o que pode a prefeitura arbitrar e legislar acerca desse tema.

Nós queremos, sim, que a nossa cidade tenha uma lei e, portanto, queremos que o Executivo, a prefeita, neste caso, que irá ter a iniciativa de propor. Porque nós entendemos que a nossa cidade precisa de padrões seguros para a nossa saúde.

Então, quando a gente fala da lei, a gente está falando da criação a partir de uma legislação, dos padrões de qualidade do ar e também a criação de uma rede própria de monitoramento.

Hoje a rede existente na nossa cidade é uma rede que é do Estado e a gente entende que o município precisa também assumir esse papel, fazendo um acompanhamento permanente e também publicizando esses dados para a nossa população. Não dá para a gente viver mais só com a impressão, “aumentou a poluição em tal horário, aumentou em determinado dia”, sem que isso seja publicizado também.

A gente quer padrões, a gente quer uma rede de monitoramento e a gente quer transparência gerenciando esses dados e, principalmente, o acompanhamento permanente das poluidoras. Não dá para a cidade não acompanhar o que vem sendo feito no âmbito da emissão desses poluentes, dessa poluição atmosférica.

Candidata, vamos falar agora um pouquinho sobre saúde. De acordo com dados do governo do Estado, Vitória tem mais de 116 mil pessoas na pobreza ou na extrema pobreza. No seu plano de governo, a senhora fala sobre a telemedicina, teleassistência, principalmente para grupos vulneráveis. Como essas pessoas que estão na pobreza vão conseguir ter acesso a esse tipo de atendimento se não têm, por exemplo, um celular.

Saúde é a principal preocupação dos capixabas. Quando a gente roda principalmente nos bairros mais periféricos, há muitas reclamações.

Eu tenho dito sempre que Vitória é uma cidade rica com o SUS. Por que é um SUS pobre? Porque com a capacidade de arrecadação que a nossa cidade tem nós já deveríamos ter avançado muito no SUS.

A gente pode dar vários exemplos. Primeiro: estratégia de saúde da família, que é aquela equipe fundamental perto da população. Vitória não tem 100% de cobertura estratégia de saúde da família e a atual gestão sequer teve a capacidade de ampliar essas equipes.

Saúde bucal. Quando a gente fala de saúde bucal, a gente está falando inclusive do atendimento das nossas crianças. Isso é muito importante dizer porque é um item fundamental do SUS. Vitória reduziu as equipes nessa área de atendimento de saúde bucal da população.

Vitória não tem nenhuma UPA. É a única Capital do Sul e Sudeste que não tem nenhuma UPA. Olha que absurdo! Vitória tem dois pronto-atendimentos apenas em décadas. A gente está falando de uma cidade que tem muito a avançar.

Quando a gente diz da telemedicina, a gente está falando também do acesso, da tecnologia, contribuindo para ampliar o acesso no SUS. E isso gera muita dúvida porque tem gente que fala: “então eu não vou ter mais o acesso ao médico”. Não.

A telemedicina é uma das estratégias que não substitui e não pode substituir o atendimento presencial com o médico. Então quero dar um exemplo. Hoje, no estado do Espírito Santo, a gente tem um desafio muito grande, que é na área da neuropediatria.

Como que o Estado tem feito isso. Você faz a primeira consulta com o médico presencialmente e por vezes você precisa fazer o acompanhamento da medicação ou atualizar a receita, e aí você entra com a telemedicina, criando inclusive a estrutura física para que as pessoas possam acessar essa consulta.

A gente está falando do avanço da tecnologia, contribuindo para a gente ampliar o acesso ao SUS e a qualidade do serviço, obviamente.

Mas a senhora está dizendo de criar centros para a população que não tem um celular, que não tem uma conexão com a internet para essa população ir a esses centros. É isso?

A gente precisa pensar melhor qual vai ser o modelo. Mas a telemedicina já vem sendo implementada. Tem o exemplo do Estado e a gente acha que precisa avançar na cidade de Vitória pensando estrategicamente. Qual é o modelo? Para quais áreas? Quais são as áreas possíveis?

É um recurso que vem sendo utilizado. Não substitui, como eu disse, o atendimento presencial, mas pode ser um recurso a mais utilizado no SUS e Vitória precisa avançar pensando um modelo. E para pensar o modelo a gente ressalta muito a importância da participação popular.

E quando eu falo da participação, Vitória tem Conselho Municipal de Saúde, Vitória tem conselhos locais de saúde e todas essas estratégias precisam ser consideradas a partir dessa participação.

Eu já aproveito e passo para a próxima pergunta que também está na área da saúde. A senhora, como candidata, fala no plano de governo em assumir a gestão do Samu (192), mas qual o motivo para isso? O Samu tem carências? A senhora acha que é deficitário? Não atende bem? Porque a gente vê o Samu trabalhando bem na Grande Vitória, atendendo muito bem. A gente noticia todo dia um acidente, a chegada do Samu ou acionamento do Samu. Qual é o problema do Samu e por que criar o Samu municipal? Além disso, tem dinheiro e recursos para isso?

Excelente, porque quando a gente fala do Samu a gente está falando de demanda local. Embora hoje, no Espírito Santo, o Samu esteja sobre gestão do Estado isso é responsabilidade do município. A gente precisa falar disso porque hoje Vitória é a cidade mais rica, como eu disse, com o SUS pobre. E a cidade não assume aquilo que é a sua responsabilidade. Ao não assumir, a cidade também deixa de ganhar recursos.

Tem um dado que eu faço questão de replicar que é o seguinte: Vitória tem hoje R$ 76 milhões do governo federal parados em conta. O que é que isso significa? Que a cidade não gasta nenhum recurso enviado pelo governo federal. Por quê? Porque não amplia a sua competência.

Vitória é uma das poucas capitais do Sul e Sudeste que não tem o que nós chamamos de gestão plena do SUS. O que é gestão plena do SUS? É exatamente o município conseguir assumir aquilo que tem que ser a responsabilidade. Hoje é vergonhoso. O município fica brigando com o governo do Estado para poder dizer que isso aqui não é minha responsabilidade, isso aqui é responsabilidade do governo do Estado. É absurdo! É uma cidade rica.

Quando eu falei da UPA, por exemplo, que é um modelo de unidade que recebe recurso do governo federal, ao não ter uma UPA, o município deixa de receber recursos federais.

O Samu é fundamental. Quando a gente fala do Samu, a gente está falando em salvar vidas. A gente está falando de ter agilidade, eficiência e, inclusive, prevenir agravos em saúde. Quando a gente tem um Samuel eficiente, a gente inclusive previne consequências mais graves para as pessoas.

Quem precisa acessar o Samu em Vitória, em outras cidades também, mas estamos falando aqui da nossa Capital, às vezes está falando de uma demora na espera e não só na espera do atendimento.

Isso perpassa também pela regulação dos leitos. Então, para fechar, há recursos. Vitória tem recursos. Vitória tem capacidade orçamentária e poderia ter mais capacidade se assumisse aquilo que é sua responsabilidade. Se assumisse o Samu, receberia recursos do governo federal, do governo do Estado. Mas a gente tem uma gestão tímida.

E eu diria mais, a gente tem na área da saúde uma gestão covarde, que simplesmente se mantém ali. Há equipamentos que já existem há décadas. Não tem coragem de ampliar os equipamentos, as equipes e, portanto, ampliar a qualidade da oferta para nossa população.

Candidata, a gente tem vários pontos em Vitória que registram congestionamento nos horários de pico. Qual a sua proposta para melhorar essa mobilidade na Capital?

Esse tema parece que piorou na cidade porque a gente está falando de uma gestão que hoje não integra com o governo do Estado.

Vitória hoje, por ser a capital no meio de grandes cidades, ela acaba sendo uma cidade de passagem para muita gente. A gente tem um fluxo muito intenso de veículos na nossa cidade. A gente tem avenidas em Vitória que se constituem, como a gente já vem denunciando há algum tempo, em avenidas da morte, porque a gente tem um alto índice de acidentes, como Dante Michelini, Fernando Ferrari.

Segurança viária é um tema importante de ser debatido em Vitória e não é possível pensar a nossa mobilidade na Capital descolada com as outras cidades da região metropolitana ou ainda do governo do Estado. E, infelizmente, é o que vem acontecendo em Vitória.

A prefeitura decidiu mudar o trânsito de determinadas regiões da cidade sem dialogar com o governo do Estado. Como é que isso é possível, sendo que aqui a gente tem uma grande circulação de transporte coletivo, por exemplo.

A nossa principal proposta nessa área é fazer o dever de casa, que deveria ter sido feito pela atual gestão e não foi, que é o Plano Municipal de Mobilidade Urbana. É importante dizer que o prazo para Vitória elaborar esse plano foi abril desse ano e essa gestão é tão ineficiente que não teve a capacidade de elaborar o Plano Municipal de Mobilidade.

Quando a gente fala do plano, é fundamental elaborar, porque significa debater e construir as principais alternativas de mobilidade da cidade com a população. Então a gente quer construir esse plano com base na participação popular.

Com o plano pronto, Vitória consegue, por exemplo, arrecadar recursos do governo federal para investir na área da mobilidade. A atual gestão não fez, o que significa que a nossa cidade deixa de receber recursos para poder investir nessa área.

Para além disso, a gente ressalta a necessidade de articular com o governo do Estado a construção de políticas integradas de modais de transporte, aquaviário, transporte coletivo como os ônibus, transportes individuais, faixas prioritárias de transporte.

A primeira medida da gestão atual foi acabar com a linha exclusiva de transporte na Dante Michelini sem debate com a população.

Nós queremos retomar o debate das faixas prioritárias para transporte coletivo e queremos também criar um Observatório do Trânsito de Vitória para a gente poder analisar de forma permanente, articulado com o governo do Estado, com a população, mecanismos para a gente poder avançar em uma mobilidade que seja humana, além, obviamente, de ampliar as ciclovias. Vitória tem potencial para a utilização de bicicletas.

A atual gestão construiu apenas um quilômetro de ciclovia. Enfim, eu acho que são muitos eixos que são importantes dentro de uma mobilidade que seja mais humana e integrada.

No caso desse trânsito, a senhora fala dos municípios dialogarem, dialogarem com o governo do Estado. Por exemplo, ao final da tarde, a Reta da Penha, a Praça do Cauê, o acesso à Terceira Ponte… depois que começa a subir a ponte o trânsito flui para Vila Velha. Mas a gente tem esse gargalo ali na subida da ponte. Dá para fazer alguma coisa logo? Porque esse plano, se a senhora vai dialogar com a população, vai demorar para ficar pronto. Tem alguma proposta que já será implantada logo no início do governo?

Sim, desde que a prefeitura não faça pirraça, dá para dialogar com o governo do Estado. Inclusive o governo já tem um projeto para toda aquela região da Terceira Ponte.

O governo já está construindo isso e isso precisa ser debatido com o município e o município precisa fazer parte dessa construção. Mas para isso a gente precisa de uma gestão na nossa cidade que tenha a capacidade de dialogar e que não faça pirraça.

Aí quando eu falo fazer pirraça é sim deixar as divergências políticas de lado para de fato liderar um processo de construção na cidade que possibilite um trânsito mais fluido e melhor qualidade para quem vive aqui e também para quem está transitando pela nossa cidade.

Candidata, a senhora fala muito de dialogar com o governo do Estado, fala que o governo do Estado já tem um plano pronto. A senhora não está transferindo essa responsabilidade para o governo do Estado? Não é a prefeita eleita, se for o caso, que tem que chegar e tomar essas decisões? Não é demais transferir essa responsabilidade para o governo do Estado?

De forma alguma. Dialogar não é transferir responsabilidade. Dialogar é buscar as melhores estratégias conjuntas, levando em consideração que, embora Vitória seja uma ilha do ponto de vista geográfico, pela divisão, inclusive do nosso país de responsabilidade entre União, Estado e município, a gente fala de responsabilidade compartilhada quando a gente fala das políticas sociais.

Não existe na saúde responsabilidade exclusiva do Estado ou do município. A gente fala de responsabilidades compartilhadas que perpassam, não só pelo financiamento, mas também pela gestão.

Infelizmente, o que a gente tem na cidade de Vitória hoje é o isolamento do ponto de vista político. Isso precisa ser superado. É literalmente o município negando a contribuição, o diálogo com o governo do Estado, com o governo federal e, pior, negando recursos, o que é um absurdo.

Mas e essa medida imediata? A senhora falou que o governo municipal tem dinheiro, tem condição, tem condição de fazer. Como prefeita, o que pode fazer?

Falando sobre a região da Terceira Ponte, o que eu disse é que o governo do Estado tem um projeto para aquela região e o município precisa dialogar com o governo do Estado. Para que aquela região seja uma região que, de fato, a gente consiga fluidez precisa ter um diálogo.

A ponte hoje está sobre gestão do governo do Estado. O governo assumiu a gestão da ponte e para possibilitar um fluxo ali mais fluido precisa ser planejado de maneira conjunta.

Qual a sua opinião? Tem que abrir, por exemplo, a Praça do Cauê? Qual a sua opinião sobre essa região?

Aquele é um ponto que historicamente tem muita divergência. Eu acho que o que precisa ser feito é escutar a comunidade daquela região e fazer ali uma construção que possibilite fluidez, mas que, obviamente, não faça a região perder o seu espaço público.

É importante dizer que aquele é um tema antigo na cidade. Ele não é um tema que aparece agora. E o projeto do governo do Estado prevê aquela região, e é fundamental que o município dialogue.

Uma das coisas que nós denunciamos muito na Assembleia foi, por exemplo, a construção da Ciclovia da Vida Detinha Son. O governo concluiu aquela ciclovia e a administração da Prefeitura de Vitória não dialogou com o governo do Estado a finalização daquele entorno. Por exemplo, a integração das nossas ciclovias com aquela Ciclovia da Vida.

Eu inclusive fiz um vídeo denunciando esse absurdo. Termina a ciclovia de Vitória, não tem nenhuma integração com a Ciclovia da Vida. A gente está falando de uma gestão que sequer dialoga com o governo do Estado, com as obras do Estado na cidade, o que é um absurdo. Então, para aquela região, sem dúvida, a melhor saída é debater com a população.

Tem uma última pergunta e é sobre os bailes do Mandela, que são uma realidade em vários bairros da Capital. Se eleita, a senhora pretende acabar com esse evento? De que forma a Guarda Municipal e a fiscalização podem oferecer tranquilidade para os moradores?

Primeiro, acabar não é nosso objetivo obviamente. Um dos primeiros eixos do nosso programa de governo é uma Vitória sem medo. A cidade precisa avançar na construção de uma política de segurança pública voltada para promoção da vida.

Isso é muito importante de ser dito porque a atual gestão descaracterizou a Guarda no seu trabalho preventivo comunitário. Também isolou a Guarda das demais forças na área de segurança. E aí, quando a gente fala de uma segurança em uma capital como a nossa, ela só funciona se for integrada.

Segurança se faz com participação, articulação institucional e planejamento. A gente tem falado tudo isso acerca desse tema, que é um tema complexo e, infelizmente, nada disso é feito pela atual gestão. Então, a melhor forma de se construir uma política de segurança em Vitória hoje é considerando esses elementos e articulação com a Polícia Militar e demais forças na área da segurança nesse diálogo do governo do Estado.

E os bailes seriam mantidos?

Não tem como proibir. A gente está falando de algo que acontece. O que a gente precisa fazer é fomentar políticas públicas para a nossa juventude.

A gente agora vai dar dois minutos para a senhora fazer as considerações finais.

Eu quero agradecer pela oportunidade de apresentar o nosso programa de governo, as nossas propostas. Confrontar também porque o momento da eleição é isso.

A gente tem menos de uma semana para o dia 6 de outubro, que é o momento em que os capixabas vão às urnas escolher quem vai ser a prefeita, e no nosso caso, a gente quer defender que seja uma prefeita, e também vereadores e vereadoras. Por isso a gente pede voto no 50, que é o nosso número, para a gente eleger a primeira prefeita da nossa cidade.

É importante dizer que nesse primeiro turno vote com convicção, vote em quem tem propostas. E nós temos um programa político que é um programa amplo, a partir de uma ideia, de uma Vitória sem medo, com mais direitos e com mais oportunidades para a nossa população.

Quem ainda não viu o nosso plano de governo a gente convida a seguir as nossas redes sociais e também através do nosso site www.camilavaladao.com.br.

E peço ainda voto para os candidatos e candidatas do PSOL e Rede, que a nossa federação nessas eleições. A gente precisa de uma Câmara Municipal qualificada, que debata com a população, que construa propostas a partir das demandas e por isso a gente pede voto nos nossos candidatos e candidatas. Por último, reforçando, vote 50. No dia 6 de outubro vamos eleger a primeira prefeita da nossa cidade.

VEJA A ENTREVISTA COMPLETA COM CAMILA VALADÃO:


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