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Candidato em Vila Velha, Babá diz não ser contra a linguagem neutra: “Me sinto incluído”

Declaração foi dada na sabatina da Rede Vitória. No entanto, o petista explicou que não levaria a linguagem neutra para as escolas. Leia a entrevista completa

O candidato do PT à Prefeitura da Vila Velha, João Batista “Babá“, foi o terceiro entrevistado na série de sabatinas promovidas pela Rede Vitória com os principais postulantes na cidade. Por 30 minutos, nesta quarta-feira (25), ele respondeu a perguntas e apresentou suas propostas para o município.

As entrevistas, realizadas pela Rádio Pan News Vitória (90.5 FM), são transmitidas simultaneamente pelo jornal online Folha Vitória e começam sempre às 11h30, de segunda a sexta-feira.

A ordem na sabatina foi definida por sorteiosendo elaborada a partir dos cinco candidatos com melhor pontuação no cenário estimulado da pesquisa Futura. Nesta quinta-feira (26) será entrevistado Arnaldinho Borgo (Podemos), candidato à reeleição.

João Batista Gagno Intro, o “Babá”, tem o Professor Rodrigo como candidato a vice-prefeito. Na sabatina, o postulante a prefeito foi questionado sobre o novo conceito de trânsito inteligente, marcação de consultas nas unidades de saúde, linguagem neutra, entre outros temas.

Babá diz não ser contrário à linguagem neutra e que se sente até incluído. “Eu não sou contrário. É assim que as pessoas se comunicam. Existe um grupamento, por exemplo, LGBTQIA+. Eles estabelecem essa linguagem entre si, entre a sociedade. Eu não me sinto ofendido se alguém fizer uma saudação onde eu estiver presente falar todxs”.

Abaixo, confira a transcrição completa da sabatina com João Batista “Babá”:

Candidato, o governador Renato Casagrande foi eleito com a Federação do PT, mas ele está com o seu adversário político em Vila Velha. Por que o governador não apoia a sua candidatura?

Eu acho que, na realidade, o governador foi eleito numa coligação em que estava presente o PT, estava presente a Federação Brasil da Esperança. Ele tem em seu apoio uma ampla quantidade de partidos. Não foi só o PT. Aí vai da afinidade. Então, eu vejo isso com naturalidade. Não vejo isso com nenhum problema. É natural. Na política é assim mesmo que as coisas se dão.

Candidato, o eleitor de Vila Velha tem muita rejeição aos candidatos do PT. Bolsonaro venceu na cidade nos dois turnos e nas últimas eleições municipais o PT nem teve candidato. Qual sua estratégia para convencer o eleitor a votar no senhor?

Na verdade, essa rejeição que se propaga em relação ao PT e em Vila Velha nem é tão grande assim. Se a gente for imaginar que o Lula, nosso candidato a presidente, ganhou as eleições, ele teve no município 40% dos votos e teve mais ou menos 100 mil votos. Então você imagina que esse eleitor, quase 50%, 40% dos votos, ele tem uma simpatia sim pelo PT.

O que faltou no PT ao longo desses anos? Eu acho que foi o empenho maior em ter participado mais politicamente e isso é algo que foi notório quanto a minha participação na política da minha vez.

Eu saí da política em 2012. Quando fui candidato, tive atuação expressiva na Câmara de Vila Velha e depois eu fui candidato a prefeito para ajudar o partido, que vinha numa condição para a eleição em que eu fui realmente para o sacrifício.

Eu podia ter me reeleito vereador e depois, dali, então eu me recolhi ao meu trabalho. Eu sou um profissional liberal, sou cirurgião-dentista, sou professor. Antes de vir para cá, por exemplo, estava dando aula na Associação Brasileira de Odontologia. Então eu continuei.

Eu não sou um político carreirista, eu vivo da minha profissão até hoje. O que eu recebo, o meu sustento, se dá do meu consultório e se dá das aulas que eu dou, das palestras que eu desenvolvo pelo Brasil afora.

O senhor falou de 40% dos votos, mas a nossa pesquisa Futura, que foi divulgada neste fim de semana, o seu nome só aparece com 1,6% das intenções. Por que esses votos não trazem isso?

Eu associo isso um pouco a minha condição mesmo. Eu fiquei distante da política. Quem não é visto não é lembrado. Então a rejeição não é uma rejeição, de fato.

Na rua, não tive rejeição nenhuma. As pessoas me abraçam, até os adversários vêm falar comigo. A pessoa que vota, que está votando em outro partido, vem falar comigo.

Então, não houve nenhum xingamento, nenhum problema de hostilidade. Não tive que fazer nenhum processo contra ninguém. Eu vejo essa rejeição com tranquilidade. Essa rejeição, na verdade, foi da polarização que houve na cidade.

Eu tenho feito uma campanha realmente de oposição e isso acaba ferindo algumas pessoas que estão lá querendo votar no candidato da situação, que é o atual prefeito.

Mas eu não acho que isso é uma rejeição nem a mim nem ao PT porque, como a gente fala do programa do Lula, do que ele tem feito, do que ele trouxe para a cidade, a gente traz para cidade com as nossas propostas. Eu estou recebendo isso com naturalidade.

Como é que pretende fazer com que o eleitor vote no senhor sabendo que, como acabou de falar, nas últimas eleições o senhor disputou só para atender o partido? Como é que quer fazer o eleitor acreditar que o seu nome é possível e viável com essa postura?

Não é pela postura, e sim pelas propostas. Hoje nós temos um projeto diametralmente oposto ao que está em Vila Velha.

A nossa principal proposta é a criação da Cidade Inteligente, que é uma nova forma de gestão, que é a cidade inteligente, e você realmente dá um salto de qualidade na gestão, ou seja, a gestão ela vai se dar com um aspecto de digital em todas as áreas, desde a saúde, da educação, da forma realmente de gerenciar o município. Então ela tem uma proposta que é viável, ela traz benefício para cidade.

A outra coisa é a gente olhar bem quais são os problemas de Vila Velha e os principais que o eleitor também tem elencado, que é saúde e educação, A gente vê que a saúde e a educação na cidade não são tão bem geridas.

Vila Velha é um dos menores Ideb. O Ideb de Vila Velha perde para Viana, que é uma cidade bem menor, então perde para Vitória, perde para Serra. Na Grande Vitória nós estamos mal. A educação em Vila Velha está ruim, então cabe proposta nesse sentido de melhorar. A saúde também está ruim porque nós temos problemas seríssimos.

Há falta de consultas médicas para especialidades e não tem nenhum movimento da prefeitura. O prefeito não fez nenhum movimento no sentido de mudar e apresentar uma alternativa, alternativas que eu gostaria de apresentar nesse momento.

Candidato, vamos aproveitar e falar exatamente sobre saúde, que é prioridade para metade dos moradores de Vila Velha. Isso foi comprovado na pesquisa Futura. A cidade tem hoje 24 unidades de saúde, dois PAs, uma UPA. No seu plano de governo, o senhor fala em ampliação da rede. Quantas unidades seriam construídas?

Então eu vou dizer uma coisa interessante. É que às vezes estão construindo (não que nós não vamos construir unidade), mas construir unidade não é o fundamental às vezes. O fundamental é dar condições de funcionamento eficaz e eficiente que hoje não tem. Hoje está ineficaz e não precisa de muita coisa para provar.

Vai na porta de um PA, vai na porta de uma unidade de saúde. Você vai perceber isso. E não está ruim só na especialidade, está ruim na atenção básica. Mas esses dois problemas são os principais. Quais são eles? Um é fazer as unidades que já existem funcionarem, funcionarem no sentido de atender e de resolver. Um dos problemas do SUS é exatamente a resolutividade.

Na questão da saúde, então, é a resolutividade. Ela não se dá só com a atenção básica, é preciso ampliar o PSF. O nosso PSF ainda não atingiu 100%, então isso é fundamental. Uma questão básica não foi resolvida. PSF é para 100% da população.

Dois: a população passa meses esperando uma consulta, por exemplo, com dermatologista, com oftalmologista. Então temos que criar uma central de especialidades ou aderir ao programa do governo Lula, que é o acesso a Mais Médicos, em que a prefeitura pode contratar, tem aporte financeiro federal para isso. Do mesmo jeito que trouxe o Mais Médicos, você tem o Mais Médicos Especialistas.

Tem um outro programa do governo Lula que ele avança, que é fazer convênios. Eu, quando trabalhei na Prefeitura de Vitória, no primeiro governo do João Coser, fui da Secretaria de Saúde e nós resolvemos o problema da especialidade fazendo convênios.

Por exemplo, você pode fazer um convênio, faz aportes financeiros pré-determinados. Nós fizemos à época com a Santa Casa de Misericórdia, com o Santa Rita, com o Hospital Universitário. Pode fazer também com clínicas particulares. Nós fizemos, por exemplo, com a Pró-Matre e resolvemos o problema.

Vila Velha também pode fazer isso, mas não tem nenhum caminho, não tem um convênio. Outro é a telemedicina, um programa em que você tem contratado, por exemplo, pode ser até particular, mas tem que ser dentro da tabela do SUS.

Você vai contratar uma central de especialidades em que o paciente chega diante de mim e eu, ligado através de uma câmera, ligado a esse médico especialista que vai estar aqui, o paciente vai estar com exame e a gente conversando sobre o diagnóstico e a propositura de tratamento. Isso é possível fazer, isso é uma coisa tranquila.

Como é que é possível fazer isso com a população sem condição financeira? Para comprar um celular, comprar uma câmera, tem esse recurso?

Isso é fundamental. Existe o programa de conectividade, também do governo Lula. É até bom que a gente divulga aqui, em que você pode trazer primeiro internet de velocidade de qualidade para toda população.

E outra coisa: para que serve uma Secretaria de Ação Social se não para fazer essa inclusão? E se a gente hoje dá acesso a tantos aparelhos, dá condições para uma população de baixa renda.

Nós temos programas aí que ajudam em várias áreas. Por que não? Porque hoje o acesso, a informatização, se ele é negado, essa pessoa está excluída da sociedade.

Agora a gente fala sobre exclusão. Temos mais de 110 mil pessoas na pobreza, na extrema pobreza, em Vila Velha. E essas pessoas não têm nem um telefone para que seja colocado no WiFi.

Eu acho que isso é possível resolver. Acho que o Estado pode sim fazer essa busca. Estado que eu digo é a prefeitura. Ela pode fazer esses aportes, eu acho que tem condições de fazer.

Quem hoje quer marcar uma consulta também online tem dificuldade nessas filas. Então primeiro lugar tem que resolver a questão do acesso. É óbvio, tem que fazer esse acesso e tem que buscar subsídios para isso.

Agora, não dá para a gente deixar a população lá oito meses. Uma pessoa que espera, por exemplo, um exame de mamografia, esse câncer cresceu e entrou em metástase. Então isso é crueldade também. Nós temos que buscar essa solução. A solução é criar essas vagas de atendimento e a outra é fazer inclusão digital.

Candidato, existe um desejo do governo do Estado de implementar o sistema Transcol também na rede municipal, de fazer essa integração do sistema Sanremo com o Transcol, como acontece aqui em Vitória. Mas no seu plano de governo, o senhor fala em oferecer a tarifa zero. Qual o impacto financeiro disso para uma cidade com quase 500 mil habitantes?

O impacto financeiro é em torno de 2,5% do montante do orçamento da Prefeitura de Vila Velha. Não é muita coisa. A gente pensa que você só tem que mudar um pouco a lógica de como cobra isso. Você não vai cobrar isso por pessoa, você vai cobrar isso por quilômetro rodado, por desgaste de pneus.

E mais… você pode abrir isso para parceria com outros públicos, com outras empresas privadas, não só, por exemplo, do setor rodoviário.

Você pode criar, por exemplo, uma empresa grande em que o seu funcionário pode utilizar desse serviço, pode aportar para esse programa. É algo que no Brasil já é feito em algumas cidades.

Se Vila Velha fizesse, ela seria uma das maiores cidades do Brasil a fazer isso. Mas existe em torno de umas 15, 20 cidades no Brasil que já começaram a fazer esse trabalho.

Como é que vai operacionalizar isso, candidato? O transporte público é uma concessão do Estado. A gente tem empresas que vivem também do transporte público. Como vai fazer isso?

Ela vai continuar vivendo do transporte público. Só não vai mais cobrar por passageiro. Ela vai cobrar pelo desgaste dela. Então você vai ter um controle também sobre isso. E aí você tem que estabelecer o estágio de governança para que isso seja visto, porque o transporte público interessa a quem? Primeiro ao usuário, que é quem tem que ser servido dele.

Depois aos empresários, que são quem lucra com isso. Quer dizer, se você traz para debaixo de um guarda-chuva, você vai ver se é possível. E mais, as cidades que implementaram essa tarifa zero resolveram uma questão de comércio, porque o povo circulou mais e isso aumentou um índice importante de gasto no comércio.

Sabe quanto hoje o cidadão que recebe em Vila Velha em média um salário-mínimo e meio gasta com transporte? 20% de sua renda. Então, olha só como isso é de fundamental importância do ponto de vista social.

Mas aí é que vem a discussão de que tipo de gestão você quer? Uma gestão de frente para a orla e de costas para a cidade, de costas para a periferia? Vila Velha tem uma periferia hoje que não tem nem energia elétrica, nem água potável. A Vila Esperança ela está excluída. Entendeu?

Então é necessário fazer isso. É uma coisa de coragem. Quando o presidente Lula disse “eu vou trazer o Bolsa Família, eu vou fazer minha casa, minha vida”, muita gente riu. “Eu vou fazer o filho do trabalhador virar doutor”. ProUni e Fies! Então é possível se você fizer sem desperdiçar dinheiro.

Candidato, o senhor já disse ser a favor da linguagem neutra. Se eleito, ela vai ser adotada nos setores da prefeitura? Acha que deve ser adotado também nas escolas?

Não, de maneira alguma. O que eu falei é o seguinte: você é a favor da linguagem neutra? Eu não sou contrário. É assim que as pessoas se comunicam. Existe um grupamento, por exemplo, LGBTQIA+. Eles estabelecem essa linguagem entre si, entre a sociedade.

Eu não vou ficar criticando (quem usa linguagem neutra). Se alguém chegar aqui e falar “bom dia a todes”, eu não vou me sentir discriminado. Eu sou “de boas”, entendeu? Eu não me sinto ofendido se alguém fizer uma saudação onde eu estiver presente e falar “todxs”. Eu me sinto incluído.

Agora eu não acho que você tem que incluir essa linguagem, porque ela não é uma linguagem própria da nossa vida, da nossa relação. Então, para mim não há problema nenhum. A linguagem é neutra. Eu não me sinto ofendido.

Candidato, Vila Velha sofre com constantes congestionamentos no trânsito. No seu plano de governo, o senhor fala em um conceito de trânsito inteligente, com controle de tráfego, videomonitoramento. O que será feito na prática para melhorar o trânsito na cidade?

É aí que entra o projeto de cidade Inteligente, porque Vila Velha contratou um serviço no governo passado do Max Filho, uma PPP que resolveria um problema sério para a cidade, que foi a troca da iluminação para LED. Entretanto, há um segunda parte desse projeto e olha que é um projeto que nem é meu, nem é do PT. É um projeto que vem do governo Max.

Mas eu acho que quem está na política tem que parar de fazer política com ranços ideológicos. Esse projeto é um projeto excelente, que bota de verdade Vila Velha à frente, inclusive da Grande Vitória. Já era para ter sido implementado em cada espaço. A empresa que fez as trocas é uma PPP.

Ela colocaria sensores e esses sensores têm condições de realmente, em tempo real, estabelecer. E você pode fazer que todo o sincronismo do seu sistema de semáforos esteja ligado a ele. Até percebendo e fazendo o estudo do tempo. Por exemplo, tem um semáforo que necessita de um tempo menor do que um semáforo que precisa um tempo maior. Você conseguir fazer isso.

Qual o grande problema de fluxo de Vila Velha? Um é sair da cidade, da Terceira Ponte. Dois é o interno, tipo algumas vias, como a Jerônimo Monteiro. A quanto tempo ninguém fez nada? A Jerônimo Monteiro não tem ciclovia, lá não tem absolutamente nada, é um lugar esquecido que liga de São Torquato até a Glória. E é uma via importante.

É necessário que se faça uma política estruturante com as ciclovias. Mas agora o prefeito atual diz: vamos fazer a ciclovia ligando do Libanês até a Ponta da Fruta.

Acontece que essa ciclovia, para ela acontecer, tem que passar por áreas de preservação permanente, de restinga, que é um patrimônio mundial que Vila Velha abriga. Como é que vai ser isso? Que estudo de impacto foi feito para ele propor isso? E a quem interessa isso? Se essas áreas são desertas e áreas de preservação permanente.

A proposta que interessa ao vilavelhense é fazer a ligação dos bairros com uma ciclovia. Isso é fundamental, porque Vila Velha é medalha de prata em acidentes de trânsito no Estado inteiro.

Onde estão acontecendo esses atropelamentos? Estão acontecendo naquela região que liga da Glória, saindo da Garoto e indo até São Torquato. Muitos estão acontecendo ali porque são trabalhadores de periferia que usam muita bicicleta e ali não tem nem sinal de ciclovia.

O próprio trânsito ali é ruim, o asfalto é ruim e não tem nenhum ordenamento. Aliás, infelizmente, na Jerônimo Monteiro tudo é ruim, porque nem a coleta de lixo ali é feita decentemente.

Na educação o senhor fala que vai instituir eleição direta de diretores com a participação da comunidade escolar, pais, profissionais, alunos com mais de 14 anos. São 110 escolas em Vila Velha. Como acha que os candidatos vão conseguir pedir voto, fazer campanha? O senhor pretende criar um fundo eleitoral para isso? Vai tirar dinheiro da prefeitura?

Vila Velha sempre teve o histórico, desde o governo de Vasco Alves, saudoso Vasco Alves, que estabeleceu a discussão de Orçamento Participativo. Eu era jovem, bem jovem nessa época, e participei ativamente enquanto ativista do movimento popular. Eu morava no bairro de Vila Nova, nos conjuntos habitacionais.

Esse projeto foi dando certo, ele foi exportado, foi para o Fórum Social Mundial, foi discutido, e à medida que foi mudando as administrações, isso foi murchando dentro de Vila Velha. A participação popular é fundamental e necessária porque a comunidade escolar é encerrada em si própria.

Diferente de um posto de saúde que está aberto lá, está aberto, tem porta aberta. Na escola não, a escola ela tem portão fechado e aí a comunidade que está ali dentro dessa escola são pais, alunos, professores.

Então você consegue dimensionar, fazer igual dentro da universidade. Você elege o reitor, que é muito comum, que é muito comum hoje no Brasil inteiro eleger o reitor da universidade pública. Por que não dá para fazer isso? Você vai gastar pouquíssimo. E mais, você vai fazer com que haja uma interação de verdade da escola, de quem ganhou essa eleição com a comunidade, com os problemas da comunidade.

Qual é o principal problema ligado hoje às escolas nas periferias? Eu acho que é a questão do tráfico de drogas. Eu vejo que quando você sustenta o aluno dentro da escola, você indisponibiliza esse cidadão, essa cidadã adolescente para o tráfico da droga. Quanto mais oferece serviços dentro de uma escola com projetos e de programas, mais você satisfaz essa criança.

E o que se prevê para a educação? A gente tem uma determinação, por exemplo, do governo federal, de ter as escolas de tempo integral. Metade das escolas tem que ser de tempo integral até o ano que vem.

Eu acho importantíssimo você dizer isso. É a prova concreta do descaso. Fiquei bravo quando falei que isso é uma coisa de se indignar. O camarada foi eleito, sabia dessa coisa, colocou no programa dele: “Eu vou resolver o problema da escola em tempo integral”. Aí entra e oferece duas, em um projeto de 100.

Isso é mentira! Isso é quase estelionato eleitoral. Nós não podemos aceitar isso. Resolver isso de agora até o ano que vem, ninguém vai resolver. Se resolver vai resolver de forma precária. Não vai resolver, vai inventar dados.

O Ideb de Vila velha é o menor. O professorado de Vila Velha, o que ele vai dizer? O meu salário foi achatado, minha condição de poder me aposentar num tempo menor como eu tinha previsto… onde eu estava para receber um salário melhor no plano de cargos e salários? Foi achatado cruelmente. Agora ele achata o salário do professor e incha a prefeitura de cargos comissionados, que estão lá na rua balançando bandeira para ele.

E como melhorar a nota do Ideb?

A primeira de todas é você valorizar o trabalhador. É exatamente o que pode acontecer com a Guarda Municipal. Posso comprar fuzil, canhão, mas se eu não treinar esse cidadão, se eu não resolver o problema dele do ponto de vista salarial, se você não der a esse profissional ele ser valorizado, ser amado pela comunidade, ele vai trabalhar infeliz, vai trabalhar com problema.

Aproveitando que o senhor citou a Guarda Municipal, o que pensa fazer para melhorar a segurança de Vila Velha? A gente sabe que tem problemas crônicos de assalto, principalmente a pontos de comércio em áreas como o Centro de Vila Velha, Glória, Itapuã, Praia da Costa, Itaparica, mas ao mesmo tempo nos lugares mais periféricos. A gente tem um intenso tráfico de drogas, problemas sérios de convivência familiar, violência contra a mulher. O que pensar fazer para a segurança do município? E isso também passa pela Guarda, significa contratar mais, fazer mais concursos para guardas municipais e melhorar o salário? Qual a proposta do senhor?

A primeira coisa é que tem que discutir em cima de dados. Vila Velha é o município mais violento. No último mapa da violência, inclusive com institutos seríssimos como Ipea, Vila Velha é o primeiro lugar aqui na Grande Vitória. E dizendo mais, a cada nove nove homicídios, um acontece em Vila Velha.

Eu não vi nenhum programa dessa gestão realmente apontar essa resolutividade, nem de assumir que isso acontece.

Eu tive um irmão assassinado no mês de maio, um dia depois do meu aniversário. Essa dor de uma família toda é recuperada? Não! A dor fica para sempre, esse derramamento de sangue. E quantos outros que nem eu? A proposta é investir de forma imediata.

Então você tem que treinar a Guarda para estar realmente nesses lugares. A questão, por exemplo, dos arrombamentos, por que não pode ter um posto permanente da Guarda Municipal na Glória, que é onde mais acontece arrombamento a lojas? Por que não pode ter?

Nós temos um posto policial permanente no Morro do Moreno, que na verdade vigia a segurança das pessoas que moram no Morro do Moreno, que é uma comunidade de poucas pessoas, mas do ponto de vista econômico é muito rica. Lá tem um posto avançado. Por que não pode ter um posto desse na Glória, por exemplo?

E mais, a Guarda Municipal tem que ser territorializada. Ela tem que estar nos territórios sabendo onde acontecem mais homicídios.

O crime patrimonial é outro problema. Então, do ponto de vista da violência, não está resolvido nem na comunidade mais rica que é Praia da Costa, na orla, como não está em Vale Encantado, não está em Terra Vermelha. A primeira necessidade é que tem que levar políticas públicas para esses lugares, que elas sejam eficazes e eficientes.

Segundo, nós não temos um programa de educação nem no trânsito nem da questão da violência. Ou seja, esse tema não foi tratado, foi varrido para o tapete.

Fala que está comprando fuzil, canhão e essas coisas, mas não discute com a comunidade o que nós podemos fazer.

A gente tem que sonhar alto. Nova York resolveu o problema dela dizendo sabe o quê? “I love New York”. O coraçãozinho, foi isso. Então eu falei isso com o pessoal da periferia, quando você fala assim: “Você vai aonde?”. Lá em Terra Vermelha. “Ai, cuidado!”. Olhe só que discriminação com o povo de lá.

Outra coisa é oferecer políticas públicas e uma outra é o Estado estar presente. A forma é essa. Agora tem que ter articulação da prefeitura com o Estado e com o governo federal.

Candidato, temos dois minutos para as considerações finais. O senhor tem dois minutos a partir de agora.

Então eu quero dizer para você de Vila Velha que o candidato Babá é do time do Lula. Você que votou 13, vote 13 novamente. Você votou 13, mudou o país. Vamos mudar Vila Velha votando no 13.

A outra coisa é dizer que nós temos um projeto de uma cidade inteligente, de um programa realmente que faça Vila Velha ser diferente. Então estou pedindo o seu voto. Vote 13, vote Babá, vote no time de Lula, vote na Cidade Inteligente. Essa é a nossa proposta.

Nós queremos e estamos presentes em Vila Velha, rodando nas ruas, conversando. Hoje a gente vai estar na Glória, vai rodar a Glória, vai falar com os comerciantes daquela região e vamos trazer as nossas propostas. Ali é banheiro público para aquela região, é bebedouro, é um posto da Guarda Municipal naquela região. Porque a Glória é um shopping a céu aberto.

Um forte abraço a todos vocês. Apresentamos as nossas propostas, a sabatina foi muito boa. Obrigado pela forma respeitosa com que fui tratado. E vou repetir: vote 13, vote Babá, vote no time do Lula, que Vila Velha pode mais.

VEJA A ENTREVISTA COMPLETA COM JOÃO BATISTA “BABÁ”:

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