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“Prefeito da Serra tem que liderar o debate do VLT”, diz Roberto Carlos em sabatina

O candidato do PT foi questionado na sabatina da Rede Vitória sobre diversos temas, como a condenação de Lula, construção de creches e mobilidade

O candidato do PT à Prefeitura da Serra, Roberto Carlos, foi o segundo entrevistado na série de sabatinas promovidas pela Rede Vitória com os principais candidatos às prefeituras das quatro maiores cidades da Grande Vitória. Por 30 minutos, ele respondeu perguntas e apresentou suas propostas para o município.

As entrevistas, realizadas pela Rádio Pan News Vitória (90.5 FM), são transmitidas simultaneamente pelo jornal online Folha Vitória e começam sempre às 11h30, de segunda a sexta-feira. A ordem dos candidatos foi definida por sorteio. Na segunda-feira (9), primeiro dia de sabatina, o entrevistado foi o candidato Igor Elson (PL).

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Roberto Carlos Teles Braga tem Cida Alves como candidata a vice-prefeita. Ele já participou de várias eleições ao longo dos anos, incluindo candidaturas a deputado estadual e a vereador na Serra. Também já concorreu ao cargo de governador do Estado em 2014.

Na sabatina, o candidato foi questionado sobre diversos temas, como a condenação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mobilidade urbana e construção de creches. Roberto Carlos defendeu que o prefeito da Serra lidere as discussões sobre a implantação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), já que é a cidade mais populosa do Estado.

Abaixo, confira a transcrição completa da sabatina com Roberto Carlos:

Na eleição para presidente em 2022, a maioria dos eleitores da Serra votou em Jair Bolsonaro diante do histórico negativo do PT. A gente acompanhou escândalos de corrupção e prisões. Como o senhor pretende convencer o eleitor da Serra de que não faz parte desse jogo político?

Foi uma eleição que, se você pegar o quadro do Estado Espírito Santo, foi uma das mais apertadas. O presidente Lula, a presidente Dilma e o próprio Haddad sempre tiveram um histórico de boa votação na Serra. O PT também teve vários parlamentares na Câmara da Serra e todos eles com histórico de seriedade. Em relação aos eleitores, eu já fui vereador duas vezes, fui deputado estadual, foi diretor da Codesa (Companhia Docas do Espirito Santo) e fui subdiretor na Assembleia Legislativa.

Eu ofereço a minha vida e ofereço para qualquer um que busque meu CPF e verifique como que foi a minha conduta na vida pública. Eu fui o presidente do concurso público mais sério que teve na Assembleia Legislativa.

Quando fui vereador, não só denunciei, mas eu trabalhei para que os gastos da Câmara fossem os mais econômicos possíveis porque acredito que o Legislativo tem que ter condições de funcionar, mas não com recurso alto porque a cidade tem outros desafios. Então acho que eu tenho dado muito a Serra, acho que não paira nenhuma dúvida sobre minha seriedade e sobre minha honestidade.

Mas com esse histórico, candidato, você não acha que o peso de casos de corrupção que a gente viu assolando o país, prisões, gente devolvendo dinheiro, uma discussão danada sobre isso e o PT amplamente envolvido, não é um peso para o senhor ao longo da trajetória para fazer campanha agora visando a Prefeitura da Serra?

Muito graças a Deus nós tivemos ao longo dos últimos anos no país todas as informações possíveis. Eu sou totalmente favorável ao combate à corrupção. Acho que a corrupção tira dinheiro da educação, tira dinheiro da saúde, ceifa o futuro das pessoas.

Agora a gente quer entender a operação que gerou aquelas prisões, a importância que ela teve e o uso político que ela teve também. É bom saber que o juiz, depois que veio a ‘vaza jato’, ficou provado que ele estava junto com o Ministério Público numa articulação para condenar, sobretudo, o presidente Lula.

Tanto é que o presidente Lula ficou mais de 500 dias preso, mas logo depois, quando veio a ‘vaza jato’, o STF suspendeu a prisão e também colocou o juiz como um juiz parcial. Tanto parcial que ele disputou a pré-candidatura como presidente da República. Ou seja, ele tinha um projeto político. Isso não apaga a corrupção que teve, que não foi uma corrupção do Partido dos Trabalhadores. O próprio presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, também estava na lista.

É só pegar a lista da Odebrecht, que graças a Deus meu nome não está, é uma lista grande, inclusive com pessoas do Espírito Santo. Então, o que eu tenho para dizer é que o fortalecimento da luta anti-corrupção ela tem que continuar desde que o juiz, o Ministério Público, façam com seriedade, não com projeto político.

Como pode um juiz liderar uma operação grande como foi e depois virar ministro de um candidato que ganhou a eleição porque o ex-presidente estava preso?

Mas, candidato, as condenações do presidente Lula foram todas confirmadas por instâncias superiores.

O problema é que nós chegamos em um quadro do país em que Lula está sendo condenado por uma parte da opinião pública e o outro, o ex-presidente, está sendo absolvido por essa mesma parte da opinião pública.

Agora tem várias provas contra ele, que daqui a pouquinho nós teremos notícias da prisão dele ou não, mas que as pessoas não acreditam. Então o que eu tenho para dizer em relação a isso? Eu sou favorável à democracia. Acho que a democracia é o melhor terreno para se plantar direito e se plantar transparência.

Eu acho que o poder público tem que ser transparente. Quem tiver alguma coisa com a Justiça tem que pagar. Agora a gente não pode condenar um partido político.

Vocês são jornalistas muito bem informados. Vocês sabem que nós tivemos um deputado estadual na Assembleia por seis mandatos que se recusou a receber aposentadoria do antigo Instituto de Previdência da Assembleia e está lá na Barra do Jucu vivendo de INSS, que é o Claudio Vereza, que foi presidente da Assembleia Legislativa.

Eu fui primeiro secretário da Assembleia. Então, eu estou à disposição, quero que apresentem provas de que eu retirei um real do serviço público por onde passei. Seis anos vereador da Serra, quatro anos deputado estadual, diretor da Codesa, secretário de Trabalho, Emprego e Renda, inclusive do ex-prefeito. Então ele poderia testemunhar. Eu vivo do meu salário, graças a Deus, e espero que todo político tenha a mesma conduta.

Na última eleição, o senhor concorreu para deputado estadual e teve 7.500 votos. Na última pesquisa Futura, em parceria com a Rede Vitória, o senhor aparece em quarto lugar, com 2,5% das intenções de voto. A gente sabe que o PT é um grande partido do país, inclusive em fundo eleitoral, é o segundo em fundo eleitoral, esse pleito vai receber mais de R$ 600 milhões, só perde justamente para o PL. O senhor não acha que esses números do senhor, 7.500 votos na última eleição e 2,5% na pesquisa de intenção de voto, são muito pouco para o tamanho que o partido tem?

Sim, você está correto, acho sim. Primeiro que é importante ver o que aconteceu comigo. Eu não quis disputar minha reeleição, quis dar um tempo na minha carreira política, porque gostaria de voltar para sala de aula, fazer um mestrado, fazer outras atividades.

Eu nunca coloquei na minha cabeça a política como uma carreira. Então eu deixei de disputar uma eleição que seria reeleito, porque eu tinha pesquisa e outros colegas tinham pesquisa, mas não topei disputar a reeleição, quis dar um ‘pit stop’. A gente aprende com a vida que na política não existe espaço vazio. Eu saí do Partido dos Trabalhadores, fiquei um período na Rede e, quando você volta, sabe que perde as bases políticas, perde lideranças, e isso aconteceu.

Então, a minha última candidatura foi refazer e reconectar minha relação com o PT, e isso realmente é muito orgulho dos 7.500 votos. Agradeço muito. Inclusive, se for pegar o recurso que eu tive para ter 7.500 votos, nós fomos guerreiros com aquela votação porque tivemos poucos recursos.

Em relação ao percentual de pesquisa, o que eu posso dizer? Nós temos dois candidatos que já estão em campanha há dois anos. O ex-prefeito, que disputou a eleição de governador e não saiu da rua. Eu respeito, fui secretário dele, mas ele está licenciado há dois anos fazendo campanha.

O deputado, vereador, ele ganhou a eleição de deputado e foi para dentro da cidade fiscalizar a unidade básica de saúde. Então, esses números são reais, eu acredito neles, só que hoje eu acho que não estou mais com 3% que apareceram em outras pesquisas.

Por quê? Porque nossa campanha está na rua, nós estamos botando as pessoas no bairro e nós estamos sendo muito bem acolhidos. Eu não tenho dúvida nenhuma que as próximas pesquisas vão apontar um crescimento da nossa candidatura, porque é isso que eu estou vendo nas ruas.

Vamos falar um pouco sobre mobilidade. No seu plano de governo, exatamente nessa área de mobilidade, o candidato fala em criar zonas de baixa emissão, onde o tráfego de veículos a combustão é restrito, promovendo aí o uso de transportes alternativos e melhorando a qualidade ambiental e de vida urbana. O que seriam essas zonas e onde elas vão ficar?

Perfeito. Bom, primeiro, quero firmar o meu compromisso com o meio-ambiente. Eu sou geógrafo de formação e todos nós estamos acompanhando o que está acontecendo com o planeta e o que está acontecendo com os grandes centros. Ontem (segunda-feira) saiu um dado que a cidade de São Paulo teve a pior qualidade do ar do planeta. É claro que tem uma série de fatores que a gente está vivenciando. Então nós vamos apostar muito na sustentabilidade.

Tem um modal que é fundamental, inclusive para a saúde, que são as bicicletas. E hoje, na Serra, o que a gente precisa é ampliar o número de ciclovias e criar ciclofaixas. Recentemente teve uma inauguração muito importante para a mobilidade da cidade, que foi o binário da Norte-Sul. Só esqueceram de botar ciclofaixas.

Se um ciclista pegar hoje a Norte-Sul da forma como está, ela ficou mais veloz, a fluidez aumentou, mas ele corre sério risco de vida. Então, quando a gente fala de segregar vias, a gente vai colocar algumas vias segregadas para bicicletas e vamos estender as ciclofaixas e as ciclovias, integrando as ciclovias. Isso vai ser uma prioridade nossa. E em relação à mobilidade, eu gostaria de falar também das obras estruturantes que a cidade está precisando.

O senhor fala de criar zonas onde o tráfego de veículos a combustão é restrito. Então vamos ter vias, ruas, em que não vai poder passar carro nem ônibus, só bicicleta?

Pode passar bicicleta ou carro elétrico. Nós vamos tentar fazer com que a cidade amplie muito o uso do carro elétrico.

Mas hoje em dia o preço de um carro elétrico não é acessível para a população. Aí vai jogar o trânsito para outras vias, que vão ficar sobrecarregadas.

Isso é um compromisso com a frota da própria prefeitura. A frota da prefeitura terá que ser uma frota sustentável. Em relação à segregação, peço desculpa, em relação à segregação são as ciclofaixas e as ciclovias. Não é carro elétrico, eu me equivoquei. Você está corretíssima. Se você faz uma segregação de vias para carro elétrico, você vai passar dez carros e vai passar um milhão do outro lado. Nós vamos segregar faixas para os nossos ciclistas. Não tem hoje.

A Norte-Sul foi entregue recentemente. A obra ficou boa. Eu ando de carro. E para quem usa carro ficou muito boa. Qual foi o pecado da obra? O pecado da obra é que não foi prevista a ciclofaixa ou a própria ciclovia.

E na Serra nós temos um número significativo de pessoas que se locomovem para o seu local de trabalho com ciclovia. Sem contar que tem muita gente que hoje se organiza em grupos para pedalar na cidade. Está muito arriscado mesmo, porque ela ganhou uma fluidez muito maior e é uma via muito importante da nossa cidade. E eu lamento eles não terem pensado a ciclofaixa e a ciclovia na execução da via.

Eu vou juntar agora a mobilidade com segurança pública. Na nossa pesquisa futura, 23% dos entrevistados que moram na Serra afirmam que segurança pública deve ser a prioridade da próxima gestão e a gente tem um problema muito grave na cidade que é em relação a assaltos a ônibus, principalmente naquele trecho de Jardim Limoeiro, que é o que a gente está falando aqui dessa questão do binário. O que é possível ser feito? O que pretende fazer para reduzir esses constantes assaltos?

A segurança pública tem dois vieses e eu sempre bato nessa tecla. É a prevenção e a repressão qualificada. A prevenção nós vamos trabalhar muito para expandir a taxa de matrícula das nossas crianças e adolescentes em tempo integral. Nós vamos usar as diversas praças da Serra com atividades e exercícios orientados, com profissionais qualificados para isso.

Em relação à repressão, a Serra liderou a taxa de homicídio no Brasil e foi criado o Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM), que é um grupo gestor integrado com Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Guarda Municipal, Ministério Público. E isso vai permanecer.

De que maneira você pode combater esse tipo de pequenos delitos, que é assalto em via pública? Ampliando o videomonitoramento que a cidade já tem e está aumentando, ampliando o cerca eletrônico, e ampliando também o número de guardas municipais.

A Serra tem um orçamento quase que R$ 600 milhões a mais do que Vila Velha, e a Guarda Municipal de Vila Velha é maior do que a Guarda da Serra. E Vila Velha tem uma área bem menor do que a Serra. Então, nós vamos aumentar, temos esse compromisso de aumentar o efetivo da Guarda e equipar a Guarda Municipal de tecnologias que possam fazer com que aumentem a presença deles. Nesse ponto temos drones, videomonitoramento… Nós temos esse compromisso firmado aqui.

Eu estou falando na rua o seguinte: a minha palavra será cumprida na íntegra. Por isso vocês não vão ver eu prometendo nenhuma pirotecnia porque eu conheço orçamento. O sonho não cabe dentro do orçamento. No orçamento cabe coisas concretas. Então nós vamos ampliar o efetivo da Guarda Municipal e dotar a Guarda Municipal de novas tecnologias para melhor fiscalizar as ruas da nossa cidade.

Muitos políticos falam que a segurança pública é de responsabilidade do Estado e não do município. Como o senhor vai agir em relação à segurança pública? Vai estar atuante, na rua, vai estar junto com a Guarda ou vai só comandar de dentro do gabinete ou fazendo essas reuniões com o GGIM?

Na minha carreira política, na minha trajetória de 10 anos de mandato, eu nunca fui fazer pirotecnia. Esse negócio de prefeito na rua do lado da Guarda Municipal, efetividade zero. O que ele tem que fazer é dotar a Guarda de remuneração, de capacitação e de equipamentos para poder fiscalizar e para poder atuar na cidade.

Eu não sou Rambo, nem sou candidato a Rambo. O que eu posso dizer para você é que você está correto no início da sua pergunta e, quando eu fui vereador e deputado, sempre foi um clamor da Serra ampliar o efetivo da Polícia Militar e isso qualquer prefeito que chegar lá no dia 1º de janeiro 2025 tem que continuar solicitando ao governo do Estado porque, evidentemente, o policiamento ostensivo não pode ficar nas costas só da Guarda Municipal. A Guarda tem o seu papel constitucional e será cumprido.

Agora nós vamos sempre, em solidariedade com o governo do Estado. Desde quando fui deputado, o governador, de lá pra cá, ampliou através de concurso público o número do efetivo de policiais militares na Serra. Eu circulo nos bairros da Serra e a gente percebe a presença da PM.

A gente precisa cobrar. Evidentemente, quando eu falo cobrar, não é pressionar. É cobrar como prefeito o governo do Estado para ampliar o efetivo. Por quê? Porque na área da Serra cabe Cariacica, Vila Velha e meia Vitória. Serra é uma cidade que está quase chegando a 600 mil moradores. Os bairros da Serra são muito grandes. O efetivo, tanto da Guarda Municipal como da Polícia Militar, ainda não é suficiente para dar conta de todos os bairros da nossa cidade.

A gente continua falando de mobilidade porque o governo do Estado chegou a anunciar a mudança do Terminal de Carapina para uma outra área, mas isso não vai mais acontecer. Como é que você acha que é possível resolver os problemas de trânsito dessa região, que é muito crítica? Eu arrisco dizer que é a mais crítica da Serra, já que a entrada e saída de ônibus em Carapina contribui muito para os congestionamentos e a gente mostra isso todos os dias de manhã aqui na Pan News.

Perfeito, concordo. A gente tem na Serra um plano de desenvolvimento e mobilidade que já é lei, já foi aprovado. A gente precisa fazer passagem de nível, sobretudo na avenida com o cruzamento da BR. A gente precisa fazer uma passagem de nível na Avenida Eudes Scherrer Souza com a BR-101, a gente precisa a chamada terceira via, que vai ligar a Dante Michelini a Carapebus.

Essas ações vão melhorar, mas eu queria falar um pouquinho do transporte coletivo. O prefeito da Serra, que tem o maior número de pessoas usuárias do sistema Transcol, ele tem a obrigação de liderar o debate para a gente ter uma nova proposta de transporte público para a cidade, para a região metropolitana.

Qual a maior inovação que nós tivemos na Grande Vitória nos últimos 40 anos? Vocês são mais novos do que eu, mas, quando eu fiz escola técnica, para sair de Laranjeiras a gente pegava o ônibus de Laranjeiras e ia para a escola técnica, depois desse mesmo ônibus dava a volta na Vila Rubim e voltava para a Laranjeiras. Quem morava na Serra-Sede pegava o ônibus no bairro, dava a volta na Vila Rubim e retornava.

O que eu proponho? Que o prefeito da Serra lidere o debate do VLT. Eu não estou falando que o prefeito da Serra está prometendo VLT. Eu estou dizendo que o prefeito da Serra tem a obrigação, por ter o maior número de usuários no sistema transporte coletivo, de liderar esse debate.

Mas, candidato, a gente viu uma experiência durante uma campanha de um candidato do seu partido prometendo metrô de superfície que virou uma piada em Vitória. O senhor não tem medo de virar chacota também por causa disso?

Absolutamente não, e digo por que não. Primeiro que não foi chacota, foi uma proposta apresentada de forma séria e só não teve adesão porque o governo do Estado, na época, não topou.

Como parlamentar que já fui, eu sei trabalhar muito bem isso. Como é que a gente joga luz a um problema e uma solução do problema? Você vai fazer o workshop, você vai fazer seminários, vai trazer pessoas especializadas, vamos fazer um estudo e vamos apresentar.

Eu quero ver quem é contra e ir lá se manifestar para a população usuária do sistema de transporte coletivo, que são mais de 700 mil pessoas que ficam confinadas e tem ônibus com ar-condicionado, mas dificilmente no horário de pico você vê as pessoas sentadas.

E mais: hoje você pega do Terminal Laranjeiras ao Terminal de Campo Grande, dependendo do horário, são mais de duas horas e voltar são quatro horas. Imagine o sofrimento. Eu duvido, se eu liderar esse processo, quando liderar o debate, eu duvido o governo federal, o governo estadual, duvido se isso vai virar chacota.

O município tem três UPAs, mas tem problemas crônicos de saúde. Poucos médicos, PAs lotados, demora para conseguir consulta com especialistas… Como resolver esse problema da Saúde, que inclusive é uma das prioridades dos moradores da Serra, segundo pesquisas que a gente fez recentemente.

Vocês estão tocando literalmente nos pontos críticos da cidade. Quando a gente fala de especialista isso é verdade. Se você for andar nas ruas da Serra e conversar com as pessoas tem gente que está há três anos aguardando uma determinada especialidade.

Qual a nossa proposta? Nós vamos aderir ao programa do governo federal Mais Acesso a Especialistas, e eu não tenho dúvida que o presidente Lula vai nos ajudar a aumentar esse número de profissionais e reduzir as filas de espera. E aí é uma promessa. É uma promessa, não é jogada…

Se preciso for, vamos contratar no setor privado. Por quê? Porque é inadmissível uma pessoa ficar dois anos aguardando uma especialidade, uma consulta. Se for psiquiatra, esquece. Se você não for para iniciativa privada, não faz.

Então a minha proposta é fortalecer a atenção básica, ampliar o número de agentes de saúde nos bairros para prevenção. É fundamental a gente apostar na prevenção, mas no que diz respeito às especialidades é aderir esse programa do governo federal e pedir ajuda do presidente Lula para que ele possa nos ajudar com a contratação desses profissionais.

Candidato, em quanto tempo o senhor conseguiria fazer isso? Porque a saúde é um problema imediato. E uma solução dessa teria que ter viabilidade do governo federal, possivelmente se for necessário contratar no setor privado… Então como trazer isso e em quanto tempo?

Quando eu fiz a reunião para debater o plano de governo, foi com pessoas que inclusive já foram gestores de plano da prefeitura. E eu disse o seguinte: ‘é para ontem’.

A saúde da nossa cidade e a Educação da nossa cidade são as prioridades. No setor público você tem prazo. Evidentemente, para você montar uma licitação, isso tudo tem prazo, mas o prazo é para ontem. Por quê? Porque a população não pode ficar aguardando dois, três anos para uma especialidade.

Vamos falar agora sobre educação. Serra é o município mais populoso do Estado e faltam vagas de creche. Aqui na TV Vitória, recentemente, a gente fez uma reportagem de uma moradora lá da cidade que está há meses aguardando uma vaga de creche para poder colocar filha e não tem. A gente sabe que não é tão simples, tem que construir uma unidade, tem que contratar profissionais. Qual é a proposta do senhor para conseguir ter vaga para todo mundo que precisa?

Mais uma vez, o governo federal está apostando muito na expansão da educação em tempo integral e também na geração de vagas para creche. O que a gente vai fazer? Educação e saúde serão prioridades no meu governo.

Tem muitas crianças de 0 a 3 anos fora da creche e nós temos uma taxa de alunos matriculados em educação em tempo integral na Serra menor do que 3%. Os números são muito complicados.

É evidente que a Serra tem uma dinâmica demográfica de colocar em média mais de 10 mil pessoas por ano na cidade. Então isso tem que ser considerado. Obviamente que o gestor público também tem que ter essa informação. Por quê? Porque desde 1980 para cá a taxa de crescimento da população da Serra é uma das maiores do Espírito Santo. O gestor público tem que saber disso porque o Censo é feito para isso. A atualização da população é feita com técnicas hoje já consagradas na estatística.

Objetivamente nós vamos expandir as vagas construindo creches. É bom que se diga que o ex-prefeito, que a gente tem muito respeito, mas ele fala muito que a Serra construiu 16 supercreches. É verdade, ele só esquece de dizer que construiu essas 16 supercreches com recurso do governo federal, do Brasil Carinhoso, da saudosa presidente Dilma.

Nós não vamos ter dificuldade de dar crédito a quem nos ajudar. O governo federal tem programa para isso, tem recurso para isso e nós vamos usar recurso próprio. Esse é um gargalo.

Mas, imediatamente, como o senhor vai fazer? Porque é um problema urgente. O senhor está falando de construir. Isso demanda tempo, contratar demanda tempo, processos da prefeitura. A gente sabe que não são rápidos, e a população precisa para ontem.

A gestão tem quatro anos. Quando você chega na gestão, a primeira coisa que faz é pegar os programas que já estão em curso. No meu caso, eu não vou gastar um real para ficar pintando fachada. Por que eu estou falando isso? Porque às vezes acontece na nossa cidade, quando um ganha, pinta as fachadas de verde. Quando o outro ganha, pinta a fachada de azul. Eu não vou gastar um real. Se está verde, vai ficar verde. Se está azul, vai ficar azul.

Eu vou gastar dinheiro com a construção de creches, de escolas em tempo integral. Como que vai ser isso? Eu já sei que na cidade nós temos algumas escolas em construção. Vou dar continuidade. Não vai ter obra paralisada.

E uma outra questão que é muito importante falar: não vou fazer aquele ‘lockdown’, aquela parada que todo gestor faz. Eu não vou fazer isso. Vou fazer quatro anos investindo para melhorar a qualidade de vida das pessoas, na saúde, na educação, na cultura, no esporte.

Candidato, o empreendedorismo é uma ferramenta poderosa para impulsionar a economia local e a gente sabe que a Serra é muito forte nisso. Qual a sua proposta para incentivar e apoiar o empreendedorismo nas periferias, principalmente?

Sim, a gente vai fortalecer com a formação deles e o Sebrae tem especialidade nisso. A gente tem uma boa relação com o Sebrae local e uma excelente relação com o Sebrae nacional. Inclusive, eu tive a oportunidade de tirar uma foto com o presidente Lula e conversar com o presidente nacional do Sebrae. Ele se colocou à disposição. Então nós vamos usar o Sebrae para dar essa formação e ajudar o cooperativismo também.

Eu também aposto no empreendedorismo, ainda mais agora com a inteligência artificial, porque os empregos vão se escassear em determinadas áreas e o cidadão vai ter que buscar alternativa. O empreendedorismo é uma das principais ferramentas de emprego, principalmente na Serra.

As pessoas, sobretudo na periferia, empreendem. Então você terá também financiamento, obviamente não robusto, mas que vai dar condições do cara começar um negócio. Nós vamos apostar no empreendedorismo porque hoje as pequenas empresas na Serra empregam muita gente.

Candidato, a gente chega aqui ao final da nossa sabatina. Estamos caminhando para os 28 minutos e, como combinado, vamos deixar dois minutos para o senhor fazer suas considerações finais.

Perfeito. Eu quero primeiro agradecer a vocês pela oportunidade, dizer da qualidade das perguntas e da profundidade que vocês estão tendo em relação à cidade. Isso é muito importante. Esse é o momento que a democracia tem para apresentar as propostas para o eleitor ter maior número de informação possível para tomar uma decisão.

Quero dizer para o eleitor da Serra que eu fui vereador por dois mandatos, eleito 2004, reeleito 2008 e eleito deputado estadual. A minha trajetória vocês conhecem. Foi sempre uma trajetória reta, sempre uma trajetória lutando para reduzir desigualdade. Quero dizer também que a Serra está fechando o ciclo e esse ciclo foi um ciclo exitoso. Ninguém questiona isso.

Se nós participamos desse ciclo, tanto como vereador que fui com esse prefeito e com o outro prefeito, eu sempre contribuí na Câmara para que a nossa cidade chegasse a esse desenvolvimento que chegou.

Agora a Serra tem algumas lacunas, ninguém faz tudo. Então hoje nós temos a questão do meio ambiente. As lagoas da Serra, que são belíssimas, mas estão contaminadas. Onde você produzia tilápia, hoje não se produz mais. Se produz em Linhares porque aqui ela está contaminada. Alguns córregos da nossa cidade, as comunidades chamam de valão. São córregos adoecidos. O meu compromisso é de recuperação das lagoas e dos córregos da nossa cidade.

Com a saúde, quero reafirmar o meu compromisso para ampliar o número de especialista e isso será feito junto com o governo Lula, junto com o Ministério da Saúde.

Já na educação, que é a nossa área, que é a minha praia, eu não acredito em nenhuma outra forma da pessoa ter ascensão social se não pela educação.

Nós temos um desafio muito grande porque a economia está globalizada. O Brasil, quando colocamos os números internacionais, está muito abaixo de alguns países emergentes, que são países que estão virando verdadeiras potências. Não vou nem falar da China, Vietnã, Malásia, Indonésia. O Brasil gasta muito dinheiro com a educação.

Acabou o nosso tempo, candidato, acabou o tempo, os dois minutos.

E eu nem pedi voto. Nós estamos tranquilos. Estou tranquilo.

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