ATUALIZAÇÃO: A reportagem foi atualizada às 10h51, de 11 de setembro de 2024, para a inclusão do posicionamento do prefeito eleito Ronan Zocoloto.
Ronan Zocoloto, conhecido como Ronan Fisioterapeuta (PL), prefeito eleito em Santa Maria de Jetibá, região Serrana do Espírito Santo, poderá se tornar inelegível após a disseminação de uma pesquisa eleitoral falsa, que pode ter influenciado os eleitores da cidade. Este é o argumento do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Geral de Santa Leopoldina.
O órgão entrou com um pedido à Justiça Eleitoral para cassação do diploma de prefeito e decretação de inelegibilidade por oito anos. Os pedidos incluem também o vice-prefeito eleito Rafael Pimentel.
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De acordo com o documento ao qual a reportagem teve acesso na noite desta quinta-feira (10), o candidato fez uma montagem de uma pesquisa eleitoral já existente, divulgada em vídeo por um portal de notícias do Espírito Santo, de candidatos de outra cidade, e utilizou inteligência artificial para modificar as informações da mensagem, transformando a pesquisa sobre as eleições em Santa Maria de Jetibá.
“Nota-se que a cidade de Santa Maria de Jetibá tem a sua população residente, em sua
maioria, na zona rural e não estão familiarizados com a manipulação que é feita nas redes
sociais pelos crápulas e malfeitores, que utilizando da boa-fé dos incautos e utilizando de I.A.
são capazes de influenciar, como de fato influenciou, a vontade do eleitor”, complementa o documento.
O candidato, no entanto, afirma que recebeu por um print de uma suposta pesquisa eleitoral em um aplicativo de troca de mensagens na manhã de domingo, dia da votação, e que orientou que ninguém ligado a sua campanha republicasse ou compartilhasse o material.
“Entrei em contato diretamente com o Promotor de Justiça, esclarecendo que não tive absolutamente nenhum envolvimento com a referida pesquisa e segui à risca as orientações que ele passou. Prontamente, por orientação do Promotor de Justiça, publiquei em minhas redes sociais e grupos de Whatsapp, uma nota oficial informando que não tive participação alguma na contratação, elaboração ou divulgação dessa pesquisa, alertando ainda sobre as consequências da divulgação“, disse em nota enviada ao Folha Vitória. (Veja a nota na íntegra abaixo).
Para justificar que a falsa pesquisa eleitoral influenciou o eleitorado da cidade, o promotor Jefferson Valente Muniz ressaltou a diferença de votos. Ronan Fisioterapeuta (PL) foi eleito com 63 votos de diferença do candidato Hans Dettmann (Republicanos).
Além disso, segundo o documento, a pesquisa fraudulenta foi compartilhada no mesmo dia do pleito “em vários grupos de Whatsapp, por várias pessoas ligadas ao Partido Liberal, partido
do candidato eleito, ora representado, e de forma síncrona, demonstrando que foi orquestrado
pelos apoiadores do candidato”.
O Ministério Público informou, ainda, que o instituto da pesquisa tinha o número regular na Justiça Eleitoral, caso algum eleitor quisesse conferir, porque a pesquisa foi solicitada anteriormente, mas o resultado foi desfavorável para o candidato, portanto, não foi divulgada por decisão dos contrantes.
“Os representados querem induzir a erro aqueles que sem conhecimento suficiente ingressavam para verificar a existência da pesquisa, pois a princípio, constava o número legal e regular na Justiça Eleitoral”, informa o documento.
O candidato também é denunciado por desrespeito e afronta à Justiça Eleitoral por realizar uma carreata em uma região que não foi acordada entre os candidatos na cidade, que definiram cada região para a manifestação política, a fim de não trazer conflito por estarem no mesmo lugar.
“O próprio Ronan confirma que não só sabia, como apoiou a tramoia, ao falar que visitar a região, que tinha acordado anteriormente que não faria, era importante, ainda que isso pudesse ocorrer conflitos e violência que a Justiça Eleitoral tentava evitar”, afirma o promotor, completando que “disputas eleitorais não é vale tudo, ou luta de MMA, respeito as regras, as decisões judiciais e o princípio da igualdade das armas devem viger”
Caso os candidatos eleitos tenham a candidatura cassada e se tornem inelegíveis, a cidade de Santa Maria de Jetibá passará por nova eleição, com abertura para que o PL possa indicar nova chapa. O prefeito eleito e o vice têm o prazo de cinco dias para oferecerem defesa.
O que diz o prefeito eleito?
“No domingo pela manhã, dia do pleito, recebi via grupo de WhatsApp um print de uma suposta pesquisa eleitoral. De imediato, orientei que ninguém repassasse tal material e entrei em contato diretamente com o Promotor de Justiça, esclarecendo que não tive absolutamente nenhum envolvimento com a referida pesquisa e segui à risca as orientações que ele passou.
Prontamente, por orientação do Promotor de Justiça, publiquei em minhas redes sociais e grupos de Whatsapp, uma nota oficial informando que não tive participação alguma na contratação, elaboração ou divulgação dessa pesquisa, alertando ainda sobre as consequências da divulgação. Não descansarei até que a verdade prevaleça.
Tomei conhecimento do processo judicial através da reportagem e reafirmo meu total interesse na apuração rigorosa dos fatos, pois sou inocente das acusações que estão sendo feitas. Reafirmo também que o processo eleitoral é soberano e que o resultado nas urnas foi conquistado com muito suor e o apoio dos eleitores de Santa Maria de Jetibá.
Estou à disposição das autoridades e da Justiça para colaborar em tudo o que for necessário, sempre em respeito à transparência e à democracia.”