O candidato do Mobiliza à Prefeitura da Vila Velha, Gabriel Ruy, foi o primeiro entrevistado na série de sabatinas promovidas pela Rede Vitória com os principais candidatos a prefeito da cidade. Por 30 minutos, na manhã desta segunda-feira (23), ele respondeu a perguntas e apresentou suas propostas para o município.
As entrevistas, realizadas pela Rádio Pan News Vitória (90.5 FM), são transmitidas simultaneamente pelo jornal online Folha Vitória e começam sempre às 11h30, de segunda a sexta-feira.
A ordem na sabatina foi definida por sorteio, sendo elaborada a partir dos cinco candidatos mais bem pontuados no cenário estimulado da pesquisa Futura. Nesta terça-feira (24) será entrevistado Maurício Gorza (PSDB).
Gabriel Elias de Oliveira Ruy tem Marcelo Brasileiro como candidato a vice-prefeito. Em 2020, Gabriel foi candidato a vereador de Vila Velha pelo partido Novo. Em 2018, disputou uma vaga como deputado federal pelo Espírito Santo, representando o PRTB.
Na sabatina, o candidato foi questionado sobre diversos temas, como a possibilidade da criação de uma quarta ponte e quinta ponte ligando Vila Velha a Vitória, parcerias público-privada para escolas em tempo integral e cinturão de segurança com até muralha eletrônica. Gabriel Ruy defendeu: “Quando o Estado é ineficiente, é necessário fazer parceria privada”.
Abaixo, confira a transcrição completa da sabatina com Gabriel Ruy:
Candidato, o senhor é de uma chapa puro sangue, que a gente chama quando está com o único partido. Já se candidatou a vereador, já se candidatou a deputado federal, mas não conseguiu ser eleito. Como é que vai conseguir administrar uma das maiores cidades do Espírito Santo sem experiência política e sem apoio?
Experiência política ela é bem relativa porque a gente faz no nosso dia a dia, ajudando a cidade, trabalhando pelo bem da cidade. Então eu já tenho essa experiência de doar minha vida pela cidade, com eventos que a gente faz de forma coletiva.
É essa experiência política que a gente está adquirindo também nessa eleição. Vai fazendo com que a gente perceba cada dia mais o diálogo, que a gente tem que ter com a sociedade e descobrindo no dia a dia o que é que a sociedade quer.
Então eu acho que não tem problema nenhum. Acho que a democracia é isso, é participar como um cidadão comum e expor suas ideias. E é isso que eu estou fazendo aqui. Vamos lá que a gente vai botar as ideias que a gente acredita.
Candidato, aproveitando para deixar claro para o eleitor qual é a posição ideológica. Qual o seu lado: direita, esquerda ou centro?
Hoje eu estou meio que enjoado dessa nomenclatura de direita versus esquerda. Mas se eu falasse com a minha posição hoje, eu prefiro falar de princípios e valores. Então eu sou a favor do direito à vida, sou a favor da liberdade e sou a favor da propriedade privada. Aí, se você quiser botar isso na esquerda, fica a critério.
Se quiser votar na direita, acho que vou mais nessa linha, mas sem extremismo porque eu estou me afastando cada dia mais. E nessa eleição estou aprendendo muito com a população e vendo que a população não quer mais extremismo.
Mas, se eleito, como é que vai ser a sua relação, por exemplo, com o governador do Estado, com as outras prefeituras? O senhor vai fazer alianças?
Para você gerir uma cidade tem que fazer o diálogo, e o diálogo é você abrir mão de algumas coisas no qual acredita que é a única saída e também um pouco a sociedade para que aquilo seja um bem comum, uma média comum, um senso comum. E eu estou disposto a conversar até com aquelas pessoas que eu penso totalmente diferente. Eu penso diferente, mas isso não quer dizer que eu não quero conversar e que eu sou contra o diálogo.
Candidato, o senhor propõe no seu plano de governo dialogar junto ao governo estadual a possibilidade da criação de uma quarta ponte e quinta ponte ligando Vila Velha a Vitória. Como é que o senhor espera que o eleitor acredite nessa proposta, sendo que esses investimentos envolvem cifras elevadas e seriam de atribuição do governo do Estado e não do município?
Isso aí mesmo, eu tenho 40 anos. Lembro quando tinha 6 para 7 anos, quando entregaram a Terceira Ponte. Então faz mais de 34 anos que entregaram uma ponte para Vila Velha, a terceira. Naquela época era 15 mil carros que eles previam e hoje tem mais de 60 mil.
Eu não consigo compreender como um Estado, depois de 34 anos, não tem dinheiro para construir uma quarta ponte, não tem capacidade para construir uma quarta ponte e não tem vontade para construir uma quarta ponte, já que hoje o índice de veículos na cidade entre Vitória e Vila Velha é imenso. Isso é uma realidade que a gente precisa discutir e eu espero que não demore 34 anos.
Mas como você ia conseguir viabilizar esse projeto junto ao governo?
É algo do governo do Estado. O que os municípios têm que fazer é trazer o debate, o diálogo e pedir ao Estado para que ele possa olhar isso como uma realidade do momento.
Quem passa todo dia na Terceira Ponte sabe aquele caos que é, e eu acho que a gente tem que trazer esse debate para o município e tem que fazer com que o governo do Estado, nesses momentos de democracia, possa entender que depois de 34 anos é necessário discutir uma quarta ponte. E dinheiro não falta porque a gente paga muito imposto para isso.
Fazer isso não é o senhor querendo administrar com o dinheiro do governo do Estado? Porque brigar por uma quarta e quinta pontes não é atribuição da prefeitura.
Eu falei que ia dialogar, não ia brigar por uma quinta ponte. É dialogar e conversar com o governo do Estado como representante da cidade de Vila Velha, como prefeito, como entendo ser a vontade dos moradores de Vila Velha.
O senhor acha que isso é efetivo?
Eu acho que é necessário. Hoje, depois de 34 anos, é uma vergonha não ter uma outra ponte ali e dizer que a gente não tem condição de construir uma ponte. Depois de tanto tempo, de tantas mudanças na engenharia do nosso Brasil, do mundo de tecnologia, é uma vergonha não ter uma quarta.
Vamos falar de educação. No seu plano de governo existem várias metas para a educação, como implementar a nova base comum curricular em todas as escolas, investir em tecnologia, qualificação dos funcionários, entre outras. Mas nenhuma delas fala sobre a escola em tempo integral, lembrando que essa é uma prerrogativa nacional. Se eleito, o senhor não irá cumprir essa meta do governo federal?
A gente coloca sobre tempo integral. Temos falado muito sobre as crianças de 0 a 3 anos, que em São Paulo a gente sempre usa modelos de cidades que já têm acontecido. Não é algo que vem na minha cabeça. Lá em São Paulo já tem crianças de 0 a 3 anos através de convênios privados que conseguem fazer a creche de tempo integral e a escola de tempo integral.
Tem que expandir o que já tem e são poucas. Mas eu sempre falo que quando o Estado é ineficiente, a iniciativa privada tem que ajudar, colaborar. Isso quer dizer usar recurso do Estado para comprar vagas, porque isso já teve em Vila Velha e foi esquecido.
Mas você sabe quantas escolas de tempo integral Vila Velha tem hoje?
Eu acho que duas creches em tempo integral e quatro escolas de tempo integral. Eu não sei ao certo das escolas, das creches, eu sei que na região 1 tem uma creche tempo integral e na região quatro também.
São dez, dez escolas.
Então, eu acho que a parceria público-privada é que vai suprir essa necessidade.
Para o seu governo não é uma prerrogativa criar escolas em tempo integral, mas sim fazer parceria público-privada. Como é que seriam essas parcerias?
Primeiro é a parceria público-privada e já usar os colégios onde têm essa estrutura para fazer o tempo integral e contribuir, mas também os colégios públicos que a gente tem lá do município.
A gente também pode fazer essas parcerias com o terceiro setor e ajudar também esse estudante, principalmente, que eu vejo o tempo integral.
A gente também pode trazer esse engajamento da escola no dia a dia, fazendo com que a escola não seja só um local de estudo na parte da manhã para a tarde, mas através de esportes, através de outras atividades, como empreendedorismo, cursos também na área de tecnologia, que são tão importantes no dia de hoje.
Mas de acordo com a meta do Ministério da Educação, até o ano que vem, 50% das escolas precisam estar oferecendo a educação em tempo integral e pelo menos 25% das crianças de 0 a 3 anos têm que estar na escola.
Eles colocam uma meta, mesmo sabendo que a estrutura do Estado é uma porcaria, que não dá conta disso. Então, para resolver o problema é pegar o dinheiro e resolver a vida de quem precisa hoje, que é o quê? Se tem algum lugar que tem essa estrutura para fazer tempo integral, vamos fazer.
Em que lugar?
Na escola privada. Se você tem uma escola com estrutura e a pública não tem estrutura para isso, hoje é na escola privada. E outra coisa, a gente tem que começar a pensar também em uma profissionalização da gestão pública. Então, a administração e as pessoas que estão à frente das escolas, elas têm que abrir o diálogo para o terceiro setor.
Como funcionaria essa parceria com as escolas privadas. Você já fez alguma conversa de interesse das próprias escolas?
Já teve em Vila Velha isso. Muitos bairros não tinham demanda de pessoas que estavam precisando das vagas e as escolas municipais não davam conta. E o que fazia o município? Ele ia na escola privada, fazia um convênio, tinha escola que liberava dez vagas, isso com o dinheiro nosso. E essas pessoas que moravam ali, que tinham uma dificuldade de ir para outro bairro estudar no colégio público, estudavam ali dentro. Isso sumiu.
Já faz três mandatos que a gente não discute mais isso. Tem que voltar. E é isso que eu acredito. Quando o Estado é ineficiente, a gente tem que fazer parceria privada e “bola pra frente”, pensar no futuro.
Lá em São Paulo, desde quando nasce a criança já tem esse direito de poder estudar em uma creche em tempo integral. Com que dinheiro? Com dinheiro da educação, com dinheiro dos nossos impostos, mas indo para um setor privado muitas vezes para resolver o problema de imediato.
Vamos falar agora sobre segurança pública. Uma das suas propostas é criar um cinturão de segurança na cidade e aí o seu plano diz que vai colocar câmeras que leem placas dos automóveis. Mas isso já existe, que é a muralha eletrônica. Qual que é a novidade?
A novidade é que a gente tem que sempre buscar ampliação, mas a referência que a gente vê no decorrer desse debate, como essa eleição, a gente percebeu a referência de Fortaleza, que tem câmeras de videomonitoramento que detectam metal.
Então a ideia é ampliar esse cinturão, mas também trazer uma tecnologia um pouco mais consolidada. Lá em Fortaleza, eu creio que há 8% de redução de crimes por ano. Então a gente também quer trazer um diálogo, talvez fazer essa consultoria com essa empresa israelense de lá e trazer a possibilidade de colocar essas câmeras.
E não esquecendo também que as primeiras câmeras que a gente teve em Vila Velha elas não foram compradas com dinheiro público. Foi uma parceria privada. A Petrobras ajudou na época do prefeito Neucimar e foram essas parcerias privadas que conseguiram começar esse projeto.
Então, eu também acredito que quando a boa-fé, a honestidade, o setor privado, o terceiro setor e as pessoas começam a se engajar e começam a ajudar a cidade, eu sou muito dessa visão de que não pode depender de tudo do Estado. A gente tem que conversar com o terceiro setor e também acreditar que eles e nós podemos doar também para a cidade.
Ainda falando da segurança, o senhor acha que para operar um sistema mais robusto de segurança, com câmeras, esse tipo de coisa, também precisa de mais agentes de segurança. O senhor pretende contratar mais guardas municipais?
Sobre essa primeira parte, a tecnologia está aí para isso. Para reduzir um pouco a quantidade de pessoas lá trabalhando. E aí a gente já tem essa inteligência artificial que faz serviço muitas vezes das pessoas.
Mas sobre a Guarda Municipal, a gente sabe que teve concurso para Guarda e alguns guardas municipais foram treinados só para dar multa em Vila Velha e não para ajudar a fiscalizar quem precisa, a fiscalizar as câmeras, a fiscalizar os lugares de entrada e saída de pessoas com índice de periculosidade. Eu acho que a segurança passa hoje por tecnologia, não só por ampliação da Guarda Municipal.
Mas então, o senhor não pensa em fazer novos concursos e contratar mais agentes da Guarda Municipal?
Eu penso em fazer, só que se a gente olhar de acordo com a lei federal que diz que 0,2% da população deveria ter uma quantidade de segurança militar, a gente sairia de 365 para 1.100.
Então eu acho que é um sonho quando se fala isso. Acho que a gente tem que ampliar a Guarda Municipal, mas antes de ampliar, tem que valorizar a Guarda Municipal. Não podemos esquecer que Vila Velha não tem um salário bom para a Guarda Municipal, então muitos agentes gostariam de estar sendo guardas municipais na Serra, e não em Vila Velha.
A gente tem que também fazer com essa responsabilidade. Todo ano aumenta o nosso orçamento municipal, então a gente tem que, aumentando esse orçamento, prevê qual a necessidade de ampliar a tecnologia ou também a ampliação da quantidade do efetivo da Guarda.
Acho que hoje a valorização do funcionalismo público da Guarda Municipal é prioridade, mais do que contratar. Eu não sou daquela galera que quer inchar o estado, contratar mais gente, estou do outro lado.
Candidato, no seu plano de governo o senhor fala em avaliar a implantação de um plano de demissão voluntária para os servidores públicos. A prefeitura hoje tem 10.891 servidores, de acordo com o Portal da Transparência. Qual o número ideal de servidores da prefeitura na sua opinião? E por que o senhor pensa em enxugar a folha? O senhor quer substituir os servidores por inteligência artificial?
Primeiro a gente tem que saber que tem um déficit na questão previdenciária do município. O município todo ano tem que tirar do bolso para pagar o servidor e vai pagar também os aposentados. Então a gente tem que pensar a longo prazo que isso é insustentável.
E hoje, você deixando de contratar alguns servidores que muitas vezes a gente pode substituir por tecnologia, a gente está economizando para o cidadão pagar menos impostos.
Eu vejo que essa questão de demissão voluntária é voluntária, não é obrigatória. Então, quem achar que é melhor ficar ali esperando que o Estado um dia vai conseguir ter dinheiro para pagar aposentadoria dele, fica aí.
Mas eu acho que tem que criar outras formas, outros modelos e outras opções para esse servidor, caso ele se sinta tão preso a não querer sair da prefeitura. E talvez no futuro não ter nem como ter a sua aposentadoria, já que está um rombo na previdência. Eu acho que ele tem que começar a pensar.
Servidor, você que está aí, começa a pensar se no futuro vai ter dinheiro para pagar você porque do jeito que o país está, meu amigo, não vai ter, não.
Mas isso não é uma ameaça ao servidor, candidato?
Uma ameaça não, é uma dica, é um conselho. Você, servidor, que acha que no futuro vai conseguir sustentar sua família com R$ 2 mil ou R$ 3 mil de aposentadoria. Corre o risco de você nem receber. Porque tanto a previdência do município como a do Brasil, a gente só está vendo aí o rombo que está acontecendo.
O senhor acha que dá para substituir um guarda municipal por inteligência artificial?
Substituir não, mas ampliar através da inteligência artificial a função de cinco guardas somente no videomonitoramento. Porque muitas vezes é terceirizado que vai trabalhar no videomonitoramento. A gente está falando de guarda aqui, mas muita gente acha que é o guarda que está olhando lá, vendo se tem um bandido ou não, mas é um terceirizado, nem funcionário público é. Eu acho que a tecnologia está aí para isso, é uma realidade, não vai mudar.
Falando ainda da Guarda Municipal, quanto ganha um guarda municipal Vila Velha hoje?
Tem guarda que, quando está afastado, ganha R$ 1.400. Hoje o salário médio deles é R$ 2.800. O que acontece é que eles vão dando um monte de benefício, como vale-alimentação. Então tem alguns ali que estão ganhando na faixa de R$ 4 mil.
A informação que é que a gente tem é que o salário líquido de um guarda é R$ 5.870, e o salário bruto, R$ 6.919. É o segundo maior salário da Grande Vitória, sendo Serra o primeiro e, na sequência, Vila Velha.
Isso daí é como se agregasse vários acessórios para formar esse salário, mas que na prática eles estão inclusive lutando para que eles tenham uma base de salário acima de R$ 3 mil, para que quando vier a aposentadoria deles, eles possam ter pelo menos essa aposentadoria digna. Porque muitas vezes eles estão ganhando esse valor por fazer hora extra.
Mas quando chega ali na reta final, o cara aposenta, aposenta pela metade disso e a gente tem que pensar que não tem previdência para segurar todo mundo. Não tem um efetivo que dá conta e que a inteligência artificial vem para somar nisso aí.
Como é que o senhor vai dar aumento para a Guarda Municipal pensando em enxugar a folha?
Enxugar a folha, eu falo muito em enxugar os terceirizados. A gente tem ali cerca de 2 mil terceirizados e eu acho que dá para reduzir isso e sobrar dinheiro.
Candidato, quando se fala em plano de demissão voluntária, só pode acontecer com efetivos. Com terceirizados, não. Ou você encerra o contrato ou continua o contrato.
Então a gente enxuga de outros lugares para sobrar dinheiro para pagar o efetivo e a demissão voluntária é outro assunto, não é do salário atual. As pessoas que estão querendo sair do setor público, mas não saem por causa de alguma falta de oportunidade. O débito da Previdência a gente vai enxugar com demissão voluntária.
Agora, a questão do reajuste de salário a gente pode trabalhar melhoria através do estudo do Plano do Orçamento Plurianual, como também da economia, que a gente pode colocar em lutas.
Por exemplo, agora em Vila Velha vai ter R$ 240 milhões que ficaram de empréstimo para colocar energia solar. Em alguns prédios públicos vai gerar uma economia e vai sobrar um pouco de dinheiro. Esse pouco de dinheiro que vai sobrar, não sei se é muito, vai poder tanto ajudar a área da educação e outros setores, como também rever o plano do funcionário público.
Eu só sou contra a utilização disso como meio ideológico, de criar uma militância e de ampliar isso daí ao ponto de saber que o Estado não tem dinheiro para pagar todos que estão entrando e assim vai jogando para as próximas gerações. Aí eu sou contra essa criação.
Quanto o senhor acha que tem que ser o salário da Guarda Municipal?
Eu acho que tem que ser no mínimo igual ao da Serra. O salário a gente tem que entender que é todo esses acessórios que vão formar a qualidade de vida da pessoa. Hoje é R$ 9 mil mais ou menos lá (na Serra), e eu acho que Vila Velha tinha que receber isso também.
De acordo com a pesquisa Futura, 50% dos eleitores de Vila Velha acreditam que saúde é prioridade, que deve ser prioridade da próxima gestão. Qual a sua proposta para melhorar a saúde pública em Vila Velha?
A saúde pública em Vila Velha tem três etapas. Você tem o acréscimo também dos planos de saúde, os PAs. Você também tem que ligar a ampliação de teleconsultas e ampliar essa questão. E eu, como um cara liberal, defendo fazer parceria público-privado, convênio, pagar espaço para hospital, tirar a galera da fila da espera.
Construir novas unidades de saúde?
Constrói novas, mas pensando no dia de hoje que tem pessoas que não vão poder esperar cinco anos, quatro anos para isso. E aí a gente entra com o convênio, entendeu? E faz esse convênio com instituições privadas, clínicas privadas e, ao mesmo tempo, também a gente podendo fazer, como São Paulo, um Corujão e essas questões.
Mas é aquela ideia, a gente tem que estar lá dentro para poder perceber. Uma coisa que eu tenho certeza que eu, andando em Vila Velha, percebi, é que ninguém está satisfeito com o aplicativo de marcação de consulta e a gente vai ter que rever quando a gente for prefeito, se assim Deus permitir.
Então o senhor acha que a solução é investir nessas parcerias público-privadas, ou seja, pagar em hospitais privados, unidades privadas, assim como na educação?
O governo do Estado faz isso comprando vaga em hospital particular. E eu acho que a gente tem que fazer esses convênios.
Quantas vagas seriam compradas?
Não dá para saber porque você tem que estar lá dentro para ver qual o tamanho da fila das pessoas que estão precisando desse desse atendimento.
Uma coisa eu sei, meu pai, ele é médico conveniado e atende 30, 40 pessoas por dia. Isso porque ele é médico do SUS. O SUS não dá conta de todo mundo e faz essas parcerias. E aí a gente tem que ampliar isso também para outras clínicas e também pagar o vale-saúde para as pessoas.
Algumas unidades de saúde já são administradas por entidades privadas, entidades filantrópicas. O senhor acha que esse é o modelo que quer colocar para Vila Velha, como é o PA da Glória, por exemplo?
Então, a questão do PA da Glória, por exemplo, é que você tem uma administração que gere não só pelo PA da Glória, mas também absorve a visão administrativa de todos os PAs. Então tem gente que é particular, que trabalha em outros PAs também.
Muitas vezes um atendente que está ali deveria ser essa pessoa que faz essa administração terceirizada e não um comissionado da prefeitura. Então, eu penso assim, que tem que ampliar mesmo essa questão.
Mas o senhor acha que esse é um modelo que quer seguir no futuro? Como funciona hoje o PA da Glória?
Eu quero que funcione como se fosse um hospital particular, um local onde a pessoa chega e tem um atendimento de melhor qualidade. Se você tem profissional concursado para isso, ele ajuda. Mas como eu não vou criar mais vagas de emprego, eu quero reduzir o tamanho do estado, acho que vai ser o terceirizado mesmo que vai estar me ajudando a gerir e ver as necessidades.
Mas com relação a comprar consultas em clínicas particulares, não sai muito mais barato para a prefeitura você contratar um médico para trabalhar o mês inteiro no posto de saúde do que você pagar todas essas consultas particulares ao longo do mês?
Não, não sai. Inclusive você vê todo dia uma matéria aí de algum médico que está lá, que faltou, que não presta. A pessoa se acostuma com o dia a dia do serviço público, sem ter uma questão de exigência na qualidade da prestação de serviço e muitas vezes sem ter uma quantidade delimitada de pessoas que tem que atender.
Você vê uma fila imensa esperando e isso muitas vezes porque falta médico, porque a burocracia é grande. Até esses Mais Médicos está aí para isso, para suprir essa necessidade que o município não tem condição nem de pagar para colocar mais médico concursado.
Mas o senhor acha que o servidor público da saúde de Vila Velha hoje não presta um bom serviço público ao cidadão?
Eu acho que, primeiro, eles não têm salário que merecem e segundo que nunca vai ser o suficiente para prestar um serviço de qualidade porque o Estado é ineficiente.
Candidato , mas quanto ganha um médico hoje? Um pediatra, um clínico geral em Vila Velha? O senhor tem essa informação de quanto ganha um médico em geral?
Eu não tenho, não. Quanto ganha? R$ 3,5 mil, R$ 3 mil?
Mas como que faz essa conta? Você acha que sai mais barato comprar vaga em clínica particular se você nem sabe quanto ganha um médico aqui?
Mas eu tenho noção que particular sai R$ 30, R$ 40. Eu sei que tem uma fila muito grande e que eu quero resolver o problema de quem está na fila, não é de quantos médico eu vou trazer para Vila Velha para ver que ainda não é suficiente, entendeu? E ainda vai gerar mais despesa para a máquina do município.
No seu plano de governo consta também a possibilidade da construção de um autódromo. E aí o senhor diz que vai colocar o município no cenário regional, nacional e depois até no cenário mundial, com competições de automobilismo, Fórmula 1, Moto GP. O seu plano foi construído com base em promessas reais?
Muito interessante a sua pergunta. Como vocês viram, a gente divide o projeto de três formas. Primeiro, o projeto é referência da Prefeitura de Joinville, onde o Partido Novo administrou e eu sou fã do Partido Novo. A segunda etapa foi construída de acordo com a necessidade do nosso grupo, como é dialética.
E essa terceira parte, onde você falou, a gente não coloca como projeto da nossa gestão e sim como ideias que nós iremos discutir se nós estivermos lá.
Então essa aí está bem no final, pelo que você vai ver no projeto e está dentro dessas ideias. Isso é uma contribuição do meu vice, o Marcelo Brasileiro, o qual é um cara que eu sou fã e que a gente trouxe essa possibilidade, que se a gente assumir a prefeitura, a gente vai discutir essas questões também.
Então não é dentro do projeto que a gente prometeu. É dentro do projeto que, caso a gente vá e ganhe, a gente irá discutir isso. Por isso que está no finalzinho do nosso projeto. Caso nós sejamos eleitos, iremos discutir no mandato.
Mas tudo que está no plano de governo é caso o senhor seja eleito.
Caso eu seja eleito, vou fazer o que está no plano. Eu vou chegar lá, vou usar uma parte do que a gente já discutiu como modelo de Joinville e outra parte eu vou discutir como está no plano de governo essa possibilidade. Eu vou discutir. Coloquei lá sobre a gente discutir. Eu não falei que eu ia fazer, está lá escrito no final.
O plano de governo é uma diretriz de como você imagina que está a gestão, que muitas vezes não condiz com o que muitas vezes passam para a gente.
Como você sonha em um modelo de gestão no qual eu sonho com o modelo de Joinville e, caso esteja lá, você possa dialogar e construir, talvez, sonhos. Mas eu não posso prometer os sonhos. Por isso que está no final do meu plano de governo dizendo que a gente, caso esteja lá, vai discutir sim um autódromo e a gente vai discutir outras questões também.
Quantos por cento o senhor pretende reduzir de cargos comissionados? Tem um número?
Eu sempre pensei em reduzir de forma radical. Só que muitas vezes, quando você está lá dentro, você vai vendo que vai tendo algumas áreas que têm uma necessidade. Eu assumindo, quero cortar em 50%. E aí depois que a gente vai avaliando a prefeitura, as necessidades, a gente vai podendo ver se vai poder ampliar um pouquinho mais ou não. Mas a minha vontade é cortar em 50%. E quem é bom está lá? Porque eu sei que tem gente boa que está trabalhando lá, que vai continuar.
Candidato, terminamos aqui a primeira rodada de perguntas e a gente zera o cronômetro. O senhor tem dois minutos para as considerações finais.
Então, galera, se você aí está cansado dessa polarização direita vs esquerda, se você está cansado também de ver os políticos prometendo um monte de coisa, você tem uma opção de não anular seu voto.
A minha visão é liberal. Eu sou a favor da vida, da liberdade, da propriedade privada, sou a favor do diálogo. Então mando um “alô” para os meus concorrentes. Não sou inimigo de vocês e eu acredito que a gente tem que ter o Estado mais eficiente, o Estado mínimo, o Estado mais enxuto e que a gente possa fazer uma Vila Velha melhor, e que a gente possa mostrar para Vila Velha o que a gente tem de projeto.
Siga o meu Instagram, siga a minha página na internet e veja as nossas ideias. E pode ter certeza que a gente tem muita coisa boa e, principalmente para você que está cansado dessa discussão de extremismo e tal, eu sou uma opção.
Não era para eu ter entrado no jogo na última eleição. Eu fui um que entrei porque o sistema deu mole e aí eu consegui entrar. E provavelmente talvez seja o último candidato que não vai usar fundo eleitoral nem partidário, porque o sistema está aí para destruir a gente. Mas é uma opção para você que não quer votar em ninguém que usa fundo eleitoral partidário.
Que você possa estar me dando essa moral, podendo refletir. Sou de direita. Toda aquela galera anti-PT que foi para as ruas subir a ponte, eu acho que a gente tem que pensar isso. Uma Vila Velha que seja ainda melhor.
Eu não vou ficar falando mal da atual gestão porque cada gestão que passou foi uma gestão boa, uma ajudou na segurança, outra na educação, outras melhorias.
Temos problemas hoje maiores que a gente tem que discutir. E caso você goste das minhas ideias, das minhas propostas, veja lá? Galera liberal, galera libertária, galera de direito que não é extremista, você tem opção em Vila Velha e no Brasil.
VEJA A ENTREVISTA COMPLETA COM GABRIEL RUY: