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Windbanner: cabos eleitorais “disputam” espaços na madrugada na Grande Vitória

As bandeirolas verticais e coloridas com nome e foto dos candidatos estão por toda a parte. E as ruas e praças são disputadas pelas campanhas eleitorais

Você reparou algo diferente no material visual das eleições municipais deste ano na Grande Vitória? O principal destaque são aqueles banners verticais e coloridos colocados nas calçadas. São os chamados “windbanners”. No português, significa “bandeiras ao vento”, que balançam com o vento e tomaram as ruas com fotos e números dos candidatos a prefeito e vereador.

O windbanner já vinha sendo usado com maior regularidade no comércio e em eventos. Nas eleições de 2022, até deu as caras, mas de forma mais tímida. Agora, parece que chegou para ficar, não só no Espírito Santo, mas no país.

E o uso está tão grande que é possível flagrar vários deles em um mesmo local, em uma mesma esquina. São tantos, que às vezes nem dá para ver de qual candidato. Os espaços são disputados, e cabos eleitorais vão para as ruas de madrugada para conseguirem os melhores pontos.

O uso intensivo dos windbanners, muitas vezes colocados em série e lado a lado, levanta questionamentos sobre como estão sendo instalados, quanto custam, se há um acordo entre as campanhas, mas até mesmo sobre legalidade de seu uso. Esse material de campanha está dentro das conformidades da legislação eleitoral?

A reportagem do Folha Vitória ouviu algumas assessorias de candidatos a prefeito e vereador da Grande Vitória e os profissionais detalharam como é fazer campanha com esse tipo de material, que veio para assumir o posto dos cavaletes e até mesmo os muros pintados, que passaram a ser proibidos.

Segundo eles, a intenção é sempre colocar o windbanner em um local estratégico, com grande circulação de pessoas, seja pedestres ou veículos.

É feito meio que um rodízio ao longo do dia nos locais, mas “fica” com o ponto quem chega primeiro, tornando-se uma verdadeira disputa entre as equipes das campanhas dos candidatos. Muitas vezes, as equipes vão para as ruas de madrugada para garantir os melhores pontos. Mas vale destacar que, pela legislação eleitoral, a colocação e retirada dos materiais de campanha deve ocorrer entre 6h e 22h.

“Quem chegar primeiro garante o melhor lugar e vale, sim, chegar antes nos pontos mais visados. Por volta de 4 horas, 5 horas da madrugada já estamos saindo com o material no carro para instalar. Mesmo assim, em Vitória principalmente, tem lugar ficando com quatro, cinco windbanners em uma esquina, o que não é bom”, destacou o coordenador de campanha de um candidato a vereador em Vitória.

Os locais mais disputados incluem rotatórias importantes, como as da Praia do Canto, acessos à Terceira Ponte, à Segunda Ponte, na frente do Palácio Anchieta, a orla de Camburi, em Vitória.

Em Vila Velha, a Glória e a orla também estão no foco das campanhas em função do fluxo de pessoas no comércio. Além dos cruzamentos, as praças também são concorridas pelos cabos eleitorais.

“A pracinha de Jardim Camburi, em Vitória, onde ficam os foodtrucks à noite, fica cheia de windbanner de candidato. A praça é lotada de gente, então estamos lá com esse material. É nosso ‘cabo eleitoral’, sendo que é mais prático, mais barato e com uma comunicação mais direta para o eleitor ver”, acrescentou o coordenador de campanha. Ele pediu para não ter o nome publicado para não expor o candidato.

VEJA VÍDEO DOS WINDBANNERS PELA GRANDE VITÓRIA:

Windbanner reduz contratação de cabos eleitorais

De acordo com o marqueteiro especialista em comunicação política Lucas Rezende, a estratégia é marcar o eleitor com a memória facial dos candidatos. Por essa razão é essencial que os windbanners sejam colocados em locais de grande fluxo de pessoas, e tenham a foto do postulante.

Atualmente, em função da alta procura por conta das campanhas eleitorais, o valor de um windbanner pode chegar a R$ 350, R$ 400 a unidade na Grande Vitória, e ele consegue durar todo o período eleitoral.

Mesmo assim, são considerados como excelentes soluções por alguns motivos: são estruturas móveis, que podem ser levadas para lá e para cá, são leves, despertam a atenção de quem passa, reduzem a zero a contratação de cabos eleitorais para agitar bandeiras (normalmente contratados por cerca de R$ 50 por ação) e não sujam o chão, mesmo que causem certa poluição visual quando instalados um ao lado do outro.

O que diz a legislação sobre o uso de windbanners

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os windbanners, assim como qualquer outro material de campanha, devem respeitar diretrizes específicas. É essencial, por exemplo, que contenham as informações obrigatórias, como o CNPJ ou CPF do responsável, além do nome do partido ou coligação.

Também é necessário garantir que os banners estejam dentro dos limites permitidos de tamanho e sejam instalados apenas em locais autorizados, evitando áreas proibidas, como escolas, hospitais e espaços de preservação ambiental. O não cumprimento dessas regras pode acarretar em penalidades, desde multas até a remoção imediata do material.

Outro ponto importante é a necessidade de respeitar os limites de gastos de campanha, garantindo que o uso de windbanners não ultrapasse o orçamento estipulado pela legislação.

Aposta em novas formas de campanha

O uso dos windbanners é uma estratégia das campanhas para poder atingir mais eleitores, diante do aumento das restrições para ações de rua no período eleitoral.

Mesmo liberados pela Justiça Eleitoral, cada vez mais nota-se o sumiço dos santinhos e panfletos, que antes tomavam as ruas e viravam literalmente lixo jogado no chão.

Eles estão sendo substituídos por novas formas de comunicação, como os windbanners e muito material virtual, que fica acessível para quando e onde o eleitor quiser ver.

O marqueteiro Sandro Penna, especializado em campanhas políticas, reflete sobre essa mudança: “Entre os desafios está o custo, que pode inviabilizar a realização, e ainda o cumprimento da legislação de forma correta para que não haja nenhum tipo de punição ou risco à campanha. E sempre há o risco da ação não funcionar, já que a campanha é muito curta e não há tempo para testes”.

Apesar da popularidade de ferramentas como os windbanners, quem está mergulhado trabalhando com as campanhas eleitorais alerta que é importante se manter dentro dos limites impostos pela legislação e de acordo com o perfil do candidato. A inovação é positiva, mas deve ser aplicada com cautela, avaliam.

Para Lucas Rezende, o maior desafio ao inovar nas campanhas está em alinhar a criatividade às características do candidato.

“O marketing político é o fruto da criatividade, o que a gente consegue fazer diferente é melhor. Às vezes pode ser uma abordagem, um jogo de palavras, um formato de transição de vídeo. Nossa missão é acordar e dormir pensando em coisas novas. Isso mostra um novo tempo, mais moderno e inovador, mas desde que a gente não esqueça de combinar isso com o estilo do candidato e o objetivo final de conquistar votos”, defendeu.

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