Ao abordar no Ensino Fundamental o gênero lírico, professores desafiam os alunos a expressarem emoções, vencerem a timidez e melhorarem a oralidade e a escrita.
Das trovas mais clássicas de Fernando Pessoa, Cecília Meireles e Vinicius de Moraes à contemporaneidade dos versos de Nando Reis e Ana Vilela, a poesia tem sido o ponto de partida de diversos projetos pedagógicos de escolas que buscam trabalhar não somente o gênero lírico, mas também habilidades como oralidade, protagonismo e questões relacionadas à timidez, à afetividade e à expressão de emoções.
No Centro Educacional Leonardo da Vinci, por exemplo, o estilo literário é utilizado como recurso em vários momentos. De acordo com o orientador educacional do Ensino Fundamental I, Evando Evangelista, no 2º ano, os alunos trabalham o livro A Arca de Noé, com poemas infantis de Vinicius de Moraes.
“Essa tipologia textual promove encantamento nos alunos por causa das rimas, dos versos e estrofes, do jogo de palavras, da relação afetiva do conteúdo com animais. É divertido, vira música, é uma brincadeira. Durante quatro meses, eles praticam a leitura, a memorização, a ampliação do vocabulário, a expressão corporal, a produção dos próprios versos e extrapolam a sala de aula com a declamação dos poemas em um recital”, explica Evando.
Já no 6º ano, conforme explica o coordenador de Língua Portuguesa e Literatura do Ensino Fundamental II, Luiz Henrique Menezes, é feito o trabalho de oralidade. “Os alunos vão à frente da sala e leem em voz alta poemas disponíveis em uma Caixa de Textos, dando ênfase às pausas, ao gesto, à interpretação”, explica Luiz.
No 7º ano, o trabalho é em torno da obra Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Os alunos leem o livro e montam uma exposição com poemas de cordel, inspirados nos personagens e nas cenas da peça.
No 8º ano, o desafio proposto é a montagem de um recital apresentado em homenagem ao Dia das Mães, com produções de autores como Fernando Pessoa, Ferreira Gullar, Alice Ruiz, Mário Quintana, Cecília Meireles, Cora Coralina, Manuel Bandeira, Adélia Prado, Chico Buarque, Oswald de Andrade, Nando Reis e Ana Vilela. E no 9º ano, dentro do Projeto Artista Capixaba, os alunos compõem poemas para contextualizar e estruturar uma exposição fotográfica.
Para Luiz, lançar mão da poesia em tantas iniciativas é uma oportunidade que ultrapassa o conhecimento do gênero. “Desenvolve afeto, oralidade, gestual, tom de voz, declamação, memória, além de alegria e emoção. Alguns alunos nos surpreendem também ao superarem a timidez, mostrarem disciplina e desenvoltura no ato de protagonizar”, comemora o coordenador.